O retorno da banda estadunidense Alesana ao Brasil foi como uma viagem nostálgica para a era de ouro do post-hardcore. Após 14 anos de espera, o Carioca Club em São Paulo se tornou o palco de uma reunião de “emo véio” e emocionado, onde a música, o caos e a poesia se fundiram.
Antes do Alesana, duas excelentes bandas nacionais se apresentaram, primeiro a There’s No Face e depois a Sea Smile, que aqueceram – como se precisasse, afinal estava muito quente no dia – o público com performances pesadas. A energia já estava alta quando Alesana subiu ao palco.
A banda, formada em 2004 pelos irmãos Shawn e Dennis Milke, junto com o guitarrista Patrick Thompson, é conhecida não apenas por sua música, mas também por suas letras profundas e inspiradas. Suas músicas frequentemente encontram inspiração em obras literárias, como “The Tell-Tale Heart” de Edgar Allan Poe e “The Inferno” de Dante Alighieri, adicionando camadas de significado e emoção à estética e sonoridade post-hardcore, com o indispensável “screamo” como elemento.
O show começou com “Ambrosia” do álbum On Frail Wings of Vanity and Wax (2006), uma música que ecoou os primeiros passos da banda e fez os fãs mais antigos reviverem momentos especiais junto com “Beautiful in Blue”, do EP Try This With Your Eyes Closed (2005). “The Murderer” do álbum The Emptiness (2010) ecoou pelo Carioca e, junto dela, lágrimas de nostalgia dessa que vos escreve. Aliás, a nostalgia foi um elemento muito presente na noite.
O álbum The Emptiness foi muito bem representado com as músicas que foram o ápice do show e também as responsáveis por fazer esta redatora perder a voz como “The Thespian”, “A Lunatic’s Lament”, “Annabel” e “Curse of the Virgin Canvas”.
Voltando ao início da carreira, “This Conversation Is Over” do álbum também fez a galera cantar a todo pulmão.
Um dos momentos marcantes foi quando o vocalista Danny Lee apareceu envolto em uma jaqueta estilizada e presenteada por um fã brasileiro, o que trouxe um toque especial de conexão entre banda e fãs. Shawn Milke e Patrick Thompson também deram um show de carisma. A banda como um todo demonstrou se divertir no palco, com elogios, piadas internas, gravando vídeos e tirando fotos do público em seus próprios celulares. Foi uma verdadeira celebração.
A dobradinha “Congratulations, I Hate You” e “Apology” encerrou o show numa explosão de energia. Pra vocês terem ideia do nível de energia que emanava no carioca, o baixista da banda, Shane Crump, chegou a descer do palco pra ir tocar no meio de uma roda punk.
O retorno de Alesana ao Brasil não foi apenas um alívio para os fãs que tanto esperavam, foi um lembrete de que a banda segue viva e fazendo o que faz de melhor.