O filme Duna: Parte 2 estreia hoje, 29, nos cinemas brasileiros. A saga literária Duna escrita por Frank Herbert é um marco, sendo precursora de boa parte das obras de ficção científica conhecidas na cultura pop.
Duna: Parte 2 dá continuidade aos eventos transcorridos no primeiro filme da saga. Na trama, Paul Atreides (Timothée Chalamet) se une a Chani (Zendaya) e aos Fremen enquanto busca vingança contra os conspiradores que destruíram sua família em Arrakis. Em meio à disputa de poderes, inicia-se ma jornada mística. Para se tornar Muad’Dib, enquanto tenta prevenir o futuro horrível, Paul se depara com a possibilidade de uma Guerra Santa em seu nome, espalhando-se por todo o universo. Enfrentando uma escolha entre o amor de sua vida e o destino do universo, Paul deve evitar um futuro que apenas ele pode determinar.
Duna 2 é um filme épico e uma ópera espacial, ou seja, enfatiza a aventura melodramática, batalhas interplanetárias ou no espaço sideral, romance e a tomada de riscos. Ademais, Duna é essencialmente uma história política, algo que a adaptação soube aproveitar bem, ao explorar: alianças, inimigos, disputas de poder, a figura de um possível Messias e a iminência do conflito da Guerra Santa. É possível traçar numerosos paralelos com o nosso mundo.
Dennis Villeneuve, cineasta responsável pela direção do filme, traz uma obra cinematográfica cuidadosamente planejada em seus mínimos detalhes e uma experiência imersiva para o espectador. O filme retrata com precisão características e elementos que permitem que a audiência se familiarize com o universo de Duna.
Do clamor das multidões, à cultura dos Fremen, a textura dos ambientes, à misticidade do Kwisatz Haderach, do Lisan Al Gaib e das Benne Gerreset, às cenas de duelo, há a preocupação de se fundamentar a história, introduzir e situar os personagens e exibir sequências de ação. O roteiro de Duna 2 é bem-estruturado, apresentando gradualmente os novos elementos do filme para o espectador, dando conta da extensão e da riqueza de detalhes inerentes à história.
A fotografia do filme e a estética das cenas são memoráveis (a exemplo do trabalho de Villeneuve em Blade Runner 2049), um traço característico do diretor que prioriza imagens fortes e som claro sobre os diálogos em suas obras. Tal experiência imersiva é potencializada pela trilha sonora arrebatadora de Hans Zimmer, sendo um dos principais pontos positivos do filme. A trilha sonora de Duna: Parte 2 contribui diretamente para a dramaticidade e magnitude do filme.
Destaque para as atuações excepcionais de Timothée Chalamet, Roberta Fergunson e Javier Barden, cujos papéis são indispensáveis para se compreender os eventos e escolhas ao longo do filme e para dar credibilidade à história. Zendaya também brilha como Chani, um papel cujo destaque é enfatizado na versão cinematográfica (diferente do que ocorre na obra literária), contribuindo para uma caracterização mais aprofundada do povo Fremen e da dimensão dos dilemas enfrentados por Paul.
Embora tenha menos tempo de tela, Austin Butler apresenta um Feyd-Rautha cruel e sombrio, surpreendendo completamente o público em um tipo de papel no qual o público não está acostumado a vê-lo. Florence Pugh, embora não tenho o mesmo destaque, chama atenção por trazer uma nova abordagem ao personagem da Princesa Irman.
Apesar do filme aproximar-se das 3 horas de duração, de forma alguma é cansativo. Em meio a batalhas, reviravoltas e sequências de tirar o fôlego, não se percebe que é um filme longo. Diferente do primeiro filme, possui um ritmo acelerado. Dado que Duna: Parte 2 apresenta ainda os preparativos e elementos desencadeadores do grande conflito da saga, a Guerra Santa, aguardo ansiosamente o próximo longa-metragem da saga e o desenrolar de eventos.
Obs: Há muitos nomes, termos e sub-tramas ao longo do filme, o que pode confundir parte do público. Assim, ainda que o filme recapitule os eventos do longa anterior, sugiro assistir ao primeiro filme para se lembrar dos eventos e detalhes do primeiro filme da saga e maximizar a experiência.
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