Apesar da última terça-feira (27) ter tido um tempo instável durante o dia em São Paulo, com uma possível ameaça de chuva, a noite, por sua vez, foi pra lá de solar com o show de Matu Miranda. O cantor sul-matogrossense retornou à cidade em sua primeira performance após o The Voice e encerrou o mês de fevereiro com chave de ouro.
A apresentação teve aproximadamente 1h30 de duração e teve início com a canção “Aqui e agora”, de Gilberto Gil. O cantor entrou sozinho no palco com seu violão, com quem revelou uma íntima relação ao dedilhar as cordas como se pintasse uma tela.
O show contou com convidados importantes para a carreira do jovem artista, como o guitarrista Arismar Espírito Santo. Na plateia, ainda teve a presença de Roberto de Carvalho, que fez questão de comprar o ingresso para assistir ao cantor.
Matu Miranda revelou que havia se aproximado recentemente e virtualmente do músico consagrado e marido de Rita Lee. Em seguida embalou a canção “Nem luxo, nem lixo”, composição de Rita e Roberto.
Matu Miranda abre seu universo particular
É inevitável viajar junto com o artista enquanto toca seu violão e canta. Ele divide com o público sua performance. “Muito bom dividir aquis e agoras com quem se gosta”, relata o cantor ao agradecer o privilégio de sempre ter em suas plateias pessoas que admira muito.
Ao dizer que fazer música junto é melhor do que fazer sozinho, antes de dar início à quarta canção, convidou Cainã Mendonça (percussão), de apenas 18 anos, e Antônio Fischer-Band (piano).
O cantor também usa e abusa dos vocalizes, mostrando a potência que o levou, inclusive, a ser um dos finalistas do The Voice, além, é claro, do amplo domínio musical que o permite brincar com os sons em meio às belíssimas letras que compõe.
Quando chamou Arismar Espírito Santo para subir ao palco, cantaram uma canção feita durante a pandemia, cuja melodia o consagrado músico enviou ao rapaz, que criou a letra. “Flor de cacto” foi a segunda parceria entre eles, já que a primeira foi um tanto “involuntária”, como disse Matu.
Ele criou uma letra para Espírito Santo a partir da personagem Luzia, de uma peça infantil de sua mãe, Daniele Rodrigues, que interpretou a personagem Narizinho no seriado Sítio do Pica-pau amarelo nos anos 1980. Uma das características de Luzia era ter um olho de cada cor: um cor de cana, outro cor de mel.
O outro convidado do show vem se consagrando como um dos maiores baixistas contemporâneos do Brasil, Michael Pipoquinha. O músico mostrou que seu talento é com as cordas em geral, com um dedilhado no violão para ninguém colocar defeito.
Foi com Pipoquinha que Matu criou a canção “Agora”, cujo videoclipe também estreou no dia 27 e foi gravado no Ceará. “Agora” é uma canção traz uma mensagem sobre resgatar a criança interior e ir sempre além do agora.
Um setlist de respeito
Além das canções autorais, o público se deliciou com grandes clássicos da Música Popular Brasileira. Matu Miranda tem um jeito de dar a cara dele ao cantar as canções de outros grandes compositores. Canções como “Gatas extraordinárias”, que foi eternizada na voz de Cássia Eller, e “O Rouxinol”, de Gilberto Gil, fizeram parte do setlist.
Ao som do piano, um outro clássico que mexeu com a plateia foi “Se eu quiser falar com Deus”, interpretada apenas ao som do piano. O silêncio emocionado das pessoas soou como se todas cantassem junto com Matu.
Um dos pontos altos da performance se deu quanto cantou a música que o classificou para o The Voice ainda na audição às cegas, “Lambada de Serpente”, de Djavan. No interlúdio da canção, regeu o púbico que cantou vocalizes fazendo a vez do violão principal, confirmando o grande talento não só como compositor e intérprete, mas como músico.
Matu encerrou o show convidando Pipoquinha e Espírito Santo para subirem ao palco novamente, cantando “Arrebol”, de Dominguinhos.
Matutando
Matu deu um spoiler sobre seu álbum “Matutando”, que está em produção e vem de um projeto autoral que o artista já vem colocando em ação há um tempo. Ele tocou a canção “Renova”, que compôs em 2023 e contou que essa faixa é um feat com um dos gênios da MPB, Lenine.
Em “Renova” se vê figuras de linguagem que voltam à comparação sobre tocar como se estivesse pintando uma tela. Matu transforma e recoloca as palavras de uma forma que só matutando seria possível, há esmero e uma lapidação ímpar em suas composições.
Há uma poesia potente na obra de Matu, que lembra o aspecto poético de compositores como Djavan, Gil, Caetano, Tom Zé, mas sendo feita agora, por uma alma contemporânea, de tempos de streaming, TikTok e Instagram.
É possível afirmar sem pestanejar que estamos diante de uma das novas grandes vozes e almas da mais sincera origem do que se concebe por MPB quanto gênero musical.
Bom, enquanto o novo álbum não é lançado, confira nesse post as próximas cidades pelas quais a miniturnê passará.
Eu fui no show ,foi exatamente como descrito nos comentários, esse menino além de excelente cantor , instrumentista, lindo demais, carismatico demais, ele vai longe , estávamos precisando de cantores assim, PARABENS, MUITO SUCESSO.
Matu é o cumprimento da promessa de que grandes artistas virão. Ele é aqui e agora um dos mais completos artistas da nova geração mundial.