
Nos anos 1960, o Brasil foi agraciado com uma das vozes mais lindas de todos os tempos. Para Elis Regina, por exemplo, uma das maiores cantoras que temos em nossa história, se Deus cantasse, cantaria com a voz de Milton Nascimento, que é retratado no documentário Bituca, que estreia nos cinemas na semana que vem, dia 20 de março.
Com 82 anos de vida e mais de 60 anos de carreira, o compositor fez uma turnê de despedida dos palcos brasileiros e internacionais em 2022, lotando estádios, teatros e até a Union Chapel, na Inglaterra, com arquitetura gótica do século 19. A turnê também visava comemorar os 80 anos do artista, completados na época.
Essa última tour, nomeada como “A última sessão de música”, deu origem ao documentário que abrange o evento em si, além de contar a história de Milton Nascimento, desde a infância marcada por perdas e descobertas, narrada por ninguém menos que Fernanda Montenegro, amiga e fã do cantor.
Ao longo do filme, amigos, artistas e figuras importantes da música nacional e mundial relatam suas experiências com Nascimento ou com sua obra e o quanto ela inspira. Nomes como Chico, Caetano, Gil, Djavan, Djamila Ribeiro, Criolo, Mano Brown, Pat Metheny, Quincy Jones e Esperanza Spalding falaram sobre a força de Milton e o quanto sua música chega a curar quem a ouve.
Milton Nascimento: o menino do clube da esquina
As cenas do documentário alternam depoimentos, registros da estrada e encenações de um menino que representa Milton ainda criança e suas descobertas nas cavernas onde conheceu o eco, pelo qual se encantou e tanto utilizou em suas canções. Ele é chamado de “tradutor da imensidão das montanhas, amante do eco”.
Os ouvidos do cantor sempre o fizeram explorar sons que muitas vezes passam despercebidos por ouvidos comuns: os sons da natureza, de Minas Gerais, dos risos, das conversas, do vento. Os músicos que tocaram com ele na turnê ou em outros momentos da vida comentam que com Milton sempre puderam ser livres para tocar como preferissem e que ele sempre conseguia orquestrar tudo a partir do que tinha em mãos no momento.
Tamanha genialidade justifica o reconhecimento de grandes nomes do jazz internacional, que se aproximam da música brasileira através dele. Essa grandeza o levou a conseguir diversas homenagens, como o título de Doutor Honoris Causa pela maior universidade de música do mundo, a Berklee College of Music, nos Estados Unidos, devido ao conjunto de sua obra, e um mesmo título pela Universidade Estadual de Minas Gerais (UEMG).
No filme, trechos da época do Clube da Esquina também contam a história de Milton. O álbum de 1972 recebeu uma versão em teatro musical, contando a história dos músicos amigos de Nascimento que, sem querer, iniciaram um movimento cultural na música mineira e, consequentemente, brasileira. Trechos da peça entraram no documentário.
Em 2022, o clube foi considerado o melhor álbum brasileiro de todos os tempos pelo podcast Discoteca Básica. No entanto, ele já havia entrado para a lista da revista Rolling Stone brasileira e para o ranking do jornal O Estado de São Paulo e da rádio Eldorado – com votação popular – como o sétimo e o segundo melhor álbum musical, respectivamente.
Na turnê “A última sessão de música”, os amigos do Clube da Esquina fizeram uma participação especial e, é claro, que não ficariam de fora do documentário. Lô Borges, que na época tinha apenas 18 anos, fala como Milton o acolheu e confiou nele. Juntos gravaram canções que marcaram a história da MPB.
Documentário nas telonas
A cineasta Flávia Moraes foi quem dirigiu o filme. Ela possui grande experiência na TV, teatro e música, à frente de shows premiados como “As 4 estações – Ao vivo”, dos irmãos Sandy e Junior, que, inclusive, estiveram na pré-estreia do documentário na noite de ontem (12). Outras personalidades como Liniker, a atriz Fernanda Rodrigues e o rapper Criolo marcaram presença no evento.
Sandy e Liniker, inclusive, são parte das vozes que compõem o álbum ReNASCIMENTO, com releituras das músicas do cantor. O lançamento do álbum está previsto para acontecer junto à estreia do documentário, ou seja, os fãs de Milton Nascimento poderão se deleitar com as duas novidades que chegam juntinhas.
“Milton Bituca Nascimento” estreia dia 20 de março e o público poderá celebrar o artista de renome global, levando à frente seu legado que mudou os rumos da música brasileira o. Anote na agenda e não perca a chance de assistir de perto os bastidores da turnê que marcou milhares de pessoas no Brasil e no mundo.