A Era de Ouro (2023) é um filme pessoal e bem-humorado que, apesar de ser um pouco superficial, é uma escolha interessante já para os amantes da história da música.
O elenco conta com nomes conhecidos como Michelle Monaghan, que interpreta Beth, esposa de Neil, e Jason Isaacs, que interpreta Al Bogatz, pai de Neil. O filme traz ainda nomes da música atual como personagens: Jason Derulo é Ron Isley da The Isley Brothers, Alex Gaskarth da All Time Low é Peter Criss da Kiss e Wiz Khalifa é George Clinton da Parliament-Funkadelic.
A obra cinematográfica estabelece como narrador o fantasma do seu protagonista, quebrando a quarta parede: Neil Bogart (Jeremy Jordan II).
Neil Bogart (ou Neil Bogatz ou Neil Scott ou Wayne Roberts), um ambicioso apostador e entusiasta da música, foi o fundador da impressionante Casablanca Records, uma das maiores gravadoras independentes norte-americanas, responsável pelo lançamento de artistas renomados como KISS, Donna Summer e Bill Withers.
O tom do filme lembra obras ficcionais musicais como The Dirt – Confissões do Motley Crue e Bohemian Rapsody, misturando ficção e realidade. Conforme o próprio Bogart avisa no longa, “Memórias são complicadas. Nós lembramos o que queremos lembrar. Nós esquecemos o queremos esquecer.”. A história contada não se apega ao compromisso com a veracidade.
Esse posicionamento afeta a credibilidade dos fatos e eventos relatados no filme, ainda que a romantização da narrativa fosse algo esperado, uma vez que o longa é uma homenagem do diretor ao protagonista. Afinal, o diretor e produtor de A Era de Ouro é Timothy Bogart, filho do já falecido Neil.
O filme soma pontos positivos, como: tornar conhecido o papel importante da Casablanca Record na música na década de 1970 por meio de um protagonista carismático e de uma narrativa bem-humorada; retratar bem a indústria musical de uma época única na história da música; humanizar lendas como Donna Summer, mostrando uma Ladonna Gaines mãe solteira desacreditada com a carreira, e Gene Simmons, um jovem preocupado com o futuro da banda.
Por outro lado, tem seus pontos negativos. O longa se mostra superficial em alguns momentos, então cenas que deveriam ser emocionantes não impactam tanto o espectador. O importante diálogo entre Ron Isley e Neil Bogart sobre o racismo da época, por exemplo, deixa a sensação de que poderia ser uma conversa mais aprofundada. Essa falta de aprofundamento é vista também nos personagens secundários, que ganham histórias mas aparecem apenas à luz de Neil. Outro ponto também é a credibilidade, mencionada acima.
É um filme divertido sobre uma época única da história da música, a decaída e a ascensão da Casablanca Records, artistas consagrados e uma personalidade influente do meio. Vale conferir.
A Era de Ouro estreia 10 de Agosto nos cinemas brasileiros.