O Patfest aconteceu no dia 28 de setembro, na Audio, em São Paulo, e reuniu artistas de peso que eram próximos a Pati Kisser em uma noite de celebrações e conscientização. O lineup chamou a atenção por ser bem diversificado. De sertanejo a metal, de Sandy e Chitãozinho e Xororó a Titãs e João Gordo, muitos artistas nacionais que marcaram a música brasileira fizeram sua participação especial nesse festival solidário.
Em pouco mais de duas horas de duração, muitos encontros musicais aconteceram no palco da Audio. A noite começou com Sandy, que subiu ao palco emocionada para lembrar da falecida amiga e cantou “Turu Turu“. Em seguida, Chitãozinho e Xororó cantaram “Sinônimos” e “Evidências” acompanhados de Junior Lima na bateria. Os músicos que participam do projeto Os Pitais também se reuniram para tocar músicas como “Velha Infância” (Tribalistas), “Pescador de Ilusões” (O Rappa), “Não Vá Embora” (Marisa Monte), “Primeiros Erros” (Kiko Zambianchi) e “Stand By Me” (Ben E. King). Noutro momento, Badauí e Dinho Ouro Preto cantaram “Should I Stay or Should I Go” (The Clash), mais tarde Dinho subiu novamente ao palco para cantar “À sua maneira” (Capital Inicial).
A noite seguiu com vários encontros de artistas de diferentes estilos, como quando Céu subiu para cantar “Chega Mais” (Rita Lee) ao lado de Andreas Kisser. João Gordo cantou “Fuscão Preto” versão punk. O bluesman Vasco Faé cantou “Thank You” (Led Zeppelin). Marcos & Belutti cantaram “I Don’t Wanna Miss a Thing” ao som de violinos. Os Titãs cantaram “Epitáfio” e antes de se despedirem ainda puxaram “Polícia” a pedido do público e de Andreas. Samuel Rosa, do Skank, cantou “Tanto“. Pitty subiu ao palco toda de vermelho para cantar “Me Adora“
Um dos momentos mais emocionantes da noite foi quando Andreas e Yohan Kisser, que tocaram com todos os músicos no festival, chamaram o caçula Enzo Kisser para cantar “Vienna” de Billy Joel. O talento para a música é inegável nesta família. Ao final da música, Giulia Kisser também subiu ao palco para abraçar os irmãos. Em outro momento emocionante, a família Perissinoto (pais de Pati Kisser) subiu ao palco para agradecer.
A noite acabou com Andreas e Yohan Kisser mais os caras do Sepultura e do Angra se reunindo com Igor Godoi (Sioux 66) nos vocais para tocar “Orgasmatron” do Sepultura e “Rock N’ Roll All Nite” do Kiss.
O festival contou, também, com Serginho Groismann e Marisa Orth como apresentadores. Marisa também aproveitou para soltar a voz cantando “Ovelha Negra“, de Rita Lee.
Mais artistas que subiram ao palco do festival:
Branco Mello, Bruna Viola, Canisso, Daniel Weksler, Eduardo Escalier, Eloy Casagrande, Esteban Tavares, Fi Ricardo, Jão (Ratos de Porão), Jean Patton, João Barone, Johnny Monster, Luiz Carlini, Marcio Mello, Marcio Sanches, Martin Mendonça, Paulo Zinner, Pedro Bandera, Paulo Xisto, PJ, Rafael Bittencourt, Rafael Mimi, Renato Zanuto, Rodrigo Luminatti, Samuel Rosa, Sandy, Sérgio Britto, Tony Bellotto, Trouble, Val Santos entre outros.
Como surgiu o Patfest
Desde 2021, Pati Kisser enfrentava um câncer de cólon e, em meio a sessões de quimioterapia, teve a ideia de realizar um festival para comemorar o final da primeira fase do tratamento. Infelizmente, Patricia faleceu antes que isso pudesse se concretizar. Mas Andreas Kisser e a família de Pati, decidiram seguir com a ideia, dessa vez com um propósito diferente: homenagear Patricia e conscientizar sobre cuidados paliativos no fim de vida.
“A gente precisa falar da morte de uma forma mais leve e não ver como uma punição, mas como parte da vida. Entendendo isso, a gente pode ter uma vivência muito mais intensa e significativa. O festival tem a bandeira de trazer essa discussão para a sociedade, ela não deve ficar somente entre médicos” – Andreas Kisser, esposo de Patricia Kisser e guitarrista do Sepultura.
Comunidade Compassiva
Alexandre Silva, idealizador da ONG Comunidade Compassiva, subiu ao palco para apresentar o projeto, que atua em favelas e comunidades carentes do Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Goiânia, prestando serviço de apoio a pessoas em situação de vulnerabilidade e doenças que ameaçam a vida, focando em cuidados humanizados e dignos para o paciente e os familiares.
Segundo o próprio site da ONG, os objetivos da Comunidade Compassiva são:
- Acompanhar as pessoas que estejam em situação de vulnerabilidade social e que residam nas comunidades, em condições crônicas ou com diagnósticos de doenças que ameacem a continuidade da vida, a fim de aliviar sintomas de desconforto e promover qualidade de vida a elas e a seus familiares.
- Incorporar os Cuidados Paliativos de forma precoce, englobando não apenas os familiares e serviços de saúde, mas também a comunidade, de forma sustentável.
- Oferecer atendimento gratuito com equipe multiprofissional de Cuidados Paliativos aos pacientes elegíveis, de forma complementar ao sistema de saúde público vigente.
- Mobilizar a comunidade a cuidar da comunidade, de forma instrumentalizada.
- Capacitar cuidadores em cuidados paliativos dentro das comunidades.
- Estimular a promoção de boa saúde física, social, psicológica e espiritual, através de ações que envolvam a coletividade.
- Oferecer práticas de cuidados integrativos e complementares para os pacientes, profissionais de saúde e cuidadores.
- Trabalhar para o fortalecimento dos laços comunitários.
- Promover o voluntariado.
- Expandir o sentimento de compaixão como força motriz em prol do alívio do sofrimento humano.
Quem também subiu ao palco para falar de cuidados paliativos e testamento vital foi a Advogada e Professora Luciana Dadalto, trazendo temas como morte digna e autonomia, que também precisam ser tratados sem tabu.
Mãetricia
Além dos cuidados paliativos, foi apresentado, também, o movimento Mãetricia (nome que surgiu de um apelido dado por João Gordo) que será lançado em breve e visa falar abertamente sobre os processos de fim de vida e a hora da morte. É importantíssimo naturalizar a pauta, uma vez que não temos como fugir da morte e, muitas vezes, a família está totalmente despreparada para lidar com o momento.
Em memória de Pati Kisser e um grande abraço às famílias Perissinotto e Kisser.