Qual é a sua temporada favorita daquela série que ama? E aquela escalação épica do time do coração ou da Seleção? Ou ainda, qual aquele grupo favorito de heróis japoneses matando robôs gigantes, Aliens e o que mais ameaçar a Terra a nível “Digoró”? A energia e empolgação num show da banda carioca Autoramas é como tudo isso junto e um pouco mais.
Comemorando 25 anos em 2023, o Autoramas iniciou na sexta-Feira, dia 24 de março, as festividades musicais desse aniversário e passou como um rolo compressor pela Associação Cultural Cecília, na Barra Funda, em São Paulo.
Formada em 1998, a banda lançou seu álbum de estreia só em 2000 – Stress, Depressão e Síndrome do Pânico – e de lá até o presente momento, passou por inúmeras formações, sempre com Gabriel Thomaz à frente. Hoje, o Autoramas é Gabriel e Érika nas guitarras e vocais, Jairo no baixo, e, fazendo sua estreia no show do dia 24, Igor, na bateria.
Com ingressos esgotados e casa lotada, antes do show todos os integrantes estavam acessíveis, conversando com fãs e amigos. Sempre empolgado quando se trata de falar sobre música, Gabriel Thomaz era o responsável pela banquinha do merch da banda e respondia com detalhes a cada pergunta feita sobre os itens ali dispostos para compra, entre CDs, pôsteres e LPs.
Ás 21h40 a banda subiu ao palco e o indiscutível hit “Fale mal de mim” explodiu o lugar com o “refrão chiclete” (uma especialidade da banda). Quem disser que ligou na MTV no ano 2000 e não viu o clipe dessa música ou que não a ouviu na Rádio Rock, está mentindo.
No show, o setlist passa por absolutamente todos os álbuns, respeitando cada formação da banda e entre os nomes que já passaram por ali, estão Bacalhau (ex-Planet Hemp) e Fred (ex-Raimundos) na bateria, Flávia Couri (The Courettes) no baixo, além da ex-membro mais lembrada e cultuada por quem há muito segue a banda, Simone do Vale, baixista e vocal nos três primeiros albuns, incluindo o mais bem-sucedido comercialmente, Nada Pode Parar os Autoramas, de 2003.
Inclusive, em certo momento do show, Érika fez questão de dizer que Simone fez parte de sua formação favorita do grupo (ainda como fã) e do quão competente e importante ela foi como compositora, baixista e cantora no Autoramas.
Uma das características de todas as formações do Autoramas, sempre foi a presença de uma mulher, antes no baixo e vocal com Simone, Selma e Flávia e, desde 2016, com a entrada de Erika – nas guitarras e sintetizador -, cuja voz já é bem familiar desde os tempos de sua ex-banda Penélope.
A sequência aniquiladora que a banda escolheu no show foi de uma elegância brutal como um soco, que passou de “Mundo Moderno”, “Autodestruição” e “Paciência” até “Ex-Amigo”, além de algumas que há um bom tempo não tocavam e que fizeram Gabriel se perguntar em voz alta o porquê de não tocarem mais uma das mais celebradas pelo público.
As músicas em inglês da banda também não ficaram de fora, como o hit de todo show, “Catchy Chorus”, que fechou a noite.
Em meio a uma retomada dos shows que voltaram a acontecer aos poucos a partir de 2022, após o lockdown devido à pandemia de COVID, vimos algumas bandas independentes desistindo ou mesmo deixando de existir por conta de falecimentos relacionados ao vírus ou dificuldades de sobrevivência nesse meio independente. Assim, é revigorante ver os Autoramas resistindo a tantas adversidades nesses 25 anos no palco, que, apesar de tantas idas e vindas dentro da banda, nunca deixou de soar como eles mesmos, por mais diferente que possa parecer um álbum do outro.
A semente plantada 25 anos atrás por Gabriel, Simone e Nervoso (primeiro baterista, mas que não chegou a gravar o primeiro álbum), demonstra que não só deu frutos criativa e sonoramente a eles mesmos, mas também que influenciou e ainda influencia tantas bandas no rock nacional.
Ao vivo, Jairo, no baixo, consegue manter o peso absurdo e característico da banda e contrasta afinadíssimo com as palhetadas dançantes de Thomaz e melodias a lá The Ronettes e B-52’s de Erika. E ao contrário do que a plateia cantava dançando alucinadamente naquela noite do dia 24, a ideia é não parar nem quando a polícia chegar.
Torcemos para que mais 25 anos venham com a criatividade e intensidade de sempre, pois como dizia o album profético deles já citado por aqui: NADA PODE PARAR OS AUTORAMAS!
Conheça a discografia dos Autoramas:
- 2000 – Stress, Depressão & Síndrome do Pânico
- 2001 – Vida Real
- 2003 – Nada Pode Parar Os Autoramas
- 2007 – Teletransporte
- 2009 – MTV Apresenta Autoramas Desplugado
- 2011 – Música Crocante
- 2016 – O Futuro Dos Autoramas
- 2018 – Libido
- 2022 – Autointitulado
Integrantes atuais dos Autoramas:
- Gabriel Thomaz
- Érika Martins
- Jairo Fajersztajn
- Igor
Ex-Integrantes que já passaram pela banda:
- Nervoso – bateria
- Simone – baixo-vocais
- Bacalhau – bateria
- Selma Vieira – baixo-vocais
- Flávia Couri – baixo-vocais
- Fred Mello de Castro – bateria
- Melvin – baixo
- Fabio Lima – bateria.
Foi um p*ta show!!!! 25 anos bem vividos!!! Ao alto e avante!!!