
Se estivesse viva, Rita Lee teria completado ontem, dia 31 de dezembro, 76 anos de idade, mas, infelizmente no dia 8 de maio de 2023, a maior rockstar do Brasil nos deixou após lutar contra um câncer. Meses após sua morte, eu consegui, enfim, ler a segunda das duas biografias de Rita Lee, escrita durante o tratamento inicial da doença.
Apesar da tristeza em saber que o fim daquele livro era o adeus à Rita, a obra foi uma continuação do sentimento que tive ao ler a primeira autobiografia, que Rita Lee escreveu em XXXX: eu e Rita Lee fomos amigas íntimas, mesmo que ela nunca tenha me conhecido.
Porque é assim que a gente se sente ao ler as autobiografias de Rita Lee, como se ela nos chamasse pra tomar um café e ali contasse seus maiores acertos e erros, afinal, Rita Lee nunca se escondeu. E em tempos de documentários e biografias tão “chapa-branca”, como os de Xuxa e Luisa Sonza, que só mostram o quanto a vida de tais artistas foram sofridas e o quão brilhante elas são, os livros das histórias de Rita são sinceros, passando por seus problemas com drogas, a prisão, as tretas, mas também as histórias de seus maiores hits, a relação de Rita com os pais e os filhos e a linda história de amor e música com Roberto de Carvalho, o que torna tudo mais verdadeiro e humaniza aquela figura mítica que víamos de Rita Lee nos palcos.
Em Rita Lee: Uma autobiografia, Rita focou em contar que sempre foi a “ovelha negra da família” e como se tornou o que se tornou. Ela mesma afirma que sua intenção com a biografia era se despedir da persona dos palcos e, enfim, viver no meio do mato como uma senhorinha tranquila cercada de seus filhos, netos e animais de estimação.
Mas a vida de Rita sempre foi uma história digna de filme e reservou mais uma reviravolta para a cantora. Em 2020, Rita, em meio à pandemia de Covid-19, descobriu um câncer e escolheu desabafar escrevendo uma nova autobiografia, na qual narra como descobriu a doença, como se recusava a fazer o tratamento no início, mas que ao ver o carinho de seu marido e filhos, lutou para se curar por conta deles.
Como dito, sabemos que o fim da segunda autobiografia é um adeus à cantora, mas a leitura não deixou de ser leve, pois Rita encarou com leveza o fim de sua vida e deixou transparecer isso em seus escritos. Além disso, não deixou de fazer música e arte mesmo estando debilitada. E, assim, não deixou de ser uma inspiração mesmo depois de partir.
Já li outras autobiografias, mas poucas foram tão sinceras, por isso, não erro em afirmar que as biografias de Rita Lee são as melhores da literatura brasileira. E a sua preferida, qual é?