
Judas Priest (Créditos: Thiago Alves/Musicult)
Comemorando 30 anos de existência, com Judas Priest e Scorpions como headliners, o Monsters of Rock aconteceu no último sábado, dia 19, no Allianz Parque, em São Paulo.
O festival abriu os portões às 10 horas, e nós do Musicult chegamos bem cedo para conferir tudo de perto, ao lado de um bom número de fãs, que já se faziam presentes para prestigiar todas as bandas.
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O começo do dia com Stratovarius, Opeth e Queensryche
A primeira banda a subir ao palco foi o Stratovarius, banda de melodic power metal da Finlândia, que teve o dever de dar início ao que seria um dia repleto de clássicos e homenagens. Com um show impecável e animado, o primeiro som tocado foi uma de suas principais canções, “Forever Free”, do álbum Visions, de 1997.
A banda liderada pelo vocalista Timo Kotipelto, um de seus membros mais antigos, fez todos os fãs cantarem do início ao fim, passando por grandes clássicos de sua discografia em um setlist de 10 músicas, como “Speed of Light”, “Black Diamond” e uma de suas gravações mais aclamadas, “Hunting High and Low” do álbum Infinite, de 1999.

Um dos destaques deste festival, com certeza, foi a pontualidade: a troca de palco entre as bandas foi de fato impecável, com pouquíssimo tempo entre uma apresentação e outra.
E assim, a segunda banda a se apresentar foi o Opeth, banda de death metal progressivo da Suécia, que trouxe um show enxuto, técnico e melodioso. Com apenas 7 músicas em seu setlist, devido ao tamanho de suas composições, subiram ao palco e logo perceberam o carinho do público.
A banda que está em turnê divulgando o seu mais novo disco, The last will and testament, tocou por primeiro a “§1” (paragrafo 1) do seu novo álbum, seguido pelo “§3” (sete das oito canções do seu novo disco são nomeadas por parágrafos). Também tocaram alguns clássicos, como “Ghost of Perdition”, “Deliverance” e “In my time of need”, uma de suas músicas mais ouvidas, do álbum Damnation.
Um ótimo show, que também merece destaque pela bonita troca entre o vocalista Mikael Akerfeldt e seus fãs, com diálogos descontraídos e carinhosos. Quem viu, saiu muito satisfeito, tenho certeza disso. E outro destaque é para o ótimo guitarrista Fredrik Akesson, que esteve na edição passada do monsters tocando com outra banda, o Candlemass.

Logo em seguida e sem atrasos, subiu ao palco o Queensryche, veterana banda de heavy metal progressivo dos Estados Unidos, que chegou cheia de energia e carisma.
Tocando para um Allianz parque cada vez mais cheio, a banda, que tem como seus membros mais antigos o baixista Eddie Jackson e o guitarrista Michael Wilton, começou com o pé na porta, tocando uma de suas gravações mais clássicas, “Queen of the Reich”, do EP de 1983 que leva o nome da banda (posteriormente, também tocaram “Nightrider”, do mesmo EP).
Em um setlist de 12 músicas, 5 delas foram do seu disco mais aclamado, o clássico Operation Mindcrime, de 1988, e canções como “Operation: Mindcrime”, “I Don’t Believe in Love” e “Eyes of a Stranger” fizeram do show do Queensryche um momento memorável do festival.
Embora tenham tocado tantos clássicos, faltaram algumas músicas, especialmente do álbum Empire, do qual apenas uma foi tocada, a faixa-título.
Destaco o desempenho do vocalista Todd la Torre, que foi um dos mais atenciosos com o público, desfrutando de todo o espaço do palco, e interagindo até com aqueles que estavam um poco mais destacados do centro, acenando e jogando palhetas.
Uma espera que valeu a pena: Savatage
Depois, tivemos, provavelmente, um dos shows mais aguardados do festival: o retorno tão aclamado do Savatage, banda americana de heavy power metal que não se apresentava há 10 anos.
Após a troca entre as bandas, há poucos minutos de começar o show, um fio se soltou da estrutura do palco, provavelmente algum cabo de eletricidade dos holofotes do teto, fazendo com que o show tivesse o seu início adiado por alguns minutos, aumentando ainda mais a ansiedade de seus fãs.
Ao meu lado, enquanto o show não começava, era possível perceber diálogos de preocupação e, até mesmo lágrimas, de fãs ansiosos e emocionados pela apresentação da banda.
Em um setlist impecável, com 12 músicas e repleto de surpresas e homenagens, o primeiro som tocado foi do álbum The wake of magellan (este com 3 faixas apresentadas), “The ocean”, que não era executada desde 1998, seguida por “Welcome”, do mesmo álbum e também pela primeira vez desde 1998. E continuando com as gratas surpresas de um setlist com faixas não tocadas há muito tempo, tivemos “Handful of Rain” do álbum que leva o nome da música, que não era tocada desde 2002, e “Sirens”, esta, desde 2003.
Em meio há tanta emoção, um dos momentos mais marcantes do show foi, sem dúvidas, a homenagem que fizeram a Jon Oliva, vocalista clássico da banda que não está se apresentando por motivos de saúde. Com um vídeo reproduzido no telão, da música “Believe”, Oliva canta e toca piano de forma magistral, sendo acompanhado após alguns segundos pelo vocalista Zak Stevens, com um desempenho espetacular.
Outro momento curioso do show, foi a invasão de uma fã que estava na parte de trás do palco, que foi retirada segundos depois pelos seguranças do evento. Ainda falando de curiosidades na apresentação do Savatage, o vocalista Zak Stevens chutou algumas bolas de futebol para a plateia.
A épica apresentação se encerrou com um de seus maiores clássicos, “Hall of the Mountain King”, do disco que leva o nome da faixa, lançado em 2011.
Europe: um hit e uma chuva de clássicos
Por volta das 17h20 subiu ao palco a ótima e veterana banda sueca de hard rock, Europe. Liderada por seu vocalista e cofundador Joey Tempest, a banda começou o show debaixo de uma leve garoa, que em nada interferiu no desempenho da banda e animação da plateia.
Dona do hit “The Final Countdown”, música que encerrou de forma enérgica sua apresentação, o Europe trouxe ao Monsters um setlist de 12 músicas, sendo 4 delas do álbum The Final Countdown, como “Carrie” e “Rock the Night”. Também tocaram 3 faixas do disco Out of this world, como “Ready or Not”, com Joey Tempest na guitarra, e “Superstitious”, um de seus maiores clássicos. Sem dúvidas, um dos shows mais animados e com mais hits do festival.

Judas Priest transforma Monsters of Rock em uma festa épica digna dos deuses do metal
Após a apresentação do Europe, tivemos a maior mudança de palco: foram mais ou menos 50 minutos para a montagem do belíssimo cenário de uma das maiores apresentações da noite, o Judas Priest no Monsters of Rock.
Enquanto tudo era preparado, os telões do Monsters of Rock homenageavam grandes músicos que faleceram ao longo dos últimos anos, entre eles André Matos, B.B King, Rita Lee, Paul Di’anno e, por fim, Les Binks, baterista do Judas Priest nos anos 70.
Antes de mais nada, não há como não elogiar o desempenho de todos os músicos, mas, em especial, o Metal God Rob Halford que, no auge dos seus 73 anos, esbanja talento e qualidade vocal como poucos na história da música. Estar diante de Halford, em uma apresentação deste nível, é, com certeza, algo digno de agradecimento, pois é como ver a história viva do heavy metal em carne e osso.
O show que contempla toda sua trajetória, tendo em seu setlist 17 músicas, passando por todos os seus álbuns, começou com a faixa “Panic Attack”, do seu último e ótimo trabalho, Invicible Shield, de 2024, mostrando que os deuses do metal não vivem só do passado. Em seguida, tocaram “You’ve Got Another Thing Comin'”, do álbum Screaming for Vengeance, sendo este o disco com mais faixas tocadas, foram 4 no total, contando com “Devil’s Child”, “Electric Eye” e “Riding on the Wind”.
Outro disco muito celebrado na apresentação foi o “British Steel”, um dos maiores clássicos de 1980, tendo 3 faixas tocadas, com destaque para o hino “Breaking the law”, que colocou o estádio inteiro pra cantar: foi insano!
Um dos grandes momentos do show foi protagonizado por Scott Travis, baterista de 63 anos, esbanjando técnica e precisão ao tocar o que talvez seja o maior clássico da banda ao lado de “Breaking the law”: “Painkiller”, do álbum homônimo de 1990, com uma das linhas de bateria mais marcantes da história do heavy metal.
Também não posso deixar de mencionar, para além da música do Judas Priest, toda a estética e cenário de palco que contribuem muito para uma experiência visual única. Com direito a Rob Halford entrando com uma motocicleta Harley Davidson no palco do Monsters of Rock, que espetáculo!
Era o meu show mais aguardado, e saí com a certeza de ter presenciado, ao lado de uma legião de fãs, uma festa épica, digna dos deuses do metal.
Scorpions encerra a celebração ao rock
Para finalizar o que foi um dia inteiro de shows espetaculares, tivemos a veterana banda Scorpions. Com mais de 60 anos de estrada, a banda alemã subiu ao palco debaixo de uma chuva moderada, talvez a mais “intensa” entre todas as apresentações.
Em um setlist variado, com 17 músicas tocadas, a banda liderada por seu vocalista Klaus Meine, que já demonstra pouca mobilidade por conta dos seus 76 anos, porém ainda com um brilho único e uma voz ótima, iniciou sua apresentação com “Coming Home”, do álbum com mais faixas executadas em sua apresentação, Love at First Sting, de 1984.
Se tem uma coisa que o Scorpions fez ao longo de todos estes anos de estrada foi criar grandes hits, colocando um Allianz Parque, mesmo após 6 apresentações já passadas, para cantar suas músicas mais marcantes, como as belíssimas “Send Me an Angel” e “Wind of Change”, do álbum Crazy world, de 1990.
Assim como o show do Judas priest, outro ponto que não posso deixar de destacar é o visual do palco do Scorpions, que, no fim do show, ganha um escorpião gigante atrás da banda, sendo controlado por cabos tal qual um ventrículo.

Também destaco o incrível solo de bateria do lendário Mikkey Dee, que deixou a todos de queixo caído. O baterista está com o Scorpions desde 2016, também tendo passado por bandas como Motorhead e King Diamond.
Ao lado de seu escorpião gigante, o Scorpions finaliza seu show com “Still Loving You”, “Blackout” e “Rock You Like a Hurricane”, uma trinca poderosa para encerrar de forma épica a grandiosa oitava edição do Monsters of Rock!
O show do Judas foi realmente espetacular!