Hoje, a homenagem do Musicult vai para aquele que talvez seja um dos registros mais importantes do rock alternativo nos anos 90: Siamese Dream, do Smashing Pumpkins, que completa 30 anos em 2023. É um disco que, a mim, traz uma aura de descoberta de um novo estilo, de saída do senso comum, de inovação. E eu vou explicar o porquê.
Para um bom fã das melodias do chamado real emo, esse disco caiu como uma luva. Em um primeiro momento, você pode até achar a comparação um tanto estranha, mas se analisar por uma ótica mais profunda, vai perceber que ela não é tão sem sentido assim.
Isso porque as melodias de voz são o recurso mais marcante no Siamese Dream, aliados a uma – até então nova para muita gente – musicalidade mais diferente e, em alguns momentos, até difícil de rotular, ganhando assim o rótulo confortável de alternativo, que veio bem a calhar.
Lançado em 1993 pela Virgin Records, Siamese Dream é considerado por muitos fãs a masterpiece do Smashing Pumpkins, ao lado do clássico Mellon Collie and the Infinite Sadness, que seria lançado dois anos depois.
Emplacando hits como Today, Mayonaise, Cherub Rock e Disarm, o registro da banda capitaneada por Billy Corgan marcou aquela década que ficou na memória dos fãs de música como a época de ouro do rock alternativo.
Destrinchando Siamese Dream
O perfeccionismo de Corgan no comando das gravações de Siamese Dream fez com que a banda trabalhasse 16 horas por dia no registro, o que levou o quarteto à completa exaustão e a colocar todas as suas melhores expectativas no álbum, que trouxe influências diversas, como shoegaze, dreampop, e até algo mais pop, o que seria a pedra fundamental para o surgimento de milhares de bandas nas décadas seguintes.
Em sua temática, Siamese Dream traz letras que tocam nas dores do dia a dia: a não adequação, amores não correspondidos, rejeição dos pais, entre outros temas tão comuns na vida de muitos de nós. E esse, sem dúvida, foi um dos fatores que levaram tanta gente a se identificar com o registro.
Isso se reflete principalmente em Mayonaise, que traz uma melodia doce e suave, com grande explosão de guitarras e uma letra sobre aceitação. É aquela fórmula com a qual os adolescentes se identificam logo de cara.
Today, por sua vez, apesar de sua melodia alegre, fala do processo depressivo vivenciado por Corgan, enquanto Disarm retrata uma espécie de vingança do vocalista aos pais pela infância triste que teve.
Com uma narrativa que possui começo, meio e fim, Siamese Dream também é marcado pela estética distorcida do grunge.
Impactante, forte e marcante, o registro por vezes é incluso em listas dos melhores discos de todos os tempos.
Passados 30 anos do seu lançamento, ele continua servindo de conforto para os desajustados do mundo e mostrando que sempre há um refúgio para nossas dores, mesmo que esse seja um disco. E que disco!
Ouça Siamese Dream na sua plataforma de streaming favorita e aproveite pra ler outras resenhas de álbuns aqui no Musicult