O álbum Otherness, lançado em 2022, marca o aguardado retorno da banda canadense Alexisonfire ao cenário do post-hardcore, após um hiato de 13 anos. Neste disco, a banda não só reafirma sua relevância no gênero, mas também explora novos horizontes musicais, incorporando elementos de rock alternativo, stoner rock, e até influências de jazz, criando um som que equilibra agressividade e melodia. O processo colaborativo e a decisão de gravar muitas das faixas ao vivo no estúdio permitiram uma sonoridade crua e orgânica, capturando a energia da banda como nunca antes.
Durante o documentário The Making of ‘Otherness’, disponível no YouTube, os integrantes detalham como a pandemia proporcionou um espaço de introspecção e colaboração que culminou neste álbum. O conceito de “outridade” (otherness), que sempre definiu o Alexisonfire, tornou-se o tema central do disco — uma celebração de ser diferente e de estar à margem da norma.
Faixa a Faixa
Committed to the Con
Abrindo o álbum com riffs pulsantes e vocais agressivos, essa faixa define o tom visceral e pesado do disco. A crueza da gravação ao vivo transparece aqui, com uma energia direta que captura a renovada confiança da banda.
Sweet Dreams of Otherness
A faixa-título, escrita por Dallas Green, traz uma vibe mais introspectiva e melódica, explorando a sensação de ser um “estranho” em relação às normas sociais. Esta música reflete o espírito de unidade e diferenciação que permeia o álbum.
Sans Soleil
Explorando elementos de rock progressivo, essa canção oferece uma atmosfera etérea que trata de superação e introspecção, sendo descrita pelos integrantes como um dos momentos mais emocionais do álbum. A faixa é um reflexo da exploração sonora mais suave e melódica que caracteriza partes de Otherness.
Conditional Love
Com menos de três minutos, essa faixa resgata a intensidade bruta do post-hardcore, mantendo o ritmo rápido e a energia ininterrupta.
Blue Spade
Essa faixa longa e atmosférica permite à banda explorar sonoridades mais lentas e introspectivas. A construção crescente culmina em um final explosivo que lembra as influências de stoner rock e doom.
Dark Night of the Soul
Misturando gospel e post-hardcore, essa faixa percorre transições sonoras complexas, abordando temas de desespero e redenção. A diversidade instrumental e o uso de múltiplas camadas vocais criam um ambiente sombrio e introspectivo.
Mistaken Information
Essa canção explora a desconexão e a luta por compreensão em meio ao caos global, refletindo a tensão e a frustração que emergem de tempos de crise. A banda aborda o tema da desinformação de forma direta, com um instrumental que acompanha a progressão emocional da letra.
Survivor’s Guilt
Escrita por George Pettit, essa faixa foi inspirada em suas experiências como socorrista, lidando com os traumas emocionais do cotidiano na emergência médica. A música traz uma carga emocional pesada e uma atmosfera sombria que define seu tom.
Reverse the Curse
Traz riffs que remontam à era do álbum Crisis (2006), mas agora reinterpretados com a maturidade atual da banda. A confiança em revisitar o passado e transformá-lo em algo novo demonstra o quanto o Alexisonfire evoluiu musicalmente.
World Stops Turning
Com mais de oito minutos, essa faixa épica fecha o álbum com uma mistura de texturas sonoras que criam uma experiência quase transcendental. É um final grandioso que reflete o potencial de Otherness em transcender o gênero e oferecer algo espiritual e emocional.
A Importância de Otherness no Post-Hardcore
O retorno do Alexisonfire com Otherness vai além da nostalgia. A banda não apenas revisita o som que os tornou icônicos no post-hardcore, mas também o expande, incorporando novas influências e uma abordagem colaborativa que reflete sua evolução. Eles reafirmam sua relevância no gênero, não como uma banda que vive de seu passado, mas como uma que continua a explorar, desafiar limites e criar algo único.
Se você é fã de Alexisonfire, do post-hardcore, ou está à procura de um álbum que mistura visceralidade com profundidade emocional, Otherness é uma adição essencial ao seu repertório. Com seu equilíbrio entre o antigo e o novo, o familiar e o estranho, o álbum solidifica a banda como uma das mais importantes e inovadoras do gênero.
Quer mais? Veja a resenha de One More Time… do Blink-182.