A segunda edição do Hardcore Contra a Fome aconteceu dia 23 de julho, no Trilha Hub Cultural em Sapucaia do Sul (região metropolitana de Porto Alegre) e reuniu as bandas Marginal Zero, Inimigo Eu, Tropical Mess e Aster.
Para aqueles que não conhecem o hardcore, o estilo pode soar agressivo ou barulhento, no entanto, a verdade é que essa cena musical e as pessoas que fazem parte dela vão muito além dessa definição.
O hardcore, estilo musical que nasceu do punk rock, na maioria das vezes traz letras que abordam as angústias da vida e a indignação em relação às injustiças sociais.
Por isso, a cena hardcore nacional tem sido um espaço de acolhimento para todos e traz pautas importantes para serem abordadas no momento em que vivemos. E foi aí que nasceu o Hardcore Contra a Fome, que em julho de 2023 realizou sua segunda edição (a primeira foi no segundo semestre de 2022).
Setlist da banda Aster – foto por Renan Gomez
Conversamos com Wagner, vocalista da Tropical Mess, um dos idealizadores do evento, e ele nos contou que na primeira edição foram quase 200kg de alimentos arrecadados, e essas doações foram destinadas ao projeto Cozinha Solidária do movimento MTST.
É fato que o hardcore apoia várias causas sociais de importante relevância, mas esse evento em específico visa combater a fome.
A segunda edição do evento, conforme Wagner nos contou, tinha a ideia inicial de destinar as arrecadações à Ação Antifascista Social, que serve marmitas no centro de Porto Alegre para pessoas em situação de rua. Porém, como o estado acabou passando por fortes ciclones, a estratégia foi direcionar os alimentos para as pessoas que sofreram com a catástrofe.
Para participar do evento, bastava levar 1 kg de alimento não perecível ou fazer uma contribuição de 10 reais (para a aquisição de materiais de higiene) para as vítimas das recentes enchentes que aconteceram no Estado do Rio Grande do Sul.
Apesar da casa ser relativamente pequena, ficou cheia, demonstrando o grande interesse e engajamento do público presente no evento.
A Tropical Mess definiu o evento como
uma iniciativa que visa fazer o bem através da música, e que vem dando certo graças ao público, que sempre abraça a ideia e comparece em peso, e também às bandas que participam e correm junto com a gente.
O primeiro show foi o da Marginal Zero, que insere em suas músicas elementos de rap e reggae, mostrando ser uma banda ímpar, com letras que abordam pautas muito importantes, como o respeito ao próximo.
A segunda apresentação foi da Inimigo Eu, que, entre as músicas, trouxe mensagens importantes sobre como, apesar das enchentes serem desastres naturais, as suas vítimas são sempre as mesmas (pessoas mais pobres). Essas palavras lembravam ao público que aquele não era apenas um evento de Hardcore, mas sim uma iniciativa engajada em uma causa social significativa.
A terceira banda a tocar foi a Tropical Mess, banda organizadora do evento, que possui um hardcore rápido e, ao mesmo tempo, melódico, mostrando uma presença de palco muito enérgica. Após organizar um evento preocupado em combater a fome, como era de se esperar, foram tocadas músicas que abordaram o contexto recente em que vivemos no país.
O show foi uma verdadeira pedrada e botou os punks mais descontraídos para pogar.
Tropical Mess no palco – foto por Renan Gomez
E por último, aconteceu o show da banda Aster, que estava há um tempo fora de cena. Foi um show de retorno com alguns membros da formação anterior. Antes da apresentação, falou Julio Mocellin, conhecido nos eventos punks. Ele comemorou o retorno de uma banda local querida por todos e fez um discurso sobre a importância da presença de pessoas PCD e dentro do espectro autista no local.
Isso fortalece ainda mais a ideia de que o hardcore é um ambiente inclusivo e engajado em questões sociais. Essa característica tem contribuído para a formação de um público fiel e apaixonado, apesar de não ser um dos maiores no cenário alternativo brasileiro, mas que vem crescendo.
Cada vez mais pessoas têm se aproximado desse estilo musical e das mensagens impactantes que ele carrega, tornando-o um movimento cultural relevante e em expansão.
Conheça mais sobre as bandas no Instagram: @inimigo_eu, @marginalzero , @asterhc e @tropicalmesshc. E aproveite também pra ler outras resenhas de shows aqui no Musicult.
Eu tava lá! As bandas entregaram muito! Hardcore de qualidade em prol do bem maior. Viva a cena hardcore do RS!
Além de uma resenha vivida e impecável, a Camila conseguiu me trazer mais uma pro meu verbete pessoal, “pogar”.