
Foto: @gustavoanterio.sp
A banda escocesa Simple Minds, uma das protagonistas da cena new wave e pós-punk dos anos 80, seguiu ativa mesmo com alguns hiatos e, no início de maio passou por São Paulo para mais um show da sua turnê mundial. Estive no Espaço Unimed, pelo Musicult, para conferir de perto!
A banda abriu o show com “Waterfront”, de 1984, entrando no palco pontualmente às 20h. Com o público majoritário 50+ ainda não muito aquecido, o setlist seguiu com um hit de 2018: “The Signal and the Noise” que, apesar de ter uma batida mais animada, não foi o suficiente para fazer todo mundo dançar. Mas ainda era só o começo da noite…

Antes de pisar em solos brasileiros em 2025, o Simple Minds passou pelo país outras quatro vezes. Além dos membros originais Jim Kerr (vocal) e Charlie Burchill (guitarra) – que estavam bastante carismáticos e com energia, a formação para o show contou com dois integrantes de destaques: Sarah Brown como vocal de apoio e a incrível Cherisse Osei na bateria.
“Vocês estão bem?” perguntou o vocalista Jim Kerr, com 65 anos e cheio de dançinhas no palco. Depois de “Speed Your Love to Me” ser recebida de um jeito morno pelo público, o Simple Minds seguiu com a nostálgica “Big Sleep” e o hit noventista “Hypnotised”.
Curiosa para saber se todos estavam na mesma vibe tranquila, dei uma volta. Encontrei muitos fãs acima dos 60 anos filmando e assistindo ao show imóveis, mas com sorrisos adolescentes no rosto. No fundo, algumas pessoas dançavam com passos que qualquer gótico reconheceria. Preferi focar nessas figuras — e num casal de preto empolgado na última fileira — do que nos que assistiam de braços cruzados, sérios demais mexerem o corpo um pouco sequer.
“Estamos só começando!”, disse Kerr antes de cantar a dark “This Fear of Gods”, de 1980. As luzes do Espaço Unimed apagaram, e por alguns minutos o show virou uma pista do clube gótico Madame Satã (Underground), em São Paulo.
Ver uma banda dos anos 80, histórica, ainda de pé e fazendo shows tem certa magia. Tanto para fãs de décadas quanto para gente como eu, que sente que nasceu na época errada. É como pegar no ar os últimos vestígios de uma era analógica.
Para o meio do show, uma das cenas mais satisfatórias foi assistir o solo de bateria de Cherisse Osei — uma mulher negra de 38 anos na bateria de uma banda criada por homens brancos de duas gerações anteriores. O que ficou evidente foi a admiração das mulheres na plateia, cheias de sorrisos e olhares brilhantes.

Quem foi ao show do Simple Minds em São Paulo só para ouvir a queridíssima “Dont you (Forget About Me)” não teve que esperar até o bis. De 17 músicas do setlist, o hit foi a 12ª, e aí não teve como mesmo; todo mundo cantou de braços pra cima. Se foi real ou da minha cabeça, até voou purpurina no ar. Depois de voltarem para o bis para tocar a minha favorita, “Alive & Kicking”. Jim disse não querer voltar pra casa “…por favor, deixem a gente tocar mais uma”. “Sanctify Yourself” encerrou a apresentação às 21h40.
O som no Espaço Unimed sempre deixa a desejar, e na apresentação do Simple Minds não foi diferente, infelizmente. Deixando isso de lado, para quem esteve presente no show a experiência, sem dúvida, foi tranquilamente divertida.