Na última semana, o Musicult teve a oportunidade de conferir a ficção científica A Resistência (The Creator), da Disney, que estreia 28 de Setembro nos cinemas brasileiros.
A trama mostra inicialmente um cenário no qual a Inteligência Artificial é mundialmente difundida e convive pacificamente com os seres humanos. Entretanto, ocorre um incidente no qual a Inteligência Artificial criada para proteger a humanidade lança uma ogiva nuclear nos Estados Unidos. O incidente muda drasticamente a relação da humanidade com a IA: no Ocidente é banida e na região da Nova Ásia continua sendo aceita e desenvolvida.
Ainda nos primeiros minutos, conhecemos o protagonista Joshua (John David Wasignton), soldado americano infiltrado na Nova Ásia que vive em paz com sua esposa Maya (Gemma Chan), líder de uma resistência asiática, até que uma tragédia familiar impacta sua vida. Em 2070, uma resistência formada por ex-soldados americanos tenta garantir a própria existência derrotando Nirmata, entidade criadora das demais formas de inteligência avançada. A situação se complica quando a maior arma do inimigo tem a forma de uma criança, Alphie (Madeleine Yuna Voyles), que se afeiçoa a Joshua, orientado a matá-la.
O filme é dirigido por Gareth Edwards, diretor de Rogue One, spin off da saga Star Wars elogiado por fãs e crítica. A semelhança visual e conceitual entre os dois filmes é visível a todo momento, seja pela ambientação, pelas cenas de combate ou pelos androides em si. É um dos maiores destaques de A Resistência: o contraste entre elementos da ficção científica e do mundo que conhecemos, aumentando a identificação do público com a obra.
A Resistência não traz novidades no subgênero de ficção científica distópica futurista, lembrando Blade Runner, No Limite do Amanhã e Exterminador do Futuro, mas o executa de forma primordial, em termos de efeitos especiais, arcos, fotografia e trilha sonora, composta por Hanz Zimmer. É essencialmente um filme de guerra nas estrelas que evoca a narrativa de filme de guerra em uma ópera espacial, retratando disputas políticas e geopolíticas e, sobretudo, o sentimento de perda e injustiça que permeia qualquer conflito.
Como ponto forte, traz debates instigantes sobre a inteligência artificial por meio de metáforas sobre evolução: os seres humanos são em relação aos robôs como os neandertais que deram lugar ao homo sapiens? O filme também aborda de forma interessante o questionamento de robôs terem sentimentos ou serem programados para tê-los, exibindo robôs que amam, choram e adotam religiões. A obra debate ainda o próprio conceito de humanidade: o que é ser humano?
O longa emociona o público mas ao tentar apresentar muitas ideias, deixa a sensação de que falta algo. As conexões entre os personagens não são exploradas de forma tão profunda: o relacionamento entre Joshua e Alphie cativa o espectador, mas é desenvolvido de forma superficial; o passado de Maya é pouco desenvolvido, dificultando a identificação do espectador com a personagem, além de haver muitos acontecimentos simultâneos, dificultando que a audiência se apegue aos personagens. Considerando este contexto, talvez reduzir o tempo de determinados arcos fosse benéfico ao filme.
Embora o enredo de AI e a abordagem da relação entre homens e máquinas não seja original, a trama é executada de forma excepcional e emociona o público. O filme possui 2h e 13min.