Texto por Vitória Ataíde
Saindo dos cinemas e indo para os streamings nesse mês de janeiro (dia 3 no HBO Max e dia 18 no Star+), o filme O Menu (The Menu, no título original) é um suspense que mostra que, à primeira vista, nada é o que parece.
Em O Menu somos apresentados a um grupo da elite que aparentemente não tem nada em comum a não ser o desejo de jantar em um prestigiado restaurante localizado em uma ilha particular. E convenhamos, poderia ser a premissa de qualquer livro da Agatha Christie.
O destaque fica para o casal formado pela durona Margot Mills (Anya Taylor- Joy) e Tyler (Nicholas Hoult): ela demonstra desprezo por aquele mundo de luxo, e ele uma fixação pelo chef Julian Slowik (Ralph Fiennes) – em um mundo onde tantos idolatram estrelas de cinema e cantores, é interessante ver o ponto de vista de um personagem que tem como grande ídolo um chef de cozinha, comparando-o até mesmo ao toque de Deus.
Ainda estão no mesmo barco um casal de idosos, um astro de cinema com a carreira em declínio e sua secretária, o trio que trabalha para o investidor do restaurante e gosta de dar carteirada, por fim, uma crítica gastronômica bem ácida e seu editor.
Depois de conhecermos a ímpia Elsa de Hong Chau, personagem que é braço direito do chefe e que nos conduz por uma apresentação da ilha e seus biomas, então, o jantar começa (o filme é dividido pelo Menu) e surge a atmosfera de mistério que somos envoltos.
O chef Julian é uma figura imaculada, apesar de cruel em meio aos seus serventes e o fã n°1 Tyler, eles fariam qualquer coisa para conquistar a sua adoração.
O menu que dá nome ao filme é impiedoso, marcante, surpreendente e assustador, mas tem sabor agridoce com um desfecho anticlimático. E o longa, que muitas vezes parece não se levar a sério, flerta com o cômico meticulosamente inserido em boas reflexões sobre lutas de classes e a futilidade de pessoas que só pensam em si mesmas.
Mas e o horror? Continua ali, ele é o prato principal, junto com a ótima atuação do mais uma vez brilhante de Ralph Fiennes, que sabe fazer um vilão como ninguém.