Uma das estreias mais esperadas de 2024 chegou aos cinemas na última quinta-feira, 25: Deadpool e Wolverine.
O filme estrelado por Ryan Reynolds e Hugh Jackman acompanha a dupla Deadpool e Wolverine, uma improvável aliança, em uma jornada de ação interdimensional. Os dois se unem contra um inimigo comum a fim de salvar seus respectivos universos, em uma aventura repleta de referências, humor e violência.
Deadpool e Wolverine é dos mesmos produtores de Deadpool (2016) e Deadpool 2 (2018), dirigido pelo cineasta Shawn Levy. O novo longa mantém a “essência Deadpool” dos longas anteriores, apresentando um filme que não se leva a sério com altas doses de um humor irreverente; piadas com personagens, atores, a situação atual da Marvel e a (falecida) Fox; cenas de combate coreografadas e violentas; quebra da quarta parede e, desta vez, uma dupla de protagonistas carismáticos.
A trama tem um ritmo dinâmico, fazendo com que as 2 horas e 30 minutos de filme não sejam sentidas pelo espectador.
O longa traz uma quantidade recorde de referências, algo que irá sem dúvida agradar os fãs dos quadrinhos da Marvel e aqueles que cresceram nos anos 1990 e 2000 assistindo filmes de heróis. Este é, simultaneamente, um dos pontos mais fortes e mais problemáticos do filme. Forte, pois encaixa de forma impecavel e organicamente as referências no contexto apresentado, sem forçá-las, e essa característica torna o filme mais divertido e especial para os fãs, quase uma dedicatória aos apaixonados pelo universo Marvel.
Por outro lado, o uso acentuado de referências e o fanservice contribuem para atenuar a percepção de que o filme conta uma história medíocre. Ainda que haja emoção, diversão e nostalgia, o filme conta uma história simples, que não se destaca pela sua originalidade e possui algumas incongruências. Ademais, para aqueles que não assistiram aos filmes de super-heróis antigos, nem assistiram a primeira temporada da série Loki, os elementos e sequências do filme podem tornar-se confusos ou perderem um pouco do impacto desejado.
Em relação ao elenco, Ryan Reynolds brilha novamente como Deadpool, dando vida novamente ao anti-herói carismático que o público já conhece bem, desta vez um pouco mais amadurecido, em busca do seu propósito de vida.
Já Hugh Jackman, interpreta majestosamente um papel, com a maestria que desempenhou por tantos anos, do herói mal-humorado, com grande coração, querido pelo público, Logan. O contraste de personalidades entre um Deadpool falante e sem filtros e um Wolverine soturno e de poucas palavras funciona perfeitamente, propiciando a formação de uma dupla que conquista o espectador, fazendo com que a audiência torça pelo sucesso da missão e se envolva na jornada.
A vilã Cassandra Nova (Emma Corrin) é uma das vilãs mais interessantes trazidas pelo Universo Cinematográfico da Marvel (MCU) nos recentemente, uma surpresa bem-vinda considerando o histórico de vilões fracos criados pelo estúdio nos últimos filmes, exceto talvez por Thanos e Loki. Corrin traz à tona uma vilã sem escrúpulos e vingativa, mas que não é reduzida a um vilão mau apenas por ser mau. Suas motivações e questões a tornam mais humana aos olhos do espectador. Sua conexão com o professor Xavier, personagem central dos X-Men, a torna ainda mais intrigante e caso essa conexão ou seu passado venham a ser explorados em arcos futuros seria interessante para o MCU.
Personagens dos filmes anteriores, como Vanessa (Morena Baccarin), Míssil Adolescente Megassônico (Brianna Hilderbrand), Colossus (Stefan Kapičić)e Peter (Rob Delaney) também estão presentes, ainda que apareçam brevemente. Há ainda outras atuações dignas de nota, mas esta é uma crítica comprometida a não entregar spoilers.
A trilha sonora é um dos maiores pontos de destaque do filme, estando em perfeita sincronia com os momentos escolhidos. De uma sequência inicial de tirar ao fôlego ao som de ByeByBye do N`Sync (confie, vai mudar a forma como você ouve a música) às cenas de luta ao som de Like a Prayer, hit da cantora Madonna cujo uso no filme foi pessoalmente autorizado, funciona muito bem dentro do clima e da lógica do filme, que se propõe a ser algo diferente das demais produções do estúdio.
O filme não traz o “Jesus da Marvel” da forma que os fãs em geral especulavam até então, mas funciona como uma ponte para a chegada dos X-Men e dos novos eventos temporais no universo Marvel, além de oficialmente re-introduzir o querido personagem Wolverine após sua despedida no filme Logan.
Assim, um dos maiores méritos do longa-metragem e razão pelo qual ele funciona tão bem, apesar dos seus defeitos, é o fato de não se levar a sério, explorando todas as suas possibilidades, sejam elas esperadas ou absurdas, a nostalgia na qual o filme está imerso e a atuação da dupla carismática de protagonistas, cuja química faz toda diferença na experiência.
Obs.: Vale permanecer na sala de cinema para assistir os créditos finais do filme, é uma experiência verdadeiramente nostálgica. Ademais, há 2 cenas finais.
Confira o trailer abaixo: