
Wina (Créditos: Alan Silva)
Nome já conhecido na cena eletrônica, Wina ganhou maior notoriedade após ser uma das finalistas do The Voice Brasil, mas, no fim de janeiro, a cantora e DJ deu um novo passo em sua carreira, com o lançamento do EP Overplugged, um trabalho comemorativo de reinvenção de músicas já conhecidas pelos fãs da cantora.
“Comecei minha jornada musical como cantora no rock, mas a minha jornada autoral foi no eletrônico, então, sempre misturei as duas coisas. Desde que comecei a fazer os shows eletrônicos com vocal e discotecando, fiz remixes de rock, já trazia o rock para dentro da cena e das festas eletrônicas”.
Com cinco faixas, o EP reúne as faixas mais tocadas da artista nas plataformas em versões mais rock’n roll eletrohits, como ela classifica seu som, ou, mais metal moderno, como se ouve falar atualmente de Spiritbox e Bring Me The Horizon, com elementos da música eletrônica em meio a guitarras pesadas, letras melódicas e guturais.
Mas o que é o Overplugged?
“Eu comecei minha carreira autoral na cena eletrônica, então todas essas cinco músicas que regravei têm uma linguagem bem eletrônica, da house music, e desde 2021 eu voltei a fazer shows com banda, com muito mais peso, então, senti a necessidade de fazer versões novas com elementos orgânicos, mas sem deixar de lado os elementos eletrônicos. E como é um compilado dos maiores singles, eu não tinha uma história única pra contar nele, um nome só pra ele, e um dia, ouvindo o Unplugged MTV do Korn, me peguei pensando nesse conceito de Unplugged, de transformar tudo em acústico, e o que eu estava fazendo era o contrário disso, um Overplugged, que é trazer mais elementos pra essas músicas.”
Com faixas que datam desde 2019 criadas em diferentes momentos e anos, Overplugged traz músicas que retratam sentimentos profundos e relações dolorosas. A escolha foi pelas faixas mais tocadas, as preferidas dos fãs, mas também faixas especiais para a cantora, como “Damage”, primeira faixa que ela compôs, e “Don’t Be Pluto”, que não é uma das mais ouvidas, mas é uma das que Wina mais gosta por todo o significado feminista e, ao mesmo tempo, de pertencimento que ela traz:
“Essa composição é a letra que eu mais gosto, desde que eu a escrevi na pandemia, e foi em colaboração com outra produtora mulher, então, foi um momento que eu me dediquei muito, de coração, pra criar uma música feita só por mulheres, sabe? Foi uma letra que escrevi em um momento que eu estava muito sozinha, muito reflexiva, repensando minha relação com as pessoas que eu mais amo, principalmente com os meus pais, pensando nesse processo de crescer. Hoje, chegando aos 30, eu consigo entender mais meus pais e ter uma relação melhor com eles, pois já passei da fase jovem revoltada. É muito sobre isso que eu falo nessa música, e também sobre a perspectiva de ser uma mulher sozinha no mundo, jogada aos lobos, né? Sou uma mulher independente, tenho minha vida, minha carreira, mas a gente tem que lidar com muito mais coisas do que os homens para sermos respeitadas, pra alcançar certos cargos e tudo mais. Então, tem essa reflexão na música também.”
Parcerias e “feat dos sonhos“
Outras faixas de destaque no EP, são as que contam com participações especiais de nomes conhecidos na cena rock underground. Em “Screaming”, um dos singles de divulgação do Overplugged, Wina contou com a colaboração da The Mönic.
“A primeira faixa que eu sabia que precisava de uma participação especial foi Screaming, porque ela é uma música muito divertida e muito dançante, eu sentia falta de alguém cantando junto comigo, e eu e a Dani [vocalista e guitarrista da The Mönic] somos amigas, então pensei nela porque nós já tocamos juntas e eu me identifiquei muito com a energia do show da The Mönic é muito animado, muito punk, tudo a ver com ‘Screaming’”.
Já a Emmercia, nome que cresce na cena emo, colaborou em “After Midnight”:
“O produtor que fez a mix e master do Overplugged é o Sérgio Kamada, integrante da Emmercia, e a gente tem referências e gostos muito parecidos. “After Midnight” é sobre um casal, então senti falta de outro vocalista junto comigo, de trazer uma participação, e pensei no Renan [vocalista da Emmercia], que tem uns drivers lindos, eu amei como ficou”.
E colecionando parcerias tanto no rock – com as colaborações em Overplugged, além de uma parceria com a banda Redentto, em 2024 – quanto na música eletrônica – com Mochakk, Cevith e Kubi, por exemplo –, a gente quis saber qual seria o feat dos sonhos da Wina, e a resposta veio bem rápido:
“Lady Gaga! Ela é a minha maior referência de artista, tem o audiovisual completo. E acho que de rock, seria o Linkin Park com a Emily Armstrong nos vocais. Foi o melhor show da minha vida!”.
Música e visual andam juntos

Além da capa, todas as faixas de Overplugged ganharam visualizers 3D criados por Johnny D’Avila, artista com quem Wina já trabalhou anteriormente no clipe de FRAGMENTADX, de 2023.
Sobre essa etapa do projeto, ela conta:
“Na verdade, primeiro eu penso no visual e na produção geral da música, antes de pensar nas letras, normalmente, é esse caminho que eu faço, porque é muito importante para mim a expressão performática e visual, e eu sempre faço um esquema de referências, tanto de figurino, quanto de cores e tudo mais, porque já trabalhei com moda. E eu já sabia que eu não ia fazer clipes novos para todas as músicas, até porque são músicas que já existiam, mas queria fazer alguma coisa nova, porque elas merecem, né? Então tive a ideia de fazer os visualizers, e pensei: como posso misturar o eletrônico, que é mais futurista, com a minha nova identidade visual?”
Foi então que ela conheceu, pelo Instagram, a partir de um desenho 3D do Oliver Sykes, do Bring Me The Horizon, o trabalho do Johnny D’Avila.
“Quando eu vi, pensei ‘nossa, é isso que eu preciso’, então montei toda a história visual de cada uma das músicas. As cinco são diferentes e fizemos todas a partir das minhas fotos, foi um processo de um ano inteiro, mas foi muito legal”.
Cada faixa tem uma história e os visualizers foram pensados de acordo com a letra de cada uma, trazendo até lembranças da vida real de Wina, como em “Damage”.
“O cenário de ‘Damage’, no visualizer, é inspirado na Trackers, uma balada que não existe mais aqui em São Paulo, e era em um prédio antigo, numa atmosfera super dark; Em ‘Screaming’ eu me inspirei em na Björk, nas criações diferentes dela. ‘After Midnight’ é meio vampiresca, então eu coloquei um véu, deixamos tudo vermelho; ‘Don’t be Pluto’ é sobre as galáxias, então colocamos a personagem em uma nave toda destruída; e ‘Drown Me’ tem uma conotação meio sexual, comparando a sensação de estar com alguém com a sensação de usar drogas, e se afogar, então o cenário é um banheiro…eu amei tudo, ficou lindo!”
Sobre shows e próximos passos
No dia 1º de fevereiro, Wina fez seu primeiro show de 2024, mas ainda haverá muita oportunidade de ver o Overplugged ao vivo aqui e lá fora.
“Ainda não tenho oficializadas as próximas datas, mas eu pretendo levar para outros estados do Brasil, e talvez também para Portugal, que é uma vontade muito grande que eu tenho, porque eu tenho muitos ouvintes na Europa, e eu queria muito ter essa experiência de levar um show do Overplugged pra lá”.
E enquanto organiza uma turnê do Overplugged, Wina, como ela mesma disse, não pode parar, e adiantou detalhes do próximo álbum:
“Até o final do ano eu quero lançar pelo menos um single desse novo álbum, que vai ser completamente inédito e, provavelmente, vou misturar línguas nele, porque eu já lancei coisas em inglês, coisas em português, então pretendo misturar tudo nele”.
Indicação da Wina
E se você segue o Musicult já viu a Wina em uma das nossas listas de indicações e sabe que a gente adora indicar novos sons. Por isso, a gente aproveitou e pediu pra Wina indicar um artista ou banda que ela acha que todo mundo devia ouvir, além de ouvir o Overplugged, é claro!
“Com certeza, ouçam o Overplugged, eu fiz com muito carinho, demorou mais de um ano para preparar esse EP de cinco músicas, então ouçam muito e vejam os visualizers também! E a artista que eu acho que é menos conhecida, que eu mais tenho escutado se chama Skynd, uma australiana, que faz uma coisa bem parecida com o que eu faço, meio Rammstein também, um eletrônico mais dark”.
Siga a Wina nas redes sociais da cantora e ouça o Overplugged na sua plataforma favorita!