Para a alegria de muitos, finalmente a primeira edição do UpFront Festival se tornou realidade no último domingo, dia 26 de janeiro de 2025. A festa foi uma grande celebração do SKA, um ritmo que nasceu na Jamaica no final dos anos 50, e a principal atração do dia ficou por conta de Roy Ellis, um jamaicano que estava lá quando o gênero nasceu e que também foi muito popular na Inglaterra.
Infelizmente, por conta de um imprevisto, foi anunciado poucas semanas antes do evento que o Bad Manners não iria mais se apresentar, banda que era aguardada por muitos, mas que adiou sua vinda ao Brasil por volta de junho, segundo a produtora, mas nomes brasileiros abriram o festival e não deixaram ninguém triste por esse cancelamento.
Quer saber como foi a festa marcada por esse estilo musical que nasceu em um país tão distante do Brasil? A gente te conta tudo.
Os grupos brasileiros que enriqueceram o Upfront Festival
Apesar de uma chuva muito forte, pouco a pouco as pessoas iam chegando, sacudindo seus guardas chuvas para a primeira apresentação, a banda Maga Rude, formada apenas por mulheres, e o resultado dessa união nessa noite foi um show alegre e com estilo, mostrando um ska um pouco menos acelerado, com teclado e baixo bem presentes. Além das músicas do EP mais recente, rolou até uma versão ska da música “Girls Just Want To Have Fun” da Cyndi Lauper.
Na sequência, Sapobanjo chegou arrepiando tudo, com músicas com uma pitada de hardcore, que fazem a gente querer sair do lugar, contagiando o público com a sua energia. Talvez o único que ficou sentado durante a apresentação foi o baterista (porque também acho que não tem outro jeito de tocar bateria hehe). Mas o Sapo Banjo possui um repertório bem variado, com outras músicas mais calmas, e eles mostraram tudo isso no show, tocando também os lançamentos mais recentes como o último single “Não deixe”.
Com influências mais fortes do hardcore e do punk, Skamoondongos trouxe suas músicas novas logo de início. E parece que essa influência punk ficou ainda mais presente agora que Fábio Prandini, que também é vocalista da banda Paura, assumiu os vocais do Skamoondongos. Impossível não notar a veia hardcore quando Fábio se aproxima do público e aponta o microfone pra galera cantar, algo bem comum em shows desse estilo. Foi o primeiro show do Skamoondongos com o novo vocalista, que parecia bem confortável e entrosado com a banda. A versão deles da música “Medo” do Cólera continua arrastando muita gente pra cantar junto, e ainda rolou até um cover da música “Sally Brown” do Bad Manners. O show ainda contou com a participação especial de Clemente Nascimento na música “Uma vez”.
Falando em Clemente, e mostrando que o punk e o ska possuem fortes ligações, Inocentes foi a última banda brasileira a se apresentar. A apresentação mostrou porque Inocentes é uma das bandas mais importantes do punk, com algo genuíno e claramente brasileiro. Músicas fortes, como “Intolerância”, transmitem a mensagem que a banda quer passar, contra o racismo, contra o preconceito e contra o nazismo de maneira bem clara e num momento bem oportuno.
Roy Ellis, também conhecido como Mr. Symarip, fecha a noite
Dizem que em São Paulo pode-se ter um gostinho de tudo que há no mundo, e o show do Roy Ellis despertou esse o sentimento. Roy Ellis é um ícone do early reggae, que também é chamado de skinhead reggae, e a subcultura skinhead é um tema muito abordado tanto nas músicas de sua carreira solo, quanto nas músicas da sua antiga banda, o Symarip.
Skinhead é uma subcultura que nasceu na Inglaterra nos anos 60, baseada originalmente em moda, música e estilo de vida, e não em política e questões raciais. Os skinheads possuem uma forma muito particular de se vestir, com botas, suspensórios, boinas, e foi possível ver uma grande quantidade de pessoas nesse estilo no show do Roy Ellis. A sensação foi de mergulhar um pouquinho na cultura da Inglaterra dos anos 70.
Foi impressionante ver a entrega de Roy Ellis ao show, que apesar de estar doente, com febre, conseguiu fazer uma apresentação incrível. Contando com 2 bandas brasileiras de apoio: a Poplars e a BrTones SkaJazz, Roy Ellis mostrou seu vozeirão em músicas como “The Skinheads Dem a Come” e “One Way Ticket to the Moon”. Aliás, a Lua também é algo bem falado em suas músicas.
Um dos momentos marcantes do show foi durante a música “Skinhead Girl”, em que as mulheres subiram no palco, fazendo uma verdadeira festa, e alguns aproveitaram para conseguir um autógrafo da lenda. Logo em seguida, na música “Skinhead Moonstomp”, o público em geral também subiu ao palco.
Quando o show parecia ter acabado, “The Boss”, como ele é carinhosamente chamado, voltou para cantar mais 2 músicas, dentre elas “Banana”. E foi assim que a noite terminou, com um sentimento de alegria e união, com ritmos originalmente jamaicanos e ingleses, mas que tem muitos representantes e amantes brasileiros.