A banda ucraniana Jinjer, formada em 2009 na cidade de Donetsk, fez o seu terceiro show no Brasil, dessa vez, excursionando pela América latina acompanhados da banda alemã Heaven shall Burn.
Por volta das 17h30 uma fila enorme já era formada em frente ao local do show, muitos fãs chegaram bem cedo para garantir o melhor lugar dentro do espaço Terra SP, casa que comporta até 4 mil pessoas e, possivelmente, teve algo bem próximo do seu esgotamento total.
A banda brasileira de death metal/metalcore Fim da aurora, foi a primeira a subir no palco, tocando sete músicas, algumas delas de seu novo álbum, Empty, lançado em agosto deste ano. Fizeram um baita show, com o seu som agressivo e muito bem executado. Foram bem recebidos pelo público, que já se fazia volumoso naquele momento.
Pouco tempo após a primeira apresentação, a banda alemã Heaven shall burn subiu ao palco. Estes, que já estão na estrada desde 1995, lançaram seu primeiro álbum completo em 2000, Asunder. A banda, que tem como tema de suas letras o anti-fascismo, anti-racismo e a luta pelos direitos animais, fez a sua sétima apresentação em solo brasileiro.
Após duas intros (Risandi von e Awoken), a primeira música tocada foi a ótima Endzeit, música de um dos seus álbuns mais clássicos, Iconoclast, lançado em 2008, que dava o tom do que seria sua apresentação, potente e marcante do início ao fim.
Apesar de um público bem jovem, estes em sua maioria trazidos pela Jinjer, o show do Heaven shall burn não deixou a desejar no que se diz respeito a simbiose entre banda e plateia, tendo quase todas as suas músicas cantadas pelo público e, obviamente, com rodas de moshpit espalhadas pela casa.
Destaco o ótimo desempenho de toda a banda, definitivamente eles se entregam no palco. Mas, e o vocalista Marcus Bischoff? Este tem um carisma fora do normal, juntamente com o guitarrista Alexander Dietz, que teve problema com sua guitarra, precisando parar uma das músicas logo após o seu início, My heart and the ocean, especificamente, sendo retomada alguns minutos depois.
A música seguinte foi Black tears, cover do Edge of sanity, e finalizam o show com a Corium, música do álbum Wanderer de 2016.
Setlist do Heaven Shall Burn:
- 1 – Endzeit
- 2 – Bring the War Home
- 3 – Übermacht
- 4 – Counterweight
- 5 – Hunters Will Be Hunted
- 6 – Voice of the Voiceless
- 7 – Behind a Wall of Silence
- 8 – My Heart and the Ocean
- 9 – Black Tears (original do Edge of Sanity)
- 10 – Profane Believers
- 11 – Corium
Jinjer
Poucos minutos antes da banda subir, aquela sensação de casa cheia ficava ainda mais perceptível. Os fãs da Jinjer se direcionavam para frente do palco, e a expectativa para ver a banda se tornava quase que palpável. O público gritava o nome da banda e os burburinhos de ansiedade tomavam conta do local. Por volta das 20h30 as luzes se apagavam e todos aqueles fãs, “espremidos” na intenção de ter a melhor visão possível, passavam a cantar “Olê. olê, olê, olê Jinjer… Jinjer” enquanto tocava a intro “Prologue”.
Pouco tempo depois, subia ao palco o baterista Vlad Ulasevich, acompanhado do guitarrista Roman Ibramkhalilov e do baixista Eugene Abdukhanov. Alguns segundos mais tarde, a líder da banda, aclamada pela plateia, chegava. Tatiana Shmayluk estava diante de um público sedento por sua música, e uma grande apresentação estava prestes a começar.
A primeira música tocada foi a Just another, do álbum King of Everything, de 2016. Logo na sequência, sem muitas pausas entre uma música e outra, tocaram Sit stay roll over do mesmo álbum, e ape, do EP Micro, de 2019.
A presença de palco da vocalista era algo impressionante, ela desfilava de um lado para o outro, esboçando uma mescla de sutileza e agressividade em seus movimentos, particularmente não lembro de ter visto algo parecido. Todos os holofotes se direcionavam a ela com extrema facilidade, não tinha como não admirar sua postura.
Com uma técnica vocal refinada, passando do gutural grave ao vocal limpo e melódico, Tatiana esbanjava suas qualidades e um domínio total de sua apresentação.
A banda que está promovendo o seu novo disco, Duél, que será lançado no início de 2025, tocou cinco músicas dele, sendo elas Fast Draw, Green Serpent, Kafka (esta com o clipe sendo transmitido no telão simultaneamente), Rogue e Someone’s Daughter.
Assim como a vocalista Tatiana, o baixista Eugene Abdukhanov também tinha uma presença de palco brilhante. Suas linhas de baixo extremamente refinadas e características traziam para si muitos olhares, música após música. Esbanjando técnica e um timbre único, Eugene, também interagia com a plateia, assim como o guitarrista Roman e o baterista Vlad Ulasevich, estes com uma presença um pouco mais discreta, mas entregando um som preciso e visceral.
Também tivemos algumas presenças ilustres prestigiando a banda, o baterista Greyson Nekrutman, recém-integrado ao Sepultura, e o baixista Paulo Xisto, também do Sepultura, estavam circulando entre pista, palco e camarote da casa. Pude ver alguns fãs tirando fotos com eles.
Ao término da música Rogue, do seu novo disco, a banda deu uma pausa e se retirou do palco. Fazendo os fãs pedirem o seu retorno, que rapidamente aconteceu, encerrando sua apresentação com um de seus principais hits, Pisces, do disco King of Everything, de 2016, finalizando um show tecnicamente perfeito, extremamente bem ensaiado, mas ainda assim orgânico e emocionante.
Com poucos discursos, emendando uma música após a outra, a Jinjer deixa o palco sem muitas despedidas, se retirando logo após o fim do último som. Deixando seus fãs sem reação por alguns segundos, esperando um possível retorno, que não aconteceu.
Certamente, em sua próxima passagem pelo Brasil, a banda terá um público ainda maior.
Setlist da Jinjer
- Prologue
- 1 – Just Another
- 2 – Sit Stay Roll Over
- 3 – Ape
- 4 – Fast Draw
- 5 – Green Serpent
- 6 – Retrospection
- 7 – Teacher, Teacher!
- 8 – On the Top
- 9 – I Speak Astronomy
- 10 – Someone’s Daughter
- 11 – Kafka
- 12 – Copycat
- 13 – Perennial
- 14 – Rogue
- 15 – Pisces
Texto por Thiago Alves e fotos por Gustavo Diakov (@xchicanox) para o site Igor Miranda, que gentilmente cedeu as imagens.