
Recentemente, o filme Nosferatu trouxe de volta um tema que, de tempos em tempos, ressurge nos cinemas, os vampiros e toda a mística e referências que compõem esses personagens. Com isso, a vontade do público de revisitar ou conhecer outras obras sobre o tema vêm à tona e A Rainha dos Condenados aparece como uma opção, nem tanto pela qualidade do filme em si, mas por sua estética, polêmicas e excelente trilha sonora.
O filme
Ao acordar em um novo mundo após dormir por anos, o vampiro Lestat se torna um famoso rockstar. Porém, sua música desperta Akasha, a rainha dos vampiros, que quer dominar o mundo, além de levar Jesse, uma jovem mortal apaixonada por temas obscuros, a se apaixonar pelo vampiro.
Baseado no terceiro livro da saga As Crônicas Vampirescas, de Anne Rice, A Rainha dos Condenados é uma continuação de Entrevista com o Vampiro, de 1994, adaptando também o segundo livro da saga, O Vampiro Lestat.
E justamente por tentar contar em um filme de 1h40 a história de dois livros, o filme frustrou boa parte do público e a própria autora, que afirmou que só assistiu A Rainha dos Condenados uma vez e que não assistiria nunca mais.
Mas o descaso de Anne Rice com o filme já vinha muito antes do lançamento, já que ela queria uma adaptação apenas do segundo livro e optou por não participar de nada em A Rainha dos Condenados.
Outro fator que contribuiu para o distanciamento da autora foi o elenco: Tom Cruise não pôde interpretar Lestat novamente por estar em outros projetos e, depois de a produção considerar Heath Ledger, Josh Hartnett e Wes Bentley, o protagonista ficou com Stuart Townsend, cuja atuação não foi das melhores.
A tragédia pós-filme
Akasha é interpretada por Aaliyah, que até então era um nome promissor no hip-hop e, apaixonada por livros de terror, aceitou o papel de rainha dos vampiros no filme. Porém, Aaliyah morreu em 25 de agosto de 2001, aos 21 anos, em um acidente de avião.
Aaliyah conseguiu gravar todas as cenas do filme, mas não conseguiu gravar a voz para a pós-produção, por isso, a equipe do filme chamou o irmão da cantora para dublar algumas das cenas, já que eles tinham vozes parecidas e a produção usou uma tecnologia de mixagem de voz.
Inclusive, no ano passado, A Rainha dos Condenados voltou a ser comentado após as teorias conspiratórias da internet ligarem P. Diddy à morte de Aaliyah.
É ruim?
Além da atuação pouco expressiva de Stuart Townsend, e de outros nomes do elenco, o filme se perde ao juntar os dois livros. O título foca na rainha dos condenados, mas ao assistirmos, Akasha fica em segundo plano, aparecendo depois de uma hora de filme e ficando em cena por apenas meia hora ou menos.
O romance entre Lestat e Jesse também é pouco explorado e, por alguns momentos, até esquecemos da existência de Jesse no filme.
Mas outros elementos tornam um filme divertido aos fãs de vampiros. Não há vampiros saindo à luz do dia, a estética rock’n roll é perfeita para a fotografia e a trilha sonora nu-metal, gênero que moldou o rock dos anos 2000, combina perfeitamente com a vibe soturna que buscamos em filmes de vampiros.
E mesmo com toda a crítica negativa, o filme está longe de ser um fracasso em termos financeiros, já que estreou em 1º lugar nas bilheterias na semana de seu lançamento e lucrou US$75 milhões, somando as bilheterias dos EUA e de outros países.
O melhor do filme: a trilha sonora
Se existe uma trilha sonora que conseguiu capturar a essência sombria e provocativa do início dos anos 2000, essa é a de Rainha dos Condenados. Misturando a agressividade do nu-metal com a atmosfera gótica do filme, o álbum se tornou um marco cultural e um reflexo fiel do som alternativo que dominava a década.
A trilha sonora original foi escrita pelo produtor musical e compositor de trilhas, Richard Gibbs, em parceria com Jonathan Davis, vocalista da banda Korn, que também tem uma leve aparição no filme. “Eu tive que me transformar em Lestat. Li os livros e escrevi letras sobre ser um vampiro de 400 anos, e foi muito divertido”, contou o vocalista à Metal Hammer
Porém, por questões contratuais, Davis não pôde gravar as versões oficiais para o álbum, sendo substituído por vocalistas icônicos como Wayne Static (Static-X), David Draiman (Disturbed), Chester Bennington (Linkin Park) e Marilyn Manson. Essa variedade de vozes deu ainda mais personalidade à trilha.
A trilha sonora de Rainha dos Condenados é um retrato fiel do som pesado que marcou a cultura jovem da época, transcendendo o filme e se tornando um álbum cultuado por fãs de nu-metal, metal alternativo e da subcultura gótica. A mistura de composições originais com músicas de bandas consagradas ajudou a consolidar a conexão entre cinema e música pesada nos anos 2000. Mesmo depois de duas décadas, essa trilha segue exaltada pelos fãs e provando que seu impacto vai muito além das telas.
E se A Rainha dos Condenados saísse hoje em dia?
Além do filme de 1994, Entrevista com o Vampiro virou série da Prime Vídeo entre 2022 e 2023 e a terceira temporada, que será baseada no momento em que Lestat se torna rockstar, estreia esse ano, ainda sem data definida.
Será que teremos uma trilha sonora tão icônica quanto a de A Rainha dos Condenados? Se, no início dos anos 2000, o nu-metal foi o gênero que marcou a época, hoje as bandas do “metal moderno”, como Spiritbox, Sleep Token e Bring Me The Horizon, são as mais comentadas. Será que alguma delas fará parte da trilha da série?
Esse texto foi uma parceria do Musicult com a página Fúria Underground. Você pode ler mais nesse post do Instagram: