
Créditos: Danilo Costa @danilo.costafotografia/Musicult)
A plateia estava animada para ver o segundo show da turnê “Tempo Rei” de Gilberto Gil em São Paulo. Em sua despedida dos palcos, Gil escolheu a faixa Palco para começar à noite, e não podia ser uma escolha melhor. A música ditou o ritmo alegre que veríamos em mais de duas horas e meia de apresentação. Um Gil sorridente, conversador, que até arriscou uns passinhos de dança em alguns momentos.
Em mais de 60 anos de carreira, é difícil montar uma setlist que agrade a todos, mas ele conseguiu reunir seus diversos hits em mais de 30 faixas, passando por todas as fases de sua história musical. Teve o lado político de Gil, que foi exilado e enfrentou a censura, mostrado no clássico “Cálice”, com direito a introdução especial de Chico Buarque no telão, contando sobre o período da ditadura, enquanto a plateia puxava o coro de “Sem Anistia”.
Vimos o Gil religioso, que sempre enaltece a sua fé em canções como “Se Eu Quiser Falar com Deus” e “Andar com Fé”. O conquistador em “Esperando na Janela” e “Eu Só Quero um Xodó” (homenagem a Dominguinhos). O Gil transgressor na trilogia “RE” com “Refazenda”, “Refavela” e “Realce”. E, claro, o compositor baiano que reverencia à identidade cultural do seu estado em “Toda Menina Baiana”. Essas são só algumas das facetas desse artista brasileiro tão plural e completo, que ecoam durante todo o show, repleto de diversos gêneros, do rock ao pop, do forró ao reggae.
E para celebrar esse artista multifacetado, nada melhor do que uma produção visual e técnica à altura, daquelas que fazem os olhos brilharem. Os elementos visuais do show mesclam o “Tempo e espaço navegando todos os sentidos”, como Gil canta em “Tempo Rei”, faixa que dá nome à turnê.
Com direção artística de Rafael Dragaud, o telão exibe obras do artista plástico paulista Emerson Rocha, conhecido como Saturno, que evoca as vivências e a estética do povo preto brasileiro. Além disso, eram exibidas belíssimas fotos de Gilberto Gil em registros pessoais com a família, amigos, estúdios e viagens. Peças que encaixam como uma homenagem ao próprio Gil e aos seus fãs, que lotaram o Allianz Parque nas duas noites com ingressos esgotados.
Uma das coisas mais bonitas no show, foi o encontro de fãs de todas as idades. Vimos avós, pais com seus filhos, a nova geração que descobriu e abraçou esse artista tão único para a música popular brasileira. Casais que foram embalados por suas canções. O show acabou sendo um momento de celebrar ao lado de quem se ama, assim como Gil celebra a própria família, incluindo filhos e netos que fazem parte da sua banda e da produção do show.
“Estamos sempre nos encontrando por aí, com muito prazer, com muita alegria.”
Gilberto Gil durante show da turnê Tempo Rei.
Turnê Tempo Rei de Gilberto Gil e seus convidados especiais
Os convidados especiais que vêm aparecendo nos shows dessa turnê de despedida também estão sendo recebidos com muito entusiasmo por Gil. Na segunda noite de show no Allianz Parque, foi a vez de Arnaldo Antunes, um dos artistas mais versáteis que temos, cantar “Extra II – O Rock do Segurança”. Já Sandy encantou a todos com sua leveza e voz, cantando a música “Estrela”.
Pode até ser sua despedida dos palcos, mas o clima era tudo, menos de tristeza. O que ecoava de todo estádio era muita alegria, vinda de Gilberto Gil e chegando aos ouvidos e corações de cada fã!
Portanto, se você tiver a chance, não deixe de ir a esse evento inesquecível: ver Gil brilhando em plena atividade, caminhando com suas músicas para a eternidade nos palcos.





