
O mês do dia internacional das mulheres terminou e foi um mês e tanto para as mulheres na música, especialmente no Brasil, que recebeu shows de Olivia Rodrigo, St. Vincent, Alanis Morissette, The Marías, The Warning e Amyl and The Sniffers, as duas últimas, inclusive, tendo tudo a ver com a lista especial que preparamos para mostrar que, na real, o mês das minas é todo mês: bandas punk comandadas por mulheres pra você ouvir, uma collab Musicult com Camila Pazini, editora do blog Needles and Pins, que irá lançar um livro em breve sobre o tema.
11 bandas punk com mulheres pra você ouvir!
1 – Kumbia Queers
A efervescência do Carnaval passou e o tempo murchou? É sempre bom ter aquele som bem solar, buena onda, na playlist para dar uma animada. Com uma mistura de punk, queercore e cumbia, a Kumbia Queers é a escolha perfeita nesse quesito. A banda foi formada em 2007 por Pilar Arrese, Inés Laurencena, Patrícia Pietrafesa e Juana Chang, incluindo mulheres de outras bandas importantes do cenário musical de Buenos Aires, como She Devils, pioneiras do post-punk argento. Vale ouvir as duas!
2 – Vulpes
Falando em pioneiras e em música em espanhol, a Vulpes, criada em 1982, foi a primeira banda de punk rock inteiramente de mulheres da Espanha. Muito antes disso, no tardar dos anos 70, teve a banda Ultimo Resorte, mas era uma mista. Tiveram uma treta que desembocou em processo judicial quando tocaram a versão delas de “I Wanna Be Your Dog”, clássico do Stooges, chamada “Me Gusta Ser una Zorra” em pleno horário comercial em uma emissora do país. Do jeitinho que o punk deve ser: para incomodar, não para se curvar.
3 – Polikarpa y Sus Viciosas
Dando um salto para os anos 90 e adentrando a região da Colômbia, temos o anarco punk/thrash/hardcore da Polikarpa y Sus Viciosas. Se você vai mais para o espectro político da subcultura, a banda é um prato cheio; suas letras são como ações diretas, como o cheiro intragável de pneus queimados fechando uma avenida. É total música de protesto contra o sistema, fúria feminina elevada à décima potência por tudo de errado que a gente vê estampando manchetes de jornais todos os dias. A banda também é super engajada em movimentos sociais, transcendendo o protesto sonoro.
4 – Weedra
Uma das constantes de bandas riot grrrl é que as integrantes participavam de uma, duas, três e até quatro bandas do movimento. No Brasil, isso não foi diferente. Carol e Vinhão, aka Patrícia Saltara, tem um longo histórico de participação em bandas riot de São Paulo e criaram a Weedra.
Infelizmente, o trio encerrou suas atividades e a última vez que subiram aos palcos foi no festival com o Bikini Kill. Se você curte Sleater-Kinney, vai curtir Weedra e, automaticamente, vai conhecer todas as outras bandas da cena riot paulistana.
5 – Tamar Kali e o Sistah Grrrl Riot
O maior problema do riot grrrl noventista foi que o movimento acabou caindo em um feminismo hiper liberal e branco, deixando de lado outras identidades que precisavam ser agregadas no movimento. Com isso entalado na garganta, Tamar Kali, assim como outras mulheres negras que transitavam no cenário punk, criaram o Sistah Girl Riot. Não era uma banda só, eram várias, evocando diversas vozes apagadas pelo racismo estrutural na história do gênero musical.
6 – Agravo
Voltando a visceralidade e rapidez característica do punk, a Agravo, banda formada em 2022 por Amanda, Nicole e Camilla, mira no som de protesto, agressivo e cru. Uma mescla de influências das três integrantes que vão do punk ao metal, já as letras são um confronto aberto contra as mazelas de um mundo capitalista e patriarcal. A banda acabou de lançar seu primeiro disco, inclusive, intitulado “Persona Non Grata”.
7 – G.L.O.S.S
Falando em ideologia punk, a banda norte-americana G.L.O.S.S (sigla para, em tradução livre: garotas vivendo fora da m*rda da sociedade) se separou após alcançar um reconhecimento considerável e com um contrato com uma gravadora grande disposta na mesa. Antes disso, elas faziam um som engajado e pautado no feminismo trans-inclusivo, lideradas por Sadie “Switchblade” Smith.
8 – Klitoria
Se falamos de Amyl and The Sniffers no começo dessa lista, não podemos deixar de fora o potente quarteto que abriu os shows deles por aqui: Klitoria – que, inclusive, já citamos em outra lista de bandas com mulheres.
Formada por Malu (bateria e vocal), Brayner (guitarra), Aline (baixo) e Giovanna (teclado), a banda lançou em março o novo EP, Entre o Chão e o Assoalho, que mantém a verve punk nas letras, mas com melodias que mistura esse gênero com outras influências da banda, transitando entre hardcore, emo e o thrash metal.
9 – Transmissão Beta
Outro nome que já apareceu em listas por aqui, a Transmissão Beta é um dos nomes mais irreverentes do rock atual, com letras irônicas e de humor ácido em meio àquele som sujo que uma boa banda de punk sabe fazer. Em março, a banda de rock gayúcho, como eles mesmos se intitulam, formada por Ana Plá, Joan Santiago, Sofi Visor, Bruno Elk e Mirella Mota, lançou o EP Anarkia no Mercosul.
10 – Surfbort
Comandada por Dani Miller, uma das mulheres mais excêntricas – no melhor sentido da palavra – da cena punk atual, a Surfbort já ganhou o coração do Blondie, do Julian Casablancas, do Coachella e o nosso também. Dani fundou o Surfbort para se curar de traumas e canalizar sua energia em algo bom, por isso, ela usa o palco pra extravasar e, e em meio a performances insanas e letras que abordam política e problemas pessoais, ela lidera uma das bandas mais legais que já ouvimos nos últimos tempos. A banda, inclusive, abriu alguns shows da turnê do Descendents com o Circle Jerks, mas, infelizmente, não veio ao Brasil com eles.
11 – Lambrini Girls
Um dos melhores álbuns do ano, sem dúvida, a dupla Lambrini Girls é um nome promissor na cena punk, saindo de Brighton pra conquistar o mundo, Phoebe Lunny e Lily Macieira abordam temas como misoginia, racismo, homofobia e brutalidade policial em suas músicas e “Who Let the Dogs Out”, lançado em janeiro de 2025, foi elogiado justamente pela abordagem feroz e satírica desses temas sociais.
Lista feita a quatro mãos por Camila Pazini (Needles&Pins) e Letícia Pataquine (Musicult).
>>Confira aqui uma lista de mulheres no hip hop, uma parceria Musicult e PortalTopRap