“Godamn, man child. You fucked me so good that I almost said, “I love you”.
Elizabeth Grant surgiu com o pseudônimo de Lizzy Grant, quando começou a se apresentar em casas noturnas da cidade de Nova York. Porém, o sucesso mundial veio em 2011, com o nome artístico de Lana Del Rey, e quando a poética canção “Video Games”, em que canta de uma forma muito sutil sobre estar apaixonada, se tornou viral.
Desde o primeiro single do disco Born To Die, Lana Del Rey encantou a todos por conseguir remeter ao passado. A combinação de vocais melancólicos, estética vintage, com referências à família Kennedy, Elvis Presley, e o fascínio pela antiga Hollywood são elementos que a fizeram tão especial e ter um primeiro álbum considerado visionário pela crítica.
Com álbuns bem avaliados pela crítica e sucesso comercial, Lana conta com uma pontuação estável no site americano Metacritic. Seu quinto álbum de estúdio Norman Fucking Rockwell tem incríveis 87 pontos em críticas que mostram como Lana explorou, em um mergulho solitário, questões como o amor idealizado, a personificação e decadência do tão desejado sonho americano, além do deslumbramento pela cultura pop e a ensolarada Califórnia, personagens importantes que fazem desse trabalho um belo cenário a ser explorado até porque quem não é fã da cantora.
Norman Fucking Rockwell se consagrou como um dos discos mais aclamados de 2019, o que rendeu duas indicações ao Grammy, nas categorias Álbum do Ano e Canção do Ano. Além de ter recebido título de melhor disco do ano pela NME e nota 9.4 da rigorosa Pitchfork:
“Norman Fucking Rockwell é Lana em seu ponto mais profundo, e chega em um momento em que a história da América como a conhecemos está sendo reescrita. O próprio Norman Rockwell ilustrou imagens idílicas da vida americana e sua história, passando 50 anos com os propagandistas americanos no jornal semanal Saturday Evening Post. Suas obras mais conhecidas usaram um estilo narrativo maravilhoso para centrar conforto e simplicidade: Uma ideia pastoral, pintada e personificada, do sonho americano.”
Pitchfork
Só da Pitchfork, Lana Del Rey já recebeu cinco nomeações de Best Track (melhor música da semana), sendo a última por seu mais recente single “A&W – American Whore”, lançado em fevereiro de 2023. A música é um resumo de tudo que a artista vem produzindo, com referências de trap a folk em mais de sete minutos de duração.
Did You Know That There’s A Tunnel Under Ocean Blvd
No próximo dia 24 de março, Lana Del Rey lançará seu mais novo trabalho. Intitulado Did You Know That There’s A Tunnel Under Ocean Blvd. Veja a tracklist divulgada:
- ‘The Grants’
- ‘Did You Know That There’s A Tunnel Under Ocean Blvd’
- ‘Sweet’
- ‘AW’
- ‘Judah Smith Interlude’
- ‘Candy Necklace’
- ‘Jon Batiste Interlude’
- ‘Kintsugi’
- ‘Fingertips’
- ‘Paris, Texas’
- ‘Grandfather Please Stand On The Shoulders Of My Father While He’s Deep-Sea Fishing’
- ‘Let The Light In (fear. Father John Misty)’
- ‘Margaret (feat. Bleachers)’
- ‘Fishtail’
- ‘Peppers (feat. Tommy Genesis)’
- ‘Taco Truck x VB’
Em um bate-papo de Lana com a cantora e fã Billie Eilish, feita pela tradicional revista Interview Magazine, Lana contou um pouco mais sobre o processo da escolha do longo título do disco, que por pouco não foi ainda mais extenso:
“O título já estava decidido a ser este, mas eu dei uma pirada e parei na casa de Neil Krug (fotógrafo e autor da capa) e disse: ‘sei que é uma merda, mas eu resolvi mudar o título. Vai se chamar: ‘Did You Know That There’s a Tunnel Under Ocean Blvd Pearl Watch Me on Ring a Bell Psycho Lifeguard’. Ele só me respondeu: ‘que p**** é essa?’. Eu apenas respondi que não tinha falado para mais ninguém. No fim das contas, percebemos que não seria boa ideia ter seis títulos em um só’”.
A Billboard definiu o álbum como o trabalho mais pessoal de Lana, por fazer reflexões do relacionamento com sua família e os caminhos divergentes que eles tomam:
“Onze anos atrás eu queria que fosse tão bom. Agora, eu apenas canto exatamente o que estou pensando. Estou pensando um pouco menos grande e bombástico. Talvez em algum momento eu possa me divertir criando um mundo novamente, mas agora, eu diria que não há construção de mundo. Esta música é sobre processamento de pensamento. É muito, muito prolixo. Eu definitivamente estou vivendo do pescoço para cima.”
O disco novo contará com várias colaborações: seu parceiro e amigo de longa data, o produtor Jack Antonoff, além de Jon Batiste, Bleachers, Father John Misty, Judah Smith, Tommy Genesis e SYML.
Colaborações e influências musicais
Lana Del Rey é uma das artistas mais requisitadas quando o assunto é parceria. A mais recente é a música “Snow On The Beach”, que pertence ao Midnights, álbum de Taylor Swift. Se as duas se conheceram por intermédio de Jack Antonoff é um mistério, mas o feat muito aguardado pelos fãs contou com o backing vocal da cantora que, em uma entrevista a Billboard, revelou que não sabia que era a única convidada do disco:
“Bem, em primeiro lugar, eu não tinha ideia de que eu era a única participação (naquela música). Se eu soubesse, teria cantado a segunda estrofe inteira como ela queria. Meu trabalho como destaque no álbum de um grande artista é garantir que eu auxilie na produção da música, então eu estava mais focada na produção. Ela foi muito inflexível em querer que eu participasse do álbum, e eu realmente gostei dessa música. Eu pensei que era bom ser capaz de unir esse mundo, já que Jack (Antonoff) e eu trabalhamos juntos, assim como Jack e Taylor”.
Outra colaboração que recentemente se tornou muito popular, principalmente entre usuários do Tik Tok, foi “Stargirl Interlude”, do cantor The Weeknd. O lamúrio apaixonado de Lana Del Rey assumiu o posto de interlude mais ouvida da história do Spotify. A artista e Abel Tesfaye, o The Weeknd, também já colaboraram juntos em outras duas músicas: “Lust For Life” e “Prisoner”.
Em seus discos, Lana também costuma trazer algumas participações, como em Chemtrails Over The Country Club, no cover de “For Free”. A versão ouvida no álbum conta com a presença de Zella Day e Weyes Blood, um trio de peso que entrega sensibilidade a obra de Joni Mitchell, uma das influências declaradas de Lana.
De Frank Sinatra a Cat Power, passando por Bowie e os clássicos Leonard Cohen e Bob Dylan, são alguns dos artistas que influenciaram Lana Del Rey ao longo dos anos. A cantora nova-iorquina tem uma tatuagem na clavícula em homenagem a Billie Holiday e Nina Simone, cantoras que influenciaram o seu estilo vindo do jazz e de artistas que exaltam o poder feminino.
E se Lana popularizou o sad pop, lá nos anos 90 um termo parecido o sadcore foi encabeçado por Cat Power, uma das influências musicais e amigas pessoais da cantora. Entre alguns covers, as duas já chegaram a colaborar na canção “Woman” que pertence ao disco Wanderer.
Afinal, por que Lana Del Rey é uma das melhores compositoras da atualidade?
Assim como, musicalmente, Lana Del Rey tem as suas influências do clássico ao pop, na última década ela foi sinônimo de referência para novos artistas como a já citada Billie Eilish e Olivia Rodrigo.
O estilo da cantora que vai muito além do Indie Pop, caminhando pelo Hip-Hop, Jazz e Blues, tem mudado o jeito de fazer música e, principalmente, as suas composições icônicas com narrativas que expõem trágicas histórias de amor e letargia pelo glamour com uma grandiosa carga sentimental.
Mas Lana, não explora apenas estes temas, ela consegue falar de esperança como ninguém, quando se inspira em Sylvia Plath para compor a faixa single “hope is a dangerous thing for a woman like me to have – but i have it”, rompendo uma perspectiva de sofrimento para falar de um futuro otimista.
Em cada álbum, vemos o amadurecimento de uma mulher, que pode se reinventar diversas vezes, mesmo sendo constantemente julgada, ela se mantém autêntica em suas composições, estética e nos contempla com um dos vocais mais originais da atualidade.
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Lana Del Rey é uma das atrações do MITA, festival que acontece em São Paulo e Rio de Janeiro entre maio e junho e que também traz o trio de irmãs HAIM no line up.