Depois de uma longa produção, “Mamonas Assassinas: O Filme” finalmente saiu do papel e estreia hoje nos cinemas nacionais. O filme conta a história da lendária banda de Guarulhos que foi sucesso estrondoso nos anos noventa e conquistou todo o Brasil em questão de meses de existência. O filme retrata momentos importantes na jornada de Dinho, Júlio Rasec, Bento Hinoto e os irmãos Sérgio e Samuel Reoli, desde a primeira banda Utopia, passando pela formação dos Mamonas Assassinas, até o auge do sucesso.
O filme é dirigido por Edson Spinello, produzido pela Total Entertainment, coproduzido pela Mamonas Produções, pela Claro e distribuído pela Imagem Filmes. O roteiro é assinado por Carlos Lombardi (conhecido por obras como “Quatro por Quatro”, “Quinto dos Infernos”).
A produção do filme se preocupou em manter contato próximo com a família dos integrantes dos Mamonas, de forma que a personalidade de cada um fosse ilustrada com precisão e muito respeito, esse é um dos fatores que torna o filme charmoso. A realidade por detrás da banda é retratada com leveza e humor, mostrando que eles eram apenas rapazes vivendo um sonho, com seus erros e acertos. De forma geral, o roteiro é muito respeitoso com a memória deles.
Claro que também há elementos fictícios, até para que o filme tenha uma montagem com cara de filme mesmo, não de documentário. Porém, é nesse quesito também que vemos alguns deslizes. Na verdade, antes de ser um filme, a história foi pensada para virar uma série, o que ainda não foi descartado de acontecer. Então alguns problemas de ritmo ficam bem evidentes, como por exemplo no início, quando um dos integrantes da banda Utopia chama Dinho pra ser o vocalista. Um certo conflito que havia entre duas pessoas foi rapidamente solucionado de uma cena para outra, sem muita explicação.
A partir desse ponto, o espectador tem duas escolhas: desapegar de questões técnicas e curtir o filme apenas como uma homenagem nostálgica ou se frustrar com essas oscilações de ritmo e tom.
Por falar em ritmo, mas dessa vez musical, temos o grande trunfo da produção: as músicas e reprodução dos shows icônicos da época. Os atores que interpretam os integrantes de fato se tornaram uma banda e aprenderam a tocar as músicas – aliás, as músicas que vemos no filme foram todas regravadas já com os instrumentais do elenco e o vocal de Ruy Brissac, que interpreta o Dinho. A semelhança entre o ator e o verdadeiro Dinho chega a ser assustadora. Ruy já havia interpretado o músico em um musical dos Mamonas e foi a escolha certa para reprisar o papel no filme, porém, a forma como ele interpreta Dinho no longa beira o infantil porque é como se ele fosse sempre meio “bobão” demais. Isso pode ser culpa do roteiro que provavelmente se preocupou mais em deixar o músico com uma eterna imagem de menino engraçado, que fazia caretas e piadas, mas não se arriscou em trabalhar um lado mais dramático e verdadeiramente humano nele.
O restante do elenco também conseguiu trazer muitas semelhanças tanto físicas quanto nos trejeitos e figurino. De forma geral, não tem como criticar a caracterização. Arrisco dizer que em alguns momentos você pode esquecer que aqueles ali não são os verdadeiros Mamonas.
Apesar de a história focar um pouco mais na vida de Dinho. O maior destaque em questão de atuação ficou para Rhener Freitas e Adriano Tunes que interpretaram os irmãos Sérgio e Samuel Reoli, respectivamente. A dupla mostrou muita química e a gente consegue acreditar que eles são irmão de verdade, além de terem a única história paralela do filme que realmente funciona e mostra o lado humano deles. Robson Lima também teve seus momentos como Júlio Rasec, apesar de aparecer menos, ele trouxe o carisma característico do verdadeiro Júlio. Beto Hinoto, que interpretou seu tio Bento Hinoto apareceu menos ainda, mas em todas as cenas trouxe uma certa emoção – talvez por saber que ele é da família mesmo e que essa foi uma linda homenagem.
Por falar em homenagem, fica claro que o filme não pretende focar na tragédia que ceifou a vida dos integrantes, em vez disso, foca em trazer uma mensagem de que os Mamonas ainda vivem, mesmo que seja em nossas memórias e corações.
A mensagem de que eles ainda vivem foi tão forte que o próprio elenco e produção chegou a comentar que em diversos momentos durante as gravações eles sentiram como se estivessem sendo acompanhados pelos verdadeiros mamonas, não de uma forma assustadora, mas quase como se eles estivessem recebendo um sinal verde para seguir com o filme. É inegável que o longa tem muito coração, por mais brega que seja dizer isso, mas em termos de cinema mesmo, poderia ter ido muito além e se tornado uma cinebiografia imbatível.
Mamonas Assassinas: O Filme funciona como uma linda homenagem à banda de rock mais irreverente do Brasil, mas não vai muito além disso.
Confira o Trailer de Mamonas Assassinas: O Filme
Elenco:
Ruy Brissac: Dinho
Rhener Freitas: Sérgio Reoli
Adriano Tunes: Samuel Reoli
Robson Lima: Júlio Rasec
Beto Hinoto: Bento
Fefe Schneider: Adriana
Jessica Córes: Claudia
Jarbas Homem de Mello: Hildebrando
Guta Ruiz: Célia
Joãozinho: Marcos
Isa Prezoto: Grace Kelly
Ton Prado: Enrico Costa
Nadine Gerloff: Fânia
Patrick Amstalden: Zaca
Ficha Técnica
Direção: Edson Spinello
Preparação de elenco: Jarbas Homem de Mello
Diretor de Fotografia: Pedro Iorio
Figurino: Heitor Taddeo Ramaglio
Maquiagem: Lucas Martins
Produção de Elenco: Solange Jovino e Tate Costa
Som Direto: Zezé D’Alice,ABC
Roteiro Original: Carlos Lombardi
Edição de som e mixagem: Gabriel Pinheiro,A3pS
Montagem: Rodrigo Daniel Melo,edt
Trilha Sonora: Ronaldo Pellicano
Produção Executiva: Marcos Didonet, Vilma Lustosa e Walkiria Barbosa
Produtores: Marcos Didonet, Vilma Lustosa e Walkiria Barbosa
Coprodução: Mamonas Assassinas Produções e Claro
Produção: Total Entertainment
Distribuição: Imagem Filmes