São Paulo é uma cidade que muitos dizem ser “ame ou odeie”, mas a verdade é quem pra quem vive nessa grande metrópole, a dualidade não é tão fácil assim. Há muitas nuances, contrastes e estilos por aqui e isso se reflete na arte e, sobretudo, na música, então, separamos 7 discos que falam sobre São Paulo, soam como São Paulo ou parecem ter sido feitos enquanto seus autores respiravam o ar – nada puro – de São Paulo e seus imensos contrastes.
Alguns discos levam apelidos de São Paulo, locais da cidade no título ou mesmo músicas que falam abertamente sobre a relação de seus autores com essa metrópole gigante que faz aniversário hoje, dia 25 de janeiro.
7 discos e a cidade de São Paulo ao fundo
- Lori – Cuore Aperto
Músicas em inglês, italiano e português que narram os conflitos de uma mulher cosmopolita. Poderíamos descrever o álbum “Cuore Aperto”, de Lori, com essa frase, mas talvez soaria muito raso perto das muitas camadas que o disco de estreia da cantora tem.
A multiplicidade de idiomas, ritmos e o storytelling por trás das duas fases do disco refletem o cotidiano de muitas meninas de São Paulo. E isso nem é a gente que está dizendo, Lori mesmo definiu seu álbum assim: “Meu disco é como a cidade de São Paulo: um centro urbano futurista, quase pós-apocaliptico, com prédios antigos e o ar clássico. Definido por contrastes: luz e sombra, introversão e extroversão.”
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- Antínoo – Antínoo Passa o Recado
Antínoo Passa o Recado é um daqueles discos tão São Paulo, mas tão São Paulo que foi lançado hoje, no dia 25 de janeiro, aniversário da cidade.
Produzido por Adriano Cintra (ex- Cansei de Ser Sexy), o disco é um passeio por diferentes referências de Antínoo, músico goiano radicado em São Paulo. Com influências de Andy Warhol, Jorge Mautner, Caetano Veloso, The Clash e Rita Lee, o álbum mescla artes plásticas e música, passando pela influência do chat GPT no nosso cotidiano… arte, música e tecnologia te lembra alguma cidade?
A capital paulista, inclusive, é homenageada em uma das faixas do álbum, “São Paula”, sobre a qual Antínoo diz: “Não devemos esquecer que o Modernismo, nascido nas florestas amazônicas, floresceu aqui, em São Paulo, assim como a Tropicália, fruto da colaboração entre baianos e paulistas. E a Bossa Nova, uma ideia de João Gilberto, baiano de origem, concebida em Minas Gerais e que germinou no Rio de Janeiro, teve sua grandeza reconhecida primeiramente nesta cidade. Um lugar onde os sonhos se realizam e as frustrações também. Onde as pessoas amam, trabalham, bebem, sonham, choram e vivem.”
- Thiago Pethit – Mal dos Trópicos (Queda e Ascenção de Orfeu da Consolação)
Com um pedacinho de São Paulo até no nome do disco – Consolação –, e trazendo Orfeu, o personagem mitológico que vai ao inferno resgatar sua amada, a 2019, ano de lançamento do álbum, Thiago Pethit passeia pela cidade como alguém que assim como o personagem do título, vai ao inferno e retorna, mas dessa vez a um local cinza e caótico que desperta uma melancolia, menos rock’n roll, como o disco antecessor a Mal dos Trópicos, e mais MPB.
Em um dos singles do disco, “Orfeu”, Thiago cita lugares de São Paulo e apresentou um videoclipe com cenas da cidade.
“Fazer do teu sexo / O meu verso controverso / Meu desejo é festa pagã / Quando eu te beijo no Copan (…) Quando vem a noite / Eu sou o amante / Que você devora / De trás para frente / Feito Bacante / Lambendo seus dentes / Pra mastigar meu coração / Pelos bares da Consolação (…)”
- Molho Negro – Estranho
De Belém, Molho Negro se destacou pela irreverência em suas letras. ESTRANHO, 5º álbum de estúdio da banda, tem todos esses elementos, mas é um pouco mais sério e os primeiros singles já deixaram isso claro.
O primeiro deles, “Berrini”, parecia explicar o motivo do álbum parecer mais cinza do que os anteriores, já que é o nome de uma das regiões mais lotadas de prédios e conhecida pela quantidade de empresas na cidade. E a influência da cidade no processo criativo da banda estava de fato ali, conforme João Lemos, vocalista do Molho Negro, contou na entrevista que fizemos antes do lançamento do álbum: “Nós moramos aqui há, aproximadamente, 5 anos, e é natural que a cidade comece a se infiltrar no universo lírico da banda, acredito eu que o olhar de migrante sempre vai estar presente também, da pessoa que parte, que volta etc., mas São Paulo é uma cidade que pode abraçar e esmagar na mesma proporção. Pra mim, a coisa mais valiosa daqui é justamente todas as pessoas que vivem aqui em busca de alguma coisa e, no meio do caminho, os semelhantes acabam se encontrando”.
- Vespas Mandarinas – Animal Nacional
Quando o Vespas Mandarinas apareceu na cena lá em meados de 2009, a banda chamou atenção por soar atual e também remeter a grandes nomes do rock nacional dos anos 80/90. Com “Animal Nacional”, fez história, especialmente por soar como uma banda de rock tipicamente paulistana e incluir entre tantas faixas sobre angústias, amores e outras vivências a famosa “Santa Sampa”, uma homenagem à cidade dos integrantes.
- Jão – Super
São Paulo aos olhos de um jovem do interior, é assim que Jão apresenta a cidade pelo seu ponto de vista no disco Super, sobre suas desilusões amorosas e sobre ter saído de Américo Brasiliense pra tentar crescer nessa enorme metrópole, assunto que ele trata na faixa “São Paulo, 2015”, facilmente identificável por muitos jovens que podem ter passado ou estão passando por esse momento de se olhar e olhar pra cidade e ver o que mudou.
Além disso, o videoclipe de “Me Lambe” traz uma atmosfera super paulistana, sendo gravado nos famosos karaokês do bairro da Liberdade.
>>E a estreia da SUPERTURNÊ foi em São Paulo, confira a nossa cobertura aqui
- CPM 22 – Cidade Cinza
Anos depois de mostrar a cidade de São Paulo no clássico videoclipe de “Regina Let’s Go”, o CPM 22 estreitou os laços com sua cidade natal, conhecida também como cidade cinza, apelido que deu nome ao disco de 2007, que segue atual não só pela letra da faixa-título, como também por ter mostrado ao mundo uma cena hardcore que só cresce em São Paulo e que ainda tem o CPM como um de seus nomes mais influentes.
“Eu vivo em São Paulo, na cidade cinza/ Coração quebrado/ O maior índice por metro quadrado/ Trânsito caótico/ Cidade Hardcore”