O ano é 2012 e milhares de pessoas no mundo todo dançam uma coreografia engraçada enquanto repetem um refrão misturando inglês e coreano. Em festas, baladas, vídeos na internet, o impacto era geral. Muitos não sabiam o que significava “Gangnam Style”, mas cantavam mesmo assim.
O videoclipe da música era ainda mais divertido: extremamente colorido, lotado de dançarinas e mostrando como protagonista um carismático cantor sul-coreano em situações non-sense, o vídeo foi o primeiro da história a ter 1 bilhão de acessos no YouTube.
Com o sucesso extraordinário de “Gangam Style”, PSY, cujo verdadeiro nome é Park Jae-Sang, levou a palavra “k-pop”, até então pouco conhecida no Ocidente, para fora da Coreia do Sul e, por isso, foi condecorado em seu país de origem e viu pessoas influentes do esporte, da música e da TV “lançarem o passinho” de seu hit.
É importante dizer que apesar de parecer apenas um pop chiclete desses que aparecem, grudam e são esquecidos meses depois, “Gangnam Style” era uma crítica social à “elite” da Coreia, já que Gangnam é o nome de um distrito de Seul, habitado exclusivamente por ricos.
Na época da música, segundo uma matéria do G1, “a média de preço de um apartamento em Gangnam era de US$ 716 mil, quantia que um chefe de família sul-coreano com rendimento médio demoraria 18 anos para ganhar”. O tal “Estilo de Gangnam”, das pessoas que habitam o local, era ridicularizado e criticado por PSY, enquanto a música explicitava o abismo social da Coreia do Sul.
Tempos depois, PSY continuou a ser um hitmaker em seu país e a alcançar grandes números nas redes – o vídeo de “Gentleman”, em 2013, alcançou 20 milhões de acessos em 24 horas, desbancando “Boyfriend”, de Justin Bieber, que contava com 8 milhões de views em 24 horas; e sua parceria com Snoop Dogg, na música “Hangover”, passou de 50 milhões de views em apenas 6 dias –, mas nenhuma foi absurdamente grande como “Gangnam Style”
Quase 10 anos depois, o mundo assistiu a uma nova repetição da palavra k-pop em todas as mídias. Mas, dessa vez, não foi apenas um grande hit chiclete, e sim vários, vindos de grupos diferentes. E o mais famoso desses grupos é, sem dúvida, o BTS.
J-Hope, Jimin, Suga, Jungkook, Jin, Namjoon e V não formam uma boyband gigante apenas pela quantidade de integrantes, pois quando falamos de BTS, falamos de recordes. E não são 1 ou 2, são mais de 20. Isso mesmo, hoje, o grupo criado em 2013 pela Hybe (antiga BigHit) faz parte do Hall of Fame do Guiness Book, acumulando 23 recordes na carreira.
Os títulos vão desde “primeiro vídeo de um grupo coreano a ultrapassar 350 milhões de visualizações” no YouTube, com a música “DNA” e “Disco mais vendido na Coreia”, com as 1,6 milhões de cópias vendidas do álbum Love Yourself: Her, até o menor tempo em que uma conta no TikTok alcançou um milhão de seguidores.
Além dos recordes, o BTS é responsável por um aumento na procura por viagens para a Coreia do Sul e pela procura por cursos de coreano, colocando no topo das paradas da Billboard e no palco do Grammy músicas cantadas em um idioma totalmente diferente do inglês.
O BTS também aparece sempre em eventos da ONU, pois assim como “Gangnam Style”, as músicas do grupo não são apenas hits sobre temas superficiais. A banda é uma aliada na luta pela saúde mental dos jovens na Coreia do Sul e explicita isso em suas letras, que falam sobre a desigualdade social e sobre como os jovens coreanos são cobrados para “crescerem na vida” sem terem muita oportunidade financeira para alcançar seus objetivos.
E foi acumulando feitos inéditos e recordes quebrados para o k-pop, que PSY e Suga, um dos rappers do BTS, se juntaram na faixa “That That”, lançada na última sexta-feira (29).
Suga, cujo verdadeiro nome é Min Yoon-gi, além de participar da música (e da coreografia), é também produtor do single. Inclusive, a ideia inicial dele era apenas produzir e não participar da música, contou PSY em um programa de TV coreano, no qual aproveitou para rasgar elogios ao grupo BTS, que por sua vez sempre ressaltou que PSY abriu as portas para o k-pop alcançar novos públicos.
Quem começou essa tal “dominação k-pop”, se foi PSY ou BTS, a gente não sabe. O que sabemos, com certeza, é que “That That” é um encontro entre dois gigantes da música pop, que, apesar de ter o “k” na frente, já deixou de ser “nichada” há muito tempo.
Até o momento de fechamento deste artigo, “That That” colecionava 51.559.885 visualizações no YouTube, em apenas 4 dias na plataforma, e o TikTok com a dupla apresentando a coreografia da música já tinha sido visto 31.9M de vezes. E a contagem não para, provavelmente anunciando que as superestrelas coreanas, juntas, estão prontas para mais um recorde.