Na última sexta-feira, 20, as lendárias integrantes do L7 se apresentaram em São Paulo, no Carioca Club, com abertura das bandas Cólera e As Mercenárias.
Às 19h30, meia hora depois da abertura das portas, a casa já estava bem cheia, talvez o mais cheio que eu tenha visto o Carioca ficar nos últimos meses, ainda mais em um horário “tão cedo” em plena sexta-feira.
Mas a semi-lotação do espaço às 19h30 tinha uma razão muito especial: a banda de abertura da noite era ninguém mais ninguém menos que os ícones do punk rock paulista: Cólera.
E fazendo um show sem defeitos pra nenhum fã de punk rock, por alguns momentos a gente até esquecia que o público presente tinha ido ver a L7 e achava que a casa estava lotada por causa do Cólera, que levantou todo mundo, aqueceu bem o público naquela noite gelada de São Paulo e fez a casa inteira gritar PELA PAZ EM TODO O MUNDO.
Alguns minutos depois, As Mercenárias subiram ao palco do Carioca Club com mais punk rock, mas, dessa vez, um pouco mais dançante. Contando com duas convidadas especiais, as cantoras Mayla Goerisch (Bumbo Mudo) e Bibiana Graeff (Anvil FX), As Mercenárias deram o tom do que seria aquela noite a partir dali: mulheres à frente, mulheres poderosas e revolucionárias à frente.
Enfim, com casa cheia, muito cheia, inclusive, o público se espremia na frente do palco e até o fundo da casa para acompanhar o mais perto possível a entrada das mulheres do L7, que Donita Sparks, Suzi Gardner, Demetra Plakas e Jennifer Finch.
Começando com alguns problemas no som, Donitta deixou bem claro que a única coisa ali que não era um problema era o público de São Paulo, que era insano.
E o público se mostrou insano mesmo, com vários moshs ao longo do show e um coral altíssimo acompanhando o setlist da banda, tanto que a energia da plateia foi elogiada outras vezes durante o show, com Donita ressaltando que estava cansada e que o público ainda permanecia de pé e animado durante o show, que durou 1 hora e meia de hit atrás de hit.
Abrindo os trabalhos com “Deathwish” e “Andres”, os clássicos “Pretend we’re dead”, “Shitlist” e “Wargasm” ficaram para o final, mas o setlist ainda contou “Bad Things”, “Fuel my fire”, “Non existent Patricia”, “One more thing” e terminou com “Fast and Frightening”, mostrando que o setlist tinha fôlego para mais uma hora e meia de show, além do que já tinha passado.
Sobre ver L7 no palco, os homens podem ter curtido o show, mas para as mulheres o significado é, sem dúvida, muito maior. É forte, intenso.
Pra mim, que nasci em 1993, quando o L7 veio ao Brasil pela primeira vez abrir os shows de uma das minhas bandas favoritas, o Nirvana, foi particularmente especial ver esse show, já que agora, 30 anos depois, elas seguem sendo incríveis e “brabas” demais no palco. Em alguns momentos, parecia que eu estava vendo um show de uma banda de jovens garotas revoltadas – as que eu citei nessa resenha do novo álbum da Olivia Rodrigo -, afinal a energia das integrantes e a alegria que elas emanavam no palco, mesmo depois de tantos anos de estrada foram extremamente inspiradoras. Mas quando eu lembrava que aquelas “garotas revoltadas” já passaram dos 40, o sentimento era mais inspirador ainda, num mundo em que nos colocam em caixas e afirmam que o auge da nossa beleza é aos 15 e que depois dos 30 temos que cumprir papéis que nos excluam da diversão, dos palcos e, sobretudo, de sermos nós mesmas.
Não há auge da beleza aos 15 e aos 30 as coisas não precisam parar. E se tratando de L7, elas não parecem querer parar e a gente é quem ganha com isso. Vida longa ao L7.
Setlist completo do L7 em São Paulo
- Deathwish
- Andres
- Everglade
- Scrap
- Shove
- Stadium West
- One More Thing
- Mr. Integrity
- Slide
- Can I Run
- Human
- Bad Things
- Monster
- Fuel My Fire
- Fighting the Crave
- Drama
- Non-Existent Patricia
- Wargasm
- Pretend We’re Dead
- Dispatch From Mar-a-Lago
- Shitlist
BIS:
- American Society
- Fast and Frightening