Hoje, dia 2 de janeiro, o filme Nosferatu, a aguardada nova adaptação do clássico do terror de 1922, estreia nos cinemas brasileiros.
O filme é um conto gótico na Alemanha de 1800 sobre a obsessão do vampiro Nosferatu por Ellen (Lily-Rose Depp), continuamente assombrada ao longo da sua vida. A trama se inicia quando o vendedor de imóveis Thomas Hutter (Nicholas Hoult), recém-casado com Ellen, fica responsável por auxiliar o misterioso Conde Orlok (Bill Skarsgård) com sua nova propriedade e tem que viajar para as montanhas da Transilvânia para prosseguir com as burocracias. Em meio ao horror vivenciado por Thomas, os terríveis pesadelos de Ellen e o clima sinistro que toma o vilarejo alemão, surge o questionamento: a peculiar relação entre Ellen e o monstro a fará sucumbir a algo imprevisível e tenebroso?
O filme do cineasta Robert Eggers, também conhecido pelas obras O Farol e A Bruxa, adota uma estética única e inconfundível para simular o terror e atrair o espectador em um filme fortemente visual: a fotografia rica em detalhes, jogos de luzes e sombras, cenas em preto e branco e a meia luz, o contraste entre realidade, desejos e sonhos.
Como destaque, é interessante apontar a mistura única de humor e horror trazida por Eggers, que traz um ar inovador a um clássico já conhecido, sem prejudicar a narrativa nem diminuir o impacto das cenas de horror, deixando também espaço para as reflexões sobre a condição humana e a vida que a obra proporciona ao espectador.
A atmosfera criada é impecável, facilitando a completa imersão do espectador no conto gótico que se revela diante dos seus olhos. Essa imersão total, auxiliada pelo ritmo cadenciado da história, permite que o público seja completamente envolvido pela narrativa.
O elenco é repleto de nomes conhecidos do público, como Lily-Rose Depp, Nicholas Hoult, Aaron Taylor-Johnson e William Dafoe, que funcionam bem em conjunto. A dinâmica do elenco principal somada a atuações convincentes, sobretudo da protagonista Lily-Rose Depp e do ator William Dafoe, são outro ponto alto do filme.
Como ponto negativo, a caracterização do vampiro Nosferatu deixa a desejar. O filme cria de forma excelente a tensão existente até o momento de revelação do vampiro. Alguns detalhes estéticos, como a escolha de um bigode, tornam a figura da criatura menos intimidadora e impressionante à meia luz, como ele é mostrado durante a maior parte do filme. Talvez adiar a revelação da figura do vampiro para a sequência final pudesse beneficiar mais a narrativa e contribuir para o ar misterioso e místico em torno do monstro.
Assim, o filme é uma releitura original e interessante de um clássico consolidado, que traz novos elementos bem-vindos, uma estética única, e um elenco que agrega significativamente ao enredo bem construído. Entretanto, o filme erra na apresentação de um dos seus principais personagens, algo que poderia ter sido melhor trabalhado visualmente e somado à atmosfera impactante do filme.