Lucas Fantin 
Capa do disco labirinto da memória do Dead Fish
A banda Dead Fish continua a consolidar seu legado no cenário do hardcore brasileiro com o lançamento do álbum Labirinto da Memória, em janeiro de 2024. Com mais de duas décadas de carreira, o grupo retorna com um disco que é uma verdadeira crônica dos tempos atuais, misturando a agressividade característica do gênero com letras carregadas de crítica social e reflexão pessoal. O álbum reflete o amadurecimento da banda sem perder a energia visceral que sempre foi sua marca.
O Contexto de Labirinto da Memória
Desde o seu início na década de 90, o Dead Fish sempre foi uma voz ativa dentro do hardcore, levantando bandeiras contra injustiças sociais e políticas. Em Labirinto da Memória, a banda expande essa abordagem, revisitando memórias e acontecimentos que moldaram sua trajetória, mas sempre com um olhar atento para o presente. As 13 faixas do álbum são uma jornada pelas angústias e lutas contemporâneas, traçando paralelos entre o passado e o presente.
A produção do disco mantém a identidade sonora do Dead Fish, com riffs rápidos, bateria pulsante e vocais carregados de emoção, características típicas do hardcore. O álbum foi bem recebido pelos fãs e críticos, que destacaram sua relevância tanto para a música quanto para o momento político que vivemos.
Review Faixa a Faixa
Adeus Adeus: A primeira faixa do álbum já traz o ouvinte para dentro da temática de despedidas e rupturas. É uma reflexão sobre deixar o passado para trás.
Dentes Amarelos: Aqui, a crítica social se faz presente de forma explícita, abordando os vícios da sociedade moderna. Uma faixa rápida e agressiva, que captura a essência do hardcore.
49: Uma canção que revisita os 49 anos de vida do vocalista Rodrigo Lima, simbolizando a passagem do tempo e as mudanças pessoais e sociais.
Avenida Maruípe: Um tributo à cidade de Vitória, de onde a banda surgiu. A faixa traz uma carga nostálgica, mas também fala sobre o crescimento e as mudanças na cidade ao longo do tempo.
Interrupção: Nesta faixa, a banda critica como as forças de poder tentam silenciar a luta social. A música tem um tom de urgência, refletido nos vocais intensos de Rodrigo.
Estaremos Lá: Um hino de resistência, reforçando que, mesmo em tempos difíceis, a banda e seus seguidores continuarão firmes nas lutas por justiça e igualdade.
Aos Poucos: Com uma pegada mais melódica, a canção reflete sobre a importância das pequenas vitórias e mudanças que ocorrem aos poucos, mas que acumulam um grande impacto.
Criança Versus Criança: Uma crítica à violência estrutural, especialmente no impacto que tem nas gerações mais jovens.
Labirinto da Memória: A faixa-título explora a ideia de memória como um labirinto do qual é difícil escapar. As lembranças podem ser tanto um refúgio quanto uma prisão, e essa dualidade é capturada pela sonoridade pesada e introspectiva.
11 de Setembro: Uma análise das repercussões globais do evento de 11 de setembro, observando seus impactos na política mundial e no Brasil.
Bolero: Uma faixa que se diferencia do restante do álbum, com uma estrutura mais lenta, mas sem perder a intensidade lírica.
Divino Caos: A banda explora a noção de que o caos é inevitável e, em certo sentido, divino. A música combina elementos de agressividade com passagens mais contemplativas.
Você Conhece Pistóia?: Uma canção que faz uma conexão histórica com a cidade italiana de Pistóia, palco de batalhas da Segunda Guerra Mundial, trazendo uma reflexão sobre memória e história.
A Importância de Labirinto da Memória na Cena Hardcore
Labirinto da Memória é mais do que um simples álbum de hardcore; é um reflexo do tempo e das lutas contemporâneas. O Dead Fish continua sendo uma das bandas mais influentes da cena hardcore no Brasil, e este álbum reforça seu papel como voz ativa de resistência. As letras afiadas, que misturam críticas sociais e introspecção, fazem com que o disco dialogue diretamente com a realidade brasileira, marcada por crises políticas e sociais. Ao mesmo tempo, a sonoridade agressiva e melódica do álbum mantém a essência do hardcore melódico que sempre definiu a banda.
Se você é fã de Dead Fish, do hardcore, ou está buscando um disco que combine crítica social com uma reflexão profunda sobre memória e resistência, Labirinto da Memória é uma obra essencial. É um álbum que transcende o gênero e se estabelece como um manifesto político e pessoal, consolidando a banda como uma referência no cenário do hardcore brasileiro.
Labirinto da Memória é uma prova do poder do hardcore como veículo de crítica social e reflexão pessoal. Ao revisitar memórias e eventos importantes, o Dead Fish entrega um álbum atual e necessário para entender o Brasil contemporâneo.
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