
Baseado no livro homônimo de Matt Haig, Os Radley é um filme que estreou no Brasil no início de março. O currículo dos envolvidos chama a atenção: o diretor da adaptação é Euros Lyn, da série “Heartstopper”, e o autor do livro que inspira a produção é o mesmo do best-seller “Biblioteca da Meia-Noite”.
Além disso, o longa conta com a atriz Kelly Macdonald como uma das protagonistas, mas seu potencial é muito mal aproveitado, assim como toda a história de Os Radley.
Caminhando entre o drama e a comédia, Os Radley conta a história de uma família aparentemente normal, mas, na verdade, eles são vampiros, porém, logo no começo do filme, entendemos que os pais, Helen (Kelly Macdonald) e Peter (Damian Lewis), ainda não contaram a verdade sobre a família para os filhos, que descobrem da pior maneira possível quem realmente são: a filha mais velha é assediada sexualmente e revida matando o agressor, em uma cena totalmente destoante do clima do filme, bem mais “pesada” do que o tom que a obra adquire na sequência.
Assim, o casal dos Radley precisa se livrar do corpo e também de uma possível investigação enquanto tenta explicar o que é ser um vampiro para os dois filhos adolescentes. Eles afirmam ser “abstêmios”, ou seja, lutam contra o desejo de beber sangue humano e, por isso, não incentivam os filhos a serem vampiros caçadores. Mas, como lidar com tudo isso não é fácil, eles apelam para Mark, irmão gêmeo de Peter, tio dos adolescentes e um vampiro que não tem dó de mortais.
Apesar da ideia ser interessante e a história fugir de alguns estereótipos sobre vampiros, já que os do filme podem sair no sol, por exemplo, o filme não empolga. A trama fica morna logo nos primeiros momentos e o roteiro se perde sem saber se foca na comédia, com o tio causando mais problemas do que soluções para a família, ou no drama, com o casal principal em crise, um adolescente descobrindo seus hormônios e um personagem secundário de um pai em luto também tendo que lidar com um adolescente. E no meio disso tudo, a personagem que mais se destaca no começo do filme, a filha mais velha, é totalmente deixada de lado no decorrer da trama, sem nenhum desenvolvimento.
No final, o filme parece usar a questão dos vampiros para fazer uma analogia a ser diferente e a crescer em um mundo que nos ensina a controlar nossos sentimentos a todo instante, mas, apesar da mensagem bonita, Os Radley não diverte e nem emociona.