
CAJU, um dos melhores discos de 2024, nasceu a partir do desejo pulsante de Liniker se presentear com um disco repleto de relatos pessoais, formado por composições que projetavam, até então, seus sonhos mais íntimos. A jornada narrada pela artista extrapolou a sua experiência individual e se tornou uma celebração coletiva, refletida não só no sucesso do álbum ou nos shows esgotados, mas sim na continuidade de sua obra. Agora, a faixa-título ganha uma versão menos introspectiva e muito mais dançante, tanto que ganhou um novo nome: ROCK DOIDO DE CAJU, um remix feito por Liniker em parceria com os artistas Baby Plus Size & Felino.
Mas, essa versão já é conhecida pelos fãs de Belém, que, durante a apresentação de Liniker no Festival Psica, em dezembro de 2024, foram surpreendidos pelo remix em tecnomelody.
O “ROCK DOIDO” criado pelos DJs Baby Plus Size e Felino já estava circulando nas redes sociais antes do evento e, após o sucesso no palco, foi lançado oficialmente em parceria com a cantora nesta semana.
“ROCK DOIDO DE CAJU é um marco na nossa música regional e nacional, um grande acontecimento, principalmente, na cultura periférica da Amazônia. Tornar esse momento real é mostrar para o mundo que é possível ter um tecnomelody nos álbuns de artistas reconhecidos”, comemora Baby Plus Size. “Somos independentes. Ralamos duro, exercendo várias funções para conseguir colocar uma ideia no mundo. Quando acontece algo assim, é uma grande satisfação. Sinto-me reconhecido”, acrescenta Felino.
O remix surgiu numa visita de Felino, natural de Mato Grosso do Sul, à casa de Baby Plus Size, que é paraense. Quando Baby viu que os shows da turnê eram encerrados com a versão funk de “CAJU (Trop Version)”, lançada com Tropkillaz, teve a ideia de apresentar seu remix para a cantora e compositora. Através de contatos com a produção, a faixa chegou até Liniker e, com o sucesso no festival, veio o convite para o lançamento oficial.
“A Liniker me fez reaprender a sonhar. Foi uma correria que ficará marcada para sempre na minha trajetória”, afirma Baby.
O remix ganha uma atmosfera ainda mais dançante com o visualizer, que é protagonizado e coreografado por Raiana Moraes. A bailarina viralizou no ano passado com sua performance na música “Get It Shawty”, de Lloyd, e, a partir de uma montagem nas redes sociais, usuários encaixaram a coreografia com “POTE DE OURO”. Liniker adorou o resultado e fez o convite para trabalharem juntas. “O processo coreográfico foi muito fluido para mim e tive a colaboração de Ycko, que é um dançarino com pesquisa em danças do Norte e Nordeste. Acredito que a dança sempre esteve em um movimento de impulsão das músicas, mas a forma que fizemos, com vários planos de câmera, trouxe um formato diferente e fora da curva para esse trabalho”, explica Raiana.
Gabe Lima assina a direção criativa e gráfica do projeto, junto com Gustavo Vieira, e descreve o visual como um “spin off da era CAJU”. “Esse lançamento deriva de uma releitura artística de diversos nomes. Os visuais celebram a autenticidade dos artistas envolvidos e um ponto de vista de quem está vivendo e se inspirando nas melodias, nas linhas e em toda estética de CAJU”, afirma Gabe. Poliana Feulo, também responsável pela direção criativa, reitera a importância do diálogo coletivo que o disco proporcionou.
Mas o que é o ROCK DOIDO?
O Rock Doido é um movimento musical do Pará, derivado do tecnobrega, tecnomelody, do carimbó e das famosas aparelhagens. Sua origem é a diversidade musical da música amazônica, tanto que seu “criador” ou “criadora” é desconhecido. Em uma entrevista, DJ Elison, nome famoso no Rock Doido, atribui a origem do estilo às misturas sonoras e às gírias paraenses – incluindo o grito “endoida, c****”, presente nas festas e músicas do Rock Doido.
O movimento é tão grande que já foi estrela de uma edição do projeto britânico Boiler Room, que aconteceu em Belém em dezembro de 2024, tem seu próprio app para que os fãs acompanhem os artistas paraenses e ainda ganhou um set especial nos show do Alok no Aurea Belem em 2024.