Após 15 anos desde a última vinda ao Brasil e com um longo hiato da banda no meio disso, o RBD finalmente anunciou que faria uma tour de reunião e voltaria a tocar em solo brasileiro. Essa foi a notícia divisora de águas para muitos fãs: gente que sempre acompanhou os integrantes do grupo mesmo em carreira solo; gente que viveu muito a fase do RBD, mas já tinha desencanado; gente que nunca teve a oportunidade de ir a um show; gente que agora vive outro momento, cuidando da família. Todo tipo de gente se unindo por uma só causa: ver um show do RBD em pleno 2023. Pense numa mistura de todas as tribos, só que não, não foi o “Norvana” que fez isso, foram Anahí, Christopher, Christian, Dulce e Maite, o RBD.
Acho que nem cabe aqui dizer o tamanho do sucesso e impacto que o grupo teve no auge dos anos 2000 entre os adolescentes brasileiros, todo mundo já viveu, mesmo que indiretamente, a fase RBD. Não foi surpresa quando o primeiro show esgotou, nem o segundo, nem o terceiro… A verdade é que essa turnê já foi um sucesso antes mesmo de começar.
E enfim chegou novembro e com ele os shows mais esperados pelos fãs. Uma sequência longa sequência de apresentações foi marcada, os primeiros no RJ, dias 10 e 11/11, depois em São Paulo nos dias 12, 13, 16, 17, 18 e por fim 19/11 – cansou de ver todas essas datas? Agora imagina performar quase que sem tempo para descansar o corpo?
Pois é, depois de cinco shows lotados, cada um com cerca de 2:30 de duração, uma hora alguém sentiria o corpo cobrar. Dulce María já havia demonstrado alguns desconfortos com a saúde, avisando que estava com algum tipo de gripe, mas conseguiu se recuperar e seguir com a agenda. Não foi o caso de Anahí, que começou a se sentir mal durante a semana, tendo muita dificuldade para realizar o show do dia 17, por fim precisou ir para o hospital antes do final da apresentação, sob fortes dores nas costas e muito mal-estar. A apreensão tomou conta dos fãs, que não sabiam se ela se recuperaria para fazer os últimos dois shows no Brasil. Eis que a notícia que ninguém queria esperar veio, Anahí foi diagnosticada com uma infecção renal grave, e sua participação no show do dia 18 foi cancelada.
Um show para ficar para a história
Dia 18 de novembro de 2023, o estádio do Allianz Parque começa a encher logo cedo. Em São Paulo, a previsão era de virada de tempo, seguida de um forte vendaval e tempestade. Nem isso parou os fãs do RBD. Era pouco antes das 19h e a pista premium já estava lotada, muita gente comentando sobre a situação de Anahí, muita gente se lamentando, outras pessoas já conformadas, mas certamente o clima mostrava que aquela noite seria diferente.
Pouco depois das 20h, as luzes se apagam, Christian, Christopher, Dulce e Maitê sobem ao palco sob muitos gritos do público: era iniciado o show do RBD. A Setlist pouco mudou de um show para o outro, mas cada show era único, e esse foi com certeza o mais diferente de todos. Tanto que logo no início, Christian Chávez disse aos fãs que o grupo também não sabia bem como seria a noite porque eles nunca tinham feito aquilo antes (se apresentar sem a Anahí), mas que eles fariam o melhor que pudessem porque o mais importante para eles são os fãs. E assim o fizeram.
O show seguiu passando por músicas que marcaram a carreira da banda e a vida dos fãs. Música após música, a sensação era a de realizar um sonho mesmo – olhava para os lados e via muita gente chorando, confesso que isso também aconteceu comigo em vários momentos. É gostoso demais sentir essa nostalgia gostosa, ainda mais quando foi algo que marcou tanto a nossa vida, né?
Os 4 integrantes cantaram, performaram, dançaram, conversaram com os fãs, fizeram um verdadeiro espetáculo para ninguém colocar defeito. Cada um deles tem seu momento solo, aquele momento de brilhar no palco, mas nesta noite um dos integrantes teve ainda mais destaque: Christian Chávez.
Christian já vinha sendo destaque nos shows por ter uma postura mais livre e finalmente poder se sentir à vontade na própria pele, sem precisar se desculpar com ninguém. Um homem gay, “viado”, como gosta de ressaltar, e feliz. Além dos momentos em que troca de figurinos, dança, coloca corset, máscara de gato e faz pose com leque, o cantor encarou um novo desafio: se vestir com as roupas da Anahí e fazer a parte dela em músicas como “Otro Dia Que Vá” e “Así Soy Yo“. Deu muito certo, o público foi ao delírio – certamente um show para recordar.
Christopher teve seu momento também, com o solo de “Inalcanzable“, onde canta, dança de um jeito só dele e arranca suspiros do público, afinal, sem a participação do Alfonso Herrera na turnê, o posto de galã do grupo ficou exclusivamente para ele. Maite Perroni também foi uma estrela à parte no show, sinceramente não tem absolutamente nada que possa ser criticado nela: é linda de doer, canta absurdamente bem, dança e é muito carismática. O mesmo pode-se dizer de Dulce María, que tem uma legião de fãs só dela, o que era muito notável ao ver muitos cabelos no tom vermelho marsala. Dulce é tão grandona que um dos momentos mais emocionantes é justamente em seu solo, quando canta “No Pares“.
Mesmo debaixo de forte chuva, o público não desanimou, todo mundo cantou junto em absolutamente todas as músicas, algo que só o brasileiro sabe fazer com tanto amor. Tudo parecia lindo, de fato o RBD não é só a Anahí, mas a verdade é que vez ou outra a ausência dela machucava, fosse num agudo de alguma música, em momentos em que normalmente quem puxava o público era ela, mas principalmente em duas músicas: “Enséñame” e o hino dos hinos “Sálvame“.
“Enséñame” não foi tocada, o grupo simplesmente retirou do setlist, o que, honestamente, não fez sentido porque por mais que a parte da Anahí seja muito importante, ainda tem a Dulce e a Maite que segurariam tranquilamente, além do público cantando junto. Foi a primeira pontada forte que senti pela ausência da Anahí, mas nada me preparou para o que viria a seguir: “Sálvame” também foi retirada do setlist. Aqui doeu, mas doeu profundamente porque essa é uma das músicas mais famosas do RBD, além de ser o momento mais bonito do show, quando todos os fãs acendem as lanternas dos celulares e cantam junto. Simplesmente não teve, não teve sequer uma menção, um trecho ou o instrumental que fosse… nada.
Em seguida, veio a música que fez o RBD ser quem é hoje: “Rebelde“, num momento icônico onde os integrantes fazem uma performance teatral colocando o uniforme do colégio Elite Way School, da novela Rebelde. Este foi o momento de despedida daquele show, afinal é a música de encerramento. Muitos aplausos, gritos, papéis picados, agradecimentos… mas, para mim, esse foi o momento em que caiu a ficha: eu assisti a um show quase perfeito.
O que conforta é saber que a Anahí se recuperou, saiu do hospital, conseguiu fazer o show seguinte e agora está fora de risco. Isso dá esperança de que um dia quem não conseguiu realizar o sonho de ver um show com ela finalmente consiga. 2024, será? Aguardemos!
Setlist do show do RBD no dia 18 de novembro no Allianz Parque
- Tras de mí
- Un poco de tu amor
- Cerquita de ti
- Aún hay algo
- Otro día que va
- Así soy yo / Cuando el amor se acaba / Fuego
- Inalcanzable
- Tenerte y quererte / Me voy / Dame / Y no puedo olvidarte / Para olvidarte de mí
- Qué hay detrás
- Tu amor
- Celestial
- Bésame sin miedo
- Ser o parecer
- Futuro ex-novio / Qué fue del amor
- No pares
- Este corazón
- Siempre he estado aquí
- Empezar desde cero
- Una canción / A tu lado / Quizá / Adiós
- Solo quédate en silencio
- Nuestro amor
- Rebelde