O ano de 2024 foi um ano de continuações no cinema. Citando as mais emblemáticas, algumas deram certo, como Os Fantasmas Ainda se Divertem e Divertidamente 2, e outras deram errado, como Coringa: Folia a Dois, estrelado por Lady Gaga. E estreando às vésperas do fim do ano, O Auto da Compadecida 2, continuação do filme de 1999.
Posso estar dizendo isso por ser brasileira e muito fã do filme, mas, acredito que foi a proposta mais ousada entre todas as continuações, afinal, qualquer pessoa que goste de cinema nacional tem O Auto da Compadecida como um de seus preferidos, então não deixa de ser perigoso mexer em um filme tão canônico para os fãs.
Mas, apesar do 2 no fim do título, os atores, durante a divulgação do filme e até na noite da pré-estreia para imprensa e convidados, ressaltaram que a história de O Auto da Compadecida 2 era uma homenagem ao clássico filme e não uma continuação de fato. E esse argumento poderia até proteger o filme de críticas mais pesadas, mas o elenco em si e a obra de Ariano Suassuna se sustentam sem necessidade de muita argumentação, mesmo que a continuação não seja a melhor coisa do mundo.
O Auto da Compadecida 2 se passa 20 anos depois dos eventos do primeiro filme, com João Grilo (Matheus Nachtergaele) retornando à cidade de Taperoá e reencontrando seu velho amigo Chicó (Selton Mello), que ganha a vida contando a história de João Grilo, o homem que ressuscitou, por isso, João Grilo é recebido como uma celebridade, passando a ser disputado como principal cabo eleitoral pelos dois políticos mais poderosos de Taperoá, o Coronel Ernani (Humberto Martins) e o empresário e dono da rádio da cidade Arlindo (Eduardo Sterblitch).
Vendo nessa situação uma chance de aplicar o golpe que vai render muito dinheiro à dupla e a vida que sempre sonharam, João Grilo e Chicó novamente se envolvem em uma confusão que resulta novamente em uma situação de vida ou morte.
Ou seja, o enredo dos dois amigos se enrolando em mentiras e golpes e culminando no julgamento de João Grilo não inova, mesmo com os novos personagens, alguns, inclusive, tornam o roteiro um pouco mais confuso e acelerado, porém, é impossível não rir assistindo ao filme e se emocionar no final, assim como a primeira versão de 1999 e isso se deve, como disse, à obra impecável de Ariano Suassuna e às atuações de todo o elenco, que estão irretocáveis, com destaque, é claro, para Matheus Nachtergaele, um dos maiores atores do nosso país e que vai nesta continuação muito além do personagem de João Grilo (e pra entender essa parte da crítica, só indo assistir ao filme!).
Apesar de muita gente dizer que O Auto da Compadecida 2 era um filme desnecessário, a continuação pode servir para apresentar às novas gerações um dos filmes mais emblemáticos do cinema nacional. E mesmo sem inovar no enredo, o que pode ter frustrado alguns, ao final do filme a gente se questiona se realmente era preciso inovar uma história tão divertida e que já deu certo.
O Auto da Compadecida 2 estreia amanhã, dia 25 de dezembro e já é a maior pré-venda de 2024 entre filmes brasileiros no site da Ingresso.com.