Dirigido por Robert Zemeckis e escrito por Eric Roth e Zemeckis, AQUI é um filme inspirado na história em quadrinhos homônima de Richard McGuire. Com Tom Hanks e Robin Wright nos papéis principais, o longa tem dividido opiniões não apenas sobre seu enredo, atuações e cenários, mas também pelo uso da IA na alteração da aparência dos atores.
Com a câmera fixa em uma única posição ao longo de seus 1h44min, o filme narra a evolução de um espaço ao longo do tempo, desde as eras mais remotas, com dinossauros, asteroides e a renovação do bioma, até a chegada dos seres humanos e a construção de uma casa. O enredo ganha profundidade ao retratar a vida das diferentes pessoas que habitam essa casa durante os anos que se seguem, entrelaçando suas histórias e criando uma narrativa curiosa.
Dentre as diversas histórias, uma ganha destaque especial: a da família Young. Recém casados, Al Young (Paul Bettany) e Rose Young (Kelly Reilly) se mudam para a casa do filme para ter espaço para receber seu primeiro filho, Richard Young (Tom Hanks), que está prestes a nascer.
Conforme Richard cresce, um rosto familiar surge na tela: o de Tom Hanks. No entanto, o ator não aparece com os cabelos grisalhos e as feições marcadas que conhecemos atualmente. O que vemos é um Tom Hanks rejuvenescido digitalmente, graças ao uso inovador da inteligência artificial. O mais impressionante é que esse processo foi realizado em tempo real, enquanto o ator gravava suas cenas.
Embora a tecnologia seja surpreendente, olhos mais atentos podem notar certo estranhamento visual no resultado. Além disso, outro detalhe que causa desconcertamento no público é a voz do personagem: a voz grossa e envelhecida de Hanks parece ter sido mantida inalterada, criando um contraste que não acompanha o rejuvenescimento digital.
Contudo, o filme apresenta pontos bastante interessantes, como o desenrolar do relacionamento de Richard e Margaret Young (Robin Wright) o qual, a partir da dinâmica na sala de estar da casa, somos convidados a refletir junto com o casal sobre a impermanência das coisas.
Outro ponto alto é a forma única de entrelaçar a história dos Estados Unidos e do mundo com a trajetória das famílias retratadas em AQUI. Desde Benjamin Franklin e a criação da cadeira reclinável até o surgimento da televisão, a convocação para guerras e o crescente racismo no país, acompanhamos os personagens enfrentando os desafios e transformações de suas respectivas épocas.
Com reflexões poderosas sobre o tempo, a memória e as mudanças que moldam nossa história, o longa também nos provoca, involuntariamente, a questionar a necessidade e importância da IA na “arte tradicional”, que parece, que de agora em diante, cada vez mais terá que lutar pelo seu espaço em Hollywood.
Muito legal a crítica, me deu vontade de ver o filme!!!