O Bring Me The Horizon já é uma banda muito próxima do público brasileiro por ter o vocalista, Oliver Sykes, morando no país junto à sua esposa, Alissa Salls, que é brasileira, mas apesar disso, a banda não tocava no país desde 2019. Para a felicidade dos fãs paulistanos, o jejum de shows chegou ao fim e a banda se apresentou no dia 16 de dezembro no espaço VIBRA e no dia 18 no Knotfest, ambos em São Paulo.
Estruturalmente, os dois shows foram muito parecidos, a setlist teve poucas alterações de um show para o outro e o saldo final de ambos foi praticamente impecável. Mas algumas pequenas diferenças entre os shows deram um toque especial a cada um deles, confira:
Bring Me The Horizon faz show para fãs com direito a surpresa
No dia 16, o show aconteceu no VIBRA São Paulo, casa de shows que comporta em torno de 7 mil pessoas. Neste dia, a casa de shows estava lotada de fãs do BMTH que, a princípio, se apresentaria com abertura do Motionless In White, mas por conta de um imprevisto com um dos membros, a banda precisou cancelar de última hora e acabou sendo substituída pelo Vended (banda formada por filhos de Corey Taylor e Shawn “Clown” Crahan, do Slipknot10.
A banda Vended fez um show cru, que mostrou certa inexperiência, mas que foi bem enérgico e cumpriu o papel de abrir a noite, esquentando o público presente. A alegria dos integrantes por se apresentarem pela primeira vez no Brasil era contagiante e isso já valeu muito. Mas foi com a abertura do telão virtual que inicia o show do Bring que o público realmente ferveu.
O Bring Me The Horizon subiu ao palco para iniciar o show com “Can You Feel My Heart”, sucesso do estrondoso álbum Sempiternal e, só pela reação dos fãs, que cantaram junto a todo pulmões, já era perceptível o quanto a noite seria inesquecível. Entre as músicas do mais recente, Post Human, e os sucessos desde Sempiternal (infelizmente os álbuns anteriores costumam ser ignorados), Oliver Sykes deu um show à parte falando ainda mais português do que da última vez em que fez show aqui. De lá para cá, o vocalista já aprendeu muitas expressões e se comunica muito melhor, exalando carisma e atenção com os fãs.
É de praxe que em shows de rock e metalcore o público abra rodinhas nas músicas mais pesadas, mas nesse caso, embora o vocalista tenha pedido várias vezes, foi mais complicado porque o local não comportava bem. Após o show, ouvi relatos de quem estava na pista sobre a falta de espaço para curtir o show de boa, enquanto houve um certo empurra-empurra para tentar abrir rodas. Dividir a pista entre normal e premium não parece ter sido a melhor ideia levando em consideração o tamanho da casa e o tipo de show.
Mas deixando os problemas estruturais de lado, foi possível curtir a noite com tudo de bom que a banda possa oferecer: uma apresentação potente e enérgica, muita música boa, telão interativo e por que não surpresas? Oliver Sykes chamou ao palco Pabllo Vittar para a música “Antivist“, causando uma explosão de reações dos fãs, que já notavam uma boa relação entre o vocalista e a drag queen pop brasileira. Desde o início do ano, eles trocavam comentários nas redes sociais, criando especulações de um possível feat., que ainda não veio em forma de single, mas que pelo menos gerou esse momento histórico no palco.
Outro momento memorável foi quando a banda tocou “Follow You” com ajuda do público que cantou até mais alto que o vocalista, com uma atmosfera mais intimista repleta de lanternas de celulares e muitas pessoas nos ombros dos amigos, afinal nem tudo é sobre rodinhas e mosh. “Drown” veio em seguida e foi cantada enquanto o vocalista abraçava os fãs que estavam na grade. “Obey” (single que conta com participação do também britânico Yungblud que se apresentará em 2023 no Lolla BR) e “Throne”, mais um sucesso do Sempiternal, fecharam o show.
O saldo da noite foi positivo e se eu puder resumir o show, direi que foi uma linda noite para os fãs mais apaixonados pela banda e seria um excelente fim de turnê pelo Brasil, mas ainda restava o show do Knotfest, que provou que tudo o que é bom ainda pode melhorar.
BMTH fez show grandioso e conquistou até quem não conhecia a banda no festival Knotfest
O festival Knotfest teve seus ingressos esgotados e reuniu grandes nomes do rock e metal e foi neste cenário, com aproximadamente 45 mil pessoas, que o Bring Me The Horizon fez seu segundo show na cidade paulistana em 2022. Enquanto o show do Pantera finalizava em um dos palcos do festival, no outro os fãs da banda britânica já se acumulavam à espera do início do show, que começou exatamente como previsto: telões dando um show de audiovisual futurístico anunciando as músicas. Oliver Sykes e seus companheiros de banda tocando “Can You Feel My Heart” e o público cantando junto.
Confesso que no início pensei que veria exatamente o mesmo show que acontecera duas noites antes, mas algo estava diferente. Além da setlist, que já já comento as diferenças, o público claramente era outro. Muitos ali não estavam no palco pelo bring e sim para ver a atração principal da noite, o Slipknot. Isso me deu a impressão de que talvez as pessoas não entrassem tanto na vibe do BMTH, mas felizmente me enganei. A atmosfera de fim de tarde no festival deu um charme a mais para a apresentação dos britânicos, e o espaço para abrir moshs foi maior também, fazendo deste um verdadeiro show de metalcore. Todos estavam envolvidos, mesmo os que não eram fãs.
A banda seguiu o setlist como no show anterior, com “Happy Song“, “Teardrops“, “MANTRA“, “Dear Diary“, “Parasite Eve“, a mais recente “sTraNgeRs“, o sucesso absoluto “Shadow Moses” e “Kingslayer“. Foi, então, que tivemos a primeira diferença do setlist anterior, sem “Antivist” e sem a participação de Pabllo Vittar – e confesso que fiquei até aliviada, já que após o primeiro show, uma onda de comentários preconceituosos e homofóbicos tomaram conta das redes sociais por conta da participação da artista brasileira, e fiquei pensando que, com o público ainda mais metaleiro sendo alguns muito conservadores, poderia haver uma reação mais violenta, mas não aconteceu, então o show seguiu com “DiE4u“. Logo depois, com muitos pedidos dos fãs, Oliver fez mais uma troca na setlist e, em vez de “Follow You”, tocou a potente “Sleepwalking“, que fez a galera cantar muito alto, quase como um desabafo coletivo. Foi um momento inesquecível e um presentaço para os fãs da banda!
“Drown“, novamente, foi cantada junto aos fãs da grade, dando um show de carinho mútuo. Por fim, “Obey” e a já tradicional “abaixadinha” em “Throne“.
O Bring Me The Horizon foi o responsável por trazer uma grande parcela do público jovem para o festival e, mais uma vez, fez um show completo, conquistando mesmo quem não estava lá por eles. Em minha opinião, a banda fez dois dos melhores shows do ano na capital paulista.
Confira os setlists dos shows do BMTH no VIBRA São Paulo e no Knotfest
BMTH 16/12 no VIBRA São Paulo
- Can You Feel My Heart
- Happy Song
- Teardrops
- MANTRA
- Dear Diary.
- Parasite Eve
- sTraNgeRs
- Shadow Moses
- Kingslayer
- Antivist (com participação de Pabllo Vittar)
- DiE4u
- Follow You
- Drown
- Obey
- Throne
BMTH 18/12 no KNOTFEST Brasil
- Can You Feel My Heart
- Happy Song
- Teardrops
- MANTRA
- Dear Diary,
- Parasite Eve
- sTraNgeRs
- Shadow Moses
- Kingslayer
- DiE4u
- Sleepwalking
- Drown
- Obey
- Throne
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