Aaron Bruno, o cérebro por trás do AWOLNATION, retorna com seu sexto álbum de estúdio, The Phantom Five. Este disco, que pode ser o canto do cisne de sua carreira, mergulha profundamente em uma jornada introspectiva e pessoal, mas mantém a experimentação sonora que se tornou a marca registrada do projeto.
Três singles já haviam sido lançados anteriormente: “Panoramic View”, “Jump Sit Stand March feat. Emily Armstrong” e “I Am Happy feat. Del the Funky Homosapien”. E só pelas diferenças entre estes, já era possível sentir a viagem que seria o álbum. E viagem no bom sentido, afinal, é uma jornada experimental guiada pelos sentimentos de Aaron que, ora mostra sensibilidade e introspecção, ora grita e explode energia, e em outros momentos, só nos chama para dançar.
A primeira faixa do álbum, “Jump Sit Stand March“, é uma colaboração que Aaron Bruno há muito desejava realizar com a cantora Emily Armstrong, e finalmente trouxe à vida em The Phantom Five. A música oferece uma reflexão sobre a pressão de agradar a todos ao mesmo tempo, destacando a ideia de que nem sempre precisamos seguir as expectativas impostas pelos outros e o quão sufocante é o excesso de estímulo. Com uma sonoridade pulsante, a faixa abre o álbum em uma boa nota.
Assista ao clipe de “Jump Sit Stand March (ft. Emily Armstrong)”
A segunda faixa, “Party People“, coloca AWOLNATION em um território mais familiar. A música reflete um desejo profundo de libertação e celebração, ecoando um sentimento de resistência contra as restrições, tanto pessoais quanto sociais, com o verso “Let the people party; let they do what they want“.
A faixa “Panoramic View” merece uma menção especial por iniciar uma nova era para AWOLNATION, revelando um lado mais vulnerável e emotivo. Composta durante o isolamento social da pandemia, a canção reflete uma mensagem de esperança e otimismo, contrastando com o tom mais sombrio do álbum anterior, My Echo, My Shadow, My Covers, and Me (2022). Essa faixa, considerada uma das mais significativas por Bruno, foi escrita como um conforto para sua versão mais jovem, abordando as dificuldades da pandemia com uma perspectiva de superação.
Assista ao vídeo de “Panoramic View”
Em seguida, mais uma colaboração de peso: a faixa “I Am Happy feat. Del the Funky Homosapien“, um dos maiores nomes do hip-hop estadunidense, voz de “Clint Eastwood”, sucesso dos Gorillaz. Aqui, Bruno deixa de lado o sentimentalismo da música anterior e traz uma pegada industrial com eletropop e versos de hip-hop. A faixa se destaca das demais e tem potencial de ser uma das favoritas e, sim, é praticamente impossível ouvi-la sem lembrar de Gorillaz.
Assista ao clipe de “I Am Happy feat. Del the Funky Homosapien”
“Barbarian” chega contrastante e em tom mais calmo, sendo uma das baladinhas do álbum que vem como um respiro com direito a videoclipe inspirado em “Wicked Game” de Chris Isaak. E que bom que tem esse respiro, porque em seguida vem a maior paulada de The Phantom Five, a faixa “Bang Your Head“. Os riffs, as batidas… tudo nessa faixa é intenso, quase como um grito de guerra. E aqui peço licença para escrever em primeira pessoa: nunca pensei que me pegaria batendo cabeça freneticamente ao som de AWOLNATION. De fato, uma experiência única.
“City of Nowhere” é breve, mas significativa. É como aquele momento de silêncio que precede uma grande revelação, um respiro antes do mergulho final. Ela nos encaminha para a parte final do álbum e abre portas para um momento mais introspectivo e profundo, que se segue com a faixa “A Letter To No One“.
A penúltima música, “When I Was Young“, eleva o tom novamente com uma atmosfera eletrodance bem ao estilo dos anos 2000, impossível de resistir. E então chega a derradeira “Outta Here“, como um adeus ou até logo, não sabemos, mas fica claro que essa música foi escolhida a dedo para fechar o álbum. Fato interessante é que, ao ouvir Bruno se despedindo, e aqui falo novamente em primeira pessoa, me senti transportada ao grande ato da carreira do AWOLNATION: “Sail“.
The Phantom Five encerra a trajetória de AWOLNATION com uma obra que é ao mesmo tempo poderosa e íntima, deixando um legado significativo na música alternativa. Se este for realmente o capítulo final—e esperamos que não seja—Aaron Bruno se despede de forma digna, mostrando sua capacidade de criar uma conexão profunda com seus fãs.