A banda norte americana Crumb voltou ao Brasil após 2 anos de sua primeira passagem, em um show bastante interessante pelo Balaclava Fest 2022, mas mostrou que precisava de um show sendo headliner, num local mais intimista e com seus verdadeiros fãs para entregar uma experiência realmente imersiva. Com um novo álbum, lançado em maio de 2024, mais experientes e menos tímidos que na primeira vez, a banda conseguiu se conectar melhor com a plateia e fazer um show de bastante impacto.
Pluma
A abertura do evento ficou por conta da banda paulistana Pluma, que subiu ao palco às 20h. Em turnê de lançamento do seu primeiro álbum completo “não leve a mal” e com o palco todo azul, cor-tema do álbum, a Pluma fez um show bastante consistente e focado neste último lançamento. Assim como no Balaclava Fest 2022, onde também estiveram no mesmo evento da Crumb, reforçaram o quanto a banda é referência para a Pluma desde o começo da sua trajetória, sendo possível encontrar até vídeos na internet da banda brasileira tocando um cover do Crumb, o que reforça ainda mais o quanto estava sendo gratificante esse momento para eles.
Os destaques do show ficaram para a boa aceitação do público às novas músicas “Quando eu tô perto”, “Se você quiser”, “Corrida” e “Plano Z” foram canções do novo álbum que mais arrancaram palmas do público que chegou cedo para ver a Pluma e conhecia boa parte das músicas. Além disso, para não deixar os fãs mais antigos da banda tristes, ainda houve tempo para o hit “Mais do que eu sei falar”.
Esse foi o primeiro show da banda que vi após o lançamento do novo álbum, e acompanho bastante a banda desde a apresentação dos mesmos no Locomotiva Festival 2022, o que me causou a impressão de que uma mesclagem entre o novo álbum e mais músicas dos lançamentos anteriores teria balanceado mais o setlist entre sons mais enérgicos e conhecidos e outros ainda não tanto, trazendo uma experiência melhor à parte do público que talvez não conhecesse bem a banda e estivesse ali exclusivamente pelo Crumb.
Crumb
Pontualmente às 21h30, o Crumb subiu ao palco do lotado Cine Joia, e iniciou sua apresentação com a música “AMAMA”, faixa-título do mais recente lançamento da banda, que consolida o estilo da banda e explora mais elementos e sonoridades também.
A apresentação foi bastante focada no novo disco, com 10 canções ao todo do novo álbum, praticamente tocado na íntegra. Destaques ficaram com as queridinhas “AMAMA”, “The Bug”, “Side By Side” e “Crushxd” que foi uma das músicas em que eles mais brincaram com efeitos, improvisados e feitos todos ao vivo. Inclusive, vale destacar que a maioria dos efeitos e sons produzidos no show foram feitos ao vivo, e digo a maioria, pois, em “Crushxd”, por exemplo, existe um loop que não consegui identificar se tinha sido feito ao vivo com auxílio de um pedal ou se realmente era uma trilha, mas, de resto, tudo que observei foi feito na hora pela banda, seja com sintetizadores, teclados, sax, entre outros instrumentos utilizados.
O Crumb não é muito adepto das trilhas gravadas, o que deixa a apresentação ainda mais imersiva e fantástica. É muito mais legal ver tudo sendo executado e criado na hora pelos músicos do que trilhas gravadas de fundo com poucas intervenções ao vivo, como diversas bandas vêm fazendo atualmente.
Ao vivo, o Crumb mantém sua sonoridade calma e lenta, mas, ao mesmo tempo, tem linhas instrumentais bem marcantes e bem desenvolvidas por toda a banda, ou seja, não há alguém que se destaque muito dos outros, pois todos são músicos excepcionais, apesar da plateia de São Paulo ter aplaudido muito mais as vezes em que Bri Aronow, responsável pelos teclados e sintetizadores da banda, pegava seu sax e fazia alguns solos. A experiência de um instrumento de sopro ao vivo fez o público bastante feliz.
Durante a apresentação também houve espaço para o trabalho anterior, que considero o mais consistente da banda “Ice Melt”, com as músicas “BNR”, “Trophy”, “Balloon”, “Retreat” e a própria “Ice Melt”, e também para os consagrados hits “Nina”, e “Locked” que foram cantadas por toda a plateia que, em grande parte do show, mais admirou os músicos do que cantou junto.
Vale ressaltar também que apesar de ser um show mais introspectivo, a banda, em suas poucas pausas, interagiu bem com o público e a vocalista Lila Ramani até arriscou algumas frases em português para conversar com os brasileiros, o que mostra a preocupação da banda em fazer um show realmente mais próximo de seus fãs do que na primeira passagem pelo Brasil, quando tocaram em um festival, que tem um contexto totalmente diferente, muita gente conhecendo a banda e ouvindo pela primeira vez, e os mesmos pareciam mais tímidos, ao contrário dessa vez em que puderam mostrar todo o seu potencial com um setlist de 20 músicas e uma qualidade sonora admirável.