
Buzzcocks (Divulgação)
O que os punks paulistanos têm em comum com músicos do Clash, Ramones, Sex Pistols, Nirvana, The Damned, Iggy Pop, Madness, Cock Sparrer, Joy Division, The Smiths, Pearl Jam, Social Distortion e inúmeras outras bandas icônicas? Pode parecer difícil conectar tantos nomes de diferentes estilos, mas tudo faz sentido com o show deste sábado em São Paulo: Buzzcocks!
Na sua quinta passagem pelo Brasil — e após 15 anos longe dos palcos nacionais — a banda inicia sua nova turnê brasileira por São Paulo, neste sábado (24), no Carioca Club. Será o primeiro show no país desde a morte de Pete Shelley, vocalista, letrista e cofundador da banda. Agora, os vocais ficam a cargo de Steve Diggle, único membro original remanescente da formação de 1976.
Com 49 anos de história, listamos 5 atos marcantes que explicam por que você não pode perder esse (quase esgotado) show histórico do Buzzcocks:
5 curiosidades sobre o Buzzcocks
1 – New Hormones: o primeiro selo punk independente e o “nascimento” do DIY na música
Hoje, com as ferramentas digitais, lançar música de forma independente ainda é desafiador – imagine isso em 1976. Para Pete Shelley e Howard Devoto, a dependência de grandes gravadoras era uma contradição para o espírito punk. Sem apoio da indústria, eles criaram o selo New Hormones e lançaram o EP “Spiral Scratch” sozinhos, abrindo caminho para a cena indie e DIY (do it yourself) que influenciaria milhares de artistas nas décadas seguintes. Um ato que mudou a forma de se fazer música alternativa.

2 – O (quase) show com os Sex Pistols em Manchester: um dos nascimentos do punk
O punk teve vários marcos fundadores, conhecidos como o ‘nascimento do punk’: a formação dos Ramones em 74, os primeiros singles do Clash e dos Pistols, a abertura da casa CBGB em NY, a estreia do The Damned, o disco “Horses” da Patti Smith…
Um deles (e dos principais) não poderia ser sem os Buzzcocks. No dia 4 de junho de 1976, em Manchester, Howard Trafford e Pete McNeish organizaram o primeiro show dos Sex Pistols na cidade. Os Buzzcocks também tocariam, mas com imprevistos da banda, não puderam seguir com o show. Mesmo assim, aquele evento foi o ponto de virada que transformou Trafford e McNeish em Howard Devoto e Pete Shelley, fundadores dos Buzzcocks. O impacto daquele show não foi só para o Buzzcocks: Morrissey estava na plateia e sairia dali com a ideia de montar sua própria banda. Ian Curtis e Peter Hook também estavam presentes — este último compraria sua primeira guitarra no dia seguinte, dando origem ao Joy Division.
Pouco mais de um mês depois, os Buzzcocks enfim tocariam ao lado dos Pistols – e seriam a primeira banda a dividir o palco com uma então desconhecida chamada The Clash.

3 – A origem do nome Buzzcocks
A história mais contada é que Pete Shelley e Howard Devoto se inspiraram na expressão “Get a buzz, cock”, comum entre trabalhadores de Manchester, algo como “curta a vida, cara” – ou, numa tradução bem paulistana: “aproveita, mano”.
Mas o nome vai além, também entram outras conotações que falam muito sobre a banda, “buzz” muito usado para falar de energia e a conotação sexual implícita de “cock”, trazendo o toque irônico e típico do humor britânico – algo na linha do que os Sex Pistols também fizeram com o próprio nome.

4 – Os shows no Brasil em 2025
Nas passagens anteriores (1995, 2001, 2007 e 2010), os Buzzcocks dividiram o palco com nomes nacionais como Dead Fish, CPM 22 e Sapobanjo, além das internacionais The Adolescents e Less Than Jake.
Neste sábado, em São Paulo, tocam ao lado das bandas Excluídos e Sweet Suburbia – talvez, de todos, o line-up mais afinado com o som e o público dos Buzzcocks. Sábado será dia de ver por que o punk não morre, e “Ouvir Buzzcocks e Sweet Suburbia também”.
Já no domingo, 25, em Porto Alegre, a banda de abertura é a Treva, que pode até se distanciar dos britânicos em sonoridade, por ser mais voltado ao blues, mas ainda assim mantém a atitude punk. Conheça a Treva aqui.
5- O punk além da política
Enquanto o Clash denunciava o racismo e a repressão policial, e os Sex Pistols atacavam a monarquia britânica, os Buzzcocks exploravam algo diferente: sentimentos e temas mais humanos. Assuntos como amores não correspondidos, solidão, desejo, raiva, sexualidade… aparecem em seus principais hits:
- “Ever Fallen in Love (With Someone You Shouldn’t’ve)” sobre a vulnerabilidade da paixão por alguém que você não deveria se apaixonar;
- “What Do I Get?” sobre a solidão e o desejo por amizades verdadeiras, algo a mais do que momentos passageiros.
- “Everybody’s Happy Nowadays” sobre a busca constante (e ilusória) pela felicidade, tão atual em 2025 quanto era em 1979.
- “Orgasm Addict”, uma provocação sobre compulsão sexual, tema proibido e censurado na época
Quer ir a algum dos shows do Buzzcocks no Brasil? Acesse aqui para mais informações!
Quem assina: Matheus Paiva