
Silent Planet (Créditos: Aaron Marsh)
Prestes a desembarcar no Brasil pela primeira vez, Garret Russel, vocalista da sensação do metal moderno Silent Planet, nos deu uma entrevista sobre o álbum da turnê, SUPERBLOOM, o novo EP, Bloom in Heaven, em parceria com a banda Invent Animate, a ligação da banda com a natureza e as expectativas para os shows que acontecerão por aqui.
A Silent Planet fará dois shows no país, sábado, dia 12/04, em São Paulo/SP (City Lights), e domingo, dia 13/04, em Curitiba/PR (Belvedere).
A realização é da New Direction Productions junto à Áldeia Produções Artísticas e Monkey (no Chile). Em São Paulo, Nations, Emmercia e Distant Shores farão os shows de abertura. Já em Curitiba, a tarefa é por conta das bandas Heartlistener e Declive.
Confira a entrevista a seguir e aproveite pra ouvir a Silent Planet e se aquecer pra esse show que promete ser imperdível. Saiba todas as informações nesse post.
Entrevista com Garret Russel, do Silent Planet
O SUPERBLOOM foi o álbum que colocou a Silent Planet em um nível superior no metalcore aos olhos da crítica. Então, eu queria saber um pouco sobre o processo criativo por trás desse álbum tão importante.
Garret: Sabe, SUPERBLOOM foi um álbum muito diferente para nós. Eu acho que os álbuns anteriores se concentraram principalmente em História, saúde mental ou política. E mesmo que eu ainda esteja muito apaixonado por essas coisas e ainda escreva músicas sobre essas coisas, para o SUPERBLOOM decidimos contar uma história de ficção científica, mas não totalmente fictícia. O álbum é baseado em histórias reais de pessoas que desapareceram na floresta. Cresci em uma pequena cidade no norte da Califórnia, nos Estados Unidos, com muitos lugares místicos por perto, como o Monte Shasta, o Monte Lassen, a Lost Coast, Condado de Humboldt, a Floresta de Sequoias… grande parte do SUPERBLOOM é inspirado pela mitologia dessas histórias, coisas que ouvi enquanto crescia, coisas que vi, coisas que outras pessoas viram.
E eu sou muito curioso a respeito da natureza do que vemos, sabe? Houve muitas imagens de OVNIs que surgiram recentemente. Alguns deles foram, na verdade, liberados pelo exército dos Estados Unidos. E eu acho que estamos entendendo que há coisas que não conhecemos, dimensões que não podemos acessar com nossos sentidos, mas sabemos que estão lá. Onde há energia, pode haver consciência, e eu acho que o álbum está explorando a incerteza. Nossa banda sempre foi apaixonada sobre trocar nossas certezas por aprender a fazer novas perguntas e manter-se curioso.
Sim. É realmente louco, como você disse, de haver outras dimensões. Aqui no Brasil, anos atrás, tivemos um caso famoso relacionado a OVNIs em Varginha, uma cidade de Minas Gerais. E há muita especulação desde aquele tempo, sobre a possibilidade de haver outra dimensão, outra consciência…
Garret: Absolutamente, é, eu sei, por muito tempo as pessoas falaram sobre extraterrestres, como pequenos marcianos verdes, vindo de um planeta diferente e pousando sua nave espacial aqui, e não estou necessariamente tentando desconsiderar essa teoria, mas minha curiosidade tem sido ultraterrestre, sabe? Seres que podem estar realmente perto de nós, mas que se movem dentro e fora da nossa dimensão. Eles podem estar no controle ou não, podem ser luzes ou serem mais parecidos com pessoas… sabe, eu tenho muitas perguntas também, mas estou interessado nessas energias ou nesses seres. Algum deles poderia estar aqui mesmo com a gente agora, mas não podemos tocá-los ou vê-los porque eles são algo fora do véu dimensional, e os nossos olhos só conseguem perceber certas coisas, mas isso não significa que eles não existem.
Se você pensar no que as pessoas pensavam há 500 anos, é fácil pra gente rir e dizer “Não acredito que eles pensavam assim”, mas quem dirá que daqui a 500 anos, não vamos olhar para trás e pensar o mesmo, “oh, uau, eles realmente achavam que tinham tudo resolvido. Mas, na verdade, estavam fazendo muitas suposições”, isso se ainda houver vida na Terra…
Isso é verdade. Ainda não sabemos de nada. E o título do álbum, SUPERBLOOM foi inspirado em um fenômeno da natureza que aconteceu durante a gravação, certo? Como esse evento inspirou a banda nas músicas e na mensagem do disco?
Em um super florescimento (superbloom), e eu encorajaria qualquer pessoa que esteja curiosa a buscar imagens disso, a terra muda para cores que normalmente não se vê e ocorre naturalmente, como tons de roxo profundo, violetas, diferentes tons de verde. São cores que as pessoas nunca viram antes, começando a florescer. Então, durante essa super floração, de certa forma, meus olhos se abriram para a percepção de que este mundo ainda é tão misterioso. A super floração é muito curta, só acontece por umas semanas em lugares que normalmente não têm muita vida selvagem. Então eles simplesmente surgem e desaparecem. Eu imagino a super floração sobre a qual estamos falando no álbum ser semelhante a algo que ocorre de surpresa e te deixa em estado de admiração, não é só a super floração da terra, mas o florescer da mente e a possibilidade de que, como humanos, podemos estar lentamente encontrando não apenas algo novo para olhar ou pensar, mas um novo nível de consciência. Não são apenas humanos, animais e plantas, talvez haja outros níveis de consciência que estejam se revelando para nós.
E além da natureza, quais outros elementos não musicais inspiram a banda?
Garret: Ah, experiências de vida, conversas com outras pessoas, eu encontro pessoas após os shows que me contam coisas que me deixam pensando. Eu não sabia que as pessoas podiam experimentar isso ou aquilo, passar por isso ou aquilo… É emocionante pensar nas possibilidades da vida. E eu acho que qualquer coisa pode inspirar as pessoas, sabe? Algumas pessoas vêm falar comigo pós-show e dizem que estão em busca da sua voz artística e eu sempre tento lembrá-los que eles já encontraram essa voz artística, só simplesmente ainda não sabem. A sua voz é a soma de tudo, como a sua infância, as coisas que você viveu, as coisas difíceis, as coisas bonitas, a primeira vez que você sentiu e se apaixonou, as coisas que você leu, os filmes que você gosta, os animais na sua vida. Eu acho que já temos todas as influências dentro de nós, só precisamos aprender a permitir que essas influências interajam entre si.
Essa será sua primeira vez aqui no Brasil e no Chile. Então, não posso deixar de perguntar, quais são as suas expectativas para a turnê no Brasil e para o encontro com os fãs brasileiros?
Garret: Estamos tão animados! Nunca estivemos na América do Sul. Dois dos membros do Silent Planet são fluentes em espanhol, então, será legal eles usarem isso no Chile e no Brasil. Eu chamo de “espanhol picante” quando eu ouço alguém falando português, e isso é provavelmente apenas eu sendo um gringo ridículo (risos), mas eu adoro ouvir português e ficar tipo “oh, é espanhol. Eu entendo”. E então eu percebo que, não, eu não entendo, mas é uma língua linda.
Nós temos desejado fazer essa tour por mais de uma década, e é difícil para uma banda do nosso tamanho. Nós não somos mais uma banda local, pequena, mas também não somos “estilo arena”, como o Bring Me The Horizon, então é fácil viajar pela América do Norte e Europa, mas ir para a América do Sul é mais difícil, então agora estamos muito animados, ainda mais porque vocês, brasileiros, amam música ao vivo. O meme “come to Brazil” existe porque é uma realidade de pessoas que amam música ao vivo e que sempre nos questionavam porque não tocávamos aí. E a realidade é que para as bandas, a menos que sejam muito populares, não havia promotores nesses países que eram capazes de oferecer dinheiro suficiente para cobrir os gastos de uma turnê, pois as bandas podem até perder dinheiro investindo nisso. Mas estamos muito agradecidos por essa parceria com alguém incrível, o nome dele é Bruno (Bruno Genaro, criador da NDP, produtora dos shows), que nos deu essa oportunidade e está nos dando todo o suporte. Queríamos ir para a Argentina também, mas não houve uma oferta agora, então espero que essa seja a primeira de muitas idas nossas à América do Sul, pois vamos fazer três shows agora e na próxima podemos fazer seis ou mais.
Estou muito animado e impressionado que tanta gente queira nos escutar ao vivo, então vamos entregar um longo setlist e o melhor show que somos capazes de fazer.
E vocês já conhecem as bandas de abertura ou algo relacionado à música brasileira?
Infelizmente ainda não conheço as bandas de abertura, mas adoraria ouvir, por favor me mande os nomes que quero conhecer antes do show, pois tenho procurado ouvir mais artistas brasileiros, mas já sou familiarizado com Bossa Nova, um estilo incrível e totalmente brasileiro.
Depois dessa turnê pela América Latina, quais são os próximos passos da banda? Eu sei que vocês acabaram de lançar Bloom in Heaven, com a Invent Animate e ficou realmente ótimo, e que vocês anunciaram a turnê na América do Norte. Mas vocês têm outros planos ou projetos novos?
Com a Invent Animate, nós estamos gravando um videoclipe para uma das músicas que trabalhamos juntos, aquele projeto foi tão divertido e estamos animados para viajar pela América do Norte com eles. E sim, nós sempre estamos trabalhando em música, então já estamos pensando no nosso sexto álbum. É um processo, mas adoramos isso.
Entrevista por Mara Alonso, fotógrafa e redatora do Musicult. Edição de texto por Letícia Pataquine.