No último sábado, dia 12, o Hangar 110 recebeu a primeira edição do Smashpit Fëst, evento organizado pela Coven Pröd, produtora das meninas da Eskröta, e Estelita Produções.
Imminent Attack
A primeira edição do Smashpit Fëst reuniu 5 bandas de crossover e hardcore, começando pela Imminent Attack, que desde 2012, com seu álbum, Deliver us from Ourselves, vem se consolidando como um dos maiores nomes do crossover thrash e, mesmo abrindo os trabalhos daquela noite, relativamente cedo, a banda de levou uma boa parcela do público ao Hangar naquele horário, incluindo fãs da banda que cantaram as músicas a plenos pulmões, pegando o microfone do vocalista Dinho Guimarães diversas vezes.
Bayside Kings
Na sequência, eles, que fazem muito barulho, no melhor sentido da palavra, na cena atualmente, o Bayside Kings, que subiu ao palco 19h e alternou as músicas em inglês que sempre foram sucesso no show, com as faixas em português, incluindo a inédita “(Des)obedecer”, que foi tocada ao vivo pela primeira vez, mas essa não foi a única surpresa do show.
Em um certo momento, Milton Aguiar, vocalista do Bayside, perguntou “todo mundo concorda que a melhor banda de Santos é o Charlie Brown Jr, né?”, e depois das respostas positivas, ele disse que o BSK tocaria uma banda que foi a maior inspiração do Charlie Brown, Suicidal Tendencies.
Mas isso só foi surpresa para quem não leu a entrevista que o Milton nos deu recentemente, avisando que essa música poderia rolar no show. Se você não leu, acesse aqui.
E ao som de “Cyco Vision“, o show do Bayside se encaminhou pro final daquele jeito caótico que a gente já conhece e adora.
Eskröta
A terceira banda da noite é formada pelas organizadoras do evento, Yasmin Amaral e Tamy Bass, acompanhadas de Jhon França, que subiram ao palco abrindo o show com “Cena Tóxica”, faixa do mais recente disco das meninas, “Atenciosamente, Eskröta”.
>>Leia aqui a entrevista com Yasmin Amaral sobre o novo álbum da Eskröta
O show da Eskröta é incrível e tem ainda mais significado pra quem é mulher, já que as letras focam no feminismo e as meninas foram, sem dúvida, a banda mais politizada da noite, fazendo breves discursos entre uma música e outra.
Antes de tocarem “Episotomia”, música que fala sobre violência obstétrica, inclusive, as meninas parabenizaram a esposa de Jhon pela gravidez e desejaram que todas as mulheres possam escolher ter filhos e, se quiserem ser mães, que possam ter seus filhos com segurança.
Tamy dedicou o show a um dos presentes, que ela não sabia o nome, mas que falou pra ela que aquele era o primeiro show após o tratamento de câncer. Tamy parabenizou o rapaz pela luta e esse foi um momento emocionante dentre tantos outros, com destaque também para o final, quando elas cantam “Mulheres” e as minas sobem ao palco junto com a banda – incluindo a fotógrafa que ilustra esta matéria (por isso a foto seguinte não é dela, ela estava ocupada).
A torcida antifascista do São Paulo esteve no evento e, ao ver as minas em cima do palco, levantaram a bandeira que dizia “Lugar de Mulher é na arquibancada e onde ela quiser”, o que casou muito bem com a música que é como um grito de guerra.
D.F.C
E depois de três shows pesados pra esquentar a noite, o Hangar já estava lotado e a energia caótica, no bom sentido, tomava conta do lugar, e com D.F.C, penúltima banda da noite, as coisas só melhoraram.
Com a acidez do humor das letras da banda e a diversão que os integrantes, em contato com o público, promovem durante o show, D.F.C fez um dos melhores shows da primeira edição do Smashpit Fëst, e encerrou como de praxe, com “Molecada 666”, levando, assim como a Eskröta, muita gente para o palco tanto que a banda sumiu em meio ao público que gritava o número do Satanás em cima do palco do Hangar – mas, como infelizmente o maior público do hardcore underground ainda é masculino, dessa vez não se viu nenhuma mulher ali em cima.
Mukeka Di Rato
Cansados pós-show do D.F.C., algumas pessoas deixaram a casa antes da última banda e os que ficaram não estavam tão insanos como antes, mas isso não diminuiu a diversão do show do Mukeka Di Rato, que antes de começar o show, com o clássico “Rinha de Magnata” (quem se lembra de ver esse clipe todo dia na MTV?), colocou nas caixas de som um áudio de uma jornalista noticiando a possível luta entre Mark Zuckerberg e Elon Musk. Totalmente apropriado como introdução da música.
O show seguiu com algumas músicas mais antigas, como “Maconha” e “Cachaça”, mas focou nas mais recentes, do álbum Boiada Suicida. E Fernando, vocalista da banda, além de tocar guitarra em músicas sim, músicas não, dividiu os microfones com os muitos fãs que invadiam o palco músicas sim, músicas não.
Depois de finalizar o setlist, gritos por mais músicas foram ouvidos e mesmo que Mozine quisesse encerrar o show e ir beber, como o próprio disse no microfone, os pedidos foram atendidos e a banda tocou mais duas músicas até encerrar de vez o show e a primeira edição do Smashpit Fëst.
Queremos mais Smashpit Fëst e mais mulheres no palco e no público
Infelizmente, nem tudo foi só diversão. A falta de educação de alguns homens no rolê underground ainda impera. Durante o show do Mukeka, fui empurrada por um homem que, após passar por mim e quase me derrubar, se envolveu em uma briga com um casal, o motivo exato eu não sei, mas a briga evoluiu para alguns socos e chutes no ar em meio a ameaças de ambos os lados.
Claro que isso não ofusca a felicidade e a satisfação de termos visto um evento, em sua primeira edição, lotar uma casa e para um público tão fiel e apaixonado, com discursos políticos e, ao mesmo tempo, com tantos momentos de diversão, mas é decepcionante ver pessoas em uma cena que prega valores como o fim da violência e do machismo ainda ser frequentada por homens que ainda saem de casa em pleno domingo apenas pra causar confusão.
Mas como as próprias organizadoras do rolê avisaram no fim do show delas: “Machista não passa”, e a gente segue ocupando nossos lugares e esperando que:
- venham mais edições do Smashpit Fëst;
- que essas edições tenham mais mulheres no palco e na plateia.
Para saber mais novidades sobre as próximas edições desse festival, siga o Smashpit no Instagram e o Musicult.