No dia 10 de setembro, aconteceu a coletiva de imprensa do lançamento da série documental Lágrimas no MAM, resultado da turnê do álbum Lágrimas no Mar (2021), disco de Arnaldo Antunes em parceria com Vitor Araújo, que divulgaram o projeto audiovisual em conjunto com o diretor da série Rafael Gomes e o curador do museu, Daniel Rangel.
A dupla de músicos percorreu Europa, Estados Unidos e Brasil entre os anos de 2022 e 2024 com o show. Em abril deste ano lançaram o álbum ao vivo e a série estreou no último dia 11 de setembro, no Canal Bis, e também estará disponível na Globoplay.
O documentário em forma de seriado é resultado dos 15 dias de imersão no Museu de Arte Moderna (MAM) da Bahia, no qual, a convite do curador Daniel Rangel, Arnaldo Antunes e Vitor desenvolveram um trabalho intenso, profundo e cheio de significado. A direção é assinada por Rafael Gomes, que também dirigiu séries como “Tudo o que é sólido pode derreter” e o longa “Música para morrer de amor”.
Essa conexão resulta em um show intimista na Capela do local, com versões de músicas que marcaram a carreira de Arnaldo, como “Socorro”, “O Pulso”, “Longe” e uma apresentação arrebatadora de “O Real Resiste”. Além disso, mais de 50 músicas integram o repertório da série.
A cada episódio, o público é apresentado a outras diversas manifestações artísticas vividas no local para além da apresentação do duo, com imagens que transitam entre a imensidão do mar de Salvador e a intimidade dos encontros musicais de Arnaldo e Vitor.
A série também mostra performances de poemas e artes visuais (instalações, caligrafias, colagens e impressões em serigrafia) feitas pelo cantor e toda a sua multidisciplinaridade; performances sonoras de Vitor, além de experimentações inovadoras de seus arranjos para piano; bate-papos sobre seus processos de criação e participações especiais do compositor Cézar Mendes, da artista visual Marcia Xavier e de Celeste, Brás e Tomé (filhos de Arnaldo), em conversas e números musicais.
O experimental e a maturidade
Arnaldo e Vitor são músicos experientes, e a partir dessa trajetória, permitiram-se sentir e criar suas próprias noções de infinito dentro da finitude que o museu e o que tinham à mão lhes permitia.
Vitor surpreende o espectador em sua forma de criar arranjos. É disruptivo, ilógico e se torna ainda mais possível quando se conhece com alma e técnica o instrumento (no caso dele, o piano) e a música. Arnaldo pinta, escreve e performa como antes seu público não havia visto. É o casamento perfeito, com toda a bênção de Caymmi, da Bahia e de tudo o que uma experiência num museu pode promover.
Apesar de tamanha diversidade, o pilar que regeu toda a criação do disco foi a simplicidade do autêntico. “O título Lágrimas no Mar tem essa coisa de expressar o máximo com o mínimo. E nós também, apenas com voz e piano, com economia de notas e síntese das letras, atingimos uma grande eficácia emocional. Gravamos tudo com muita comoção”, diz Arnaldo. “É bonito esse paradoxo musical, tem um lugar de gigantismo que só pode ser alcançado com o mínimo”, completa Vitor.
O acaso a favor
Quando se trabalha com o experimental e o profundo, encarar as dificuldades como aliadas pode ser uma bênção. Em uma das passagens do primeiro episódio, Arnaldo e toda a equipe são surpreendidos com uma chuva que desmancha uma arte que tinha a caligrafia pautada em tinha preta sobre um tecido e que estava sendo filmada.
Em vez da interrupção, eles aproveitaram o ocorrido e a genialidade da edição conseguiu amarrar toda a sequência de acontecimentos, resultando numa cena que só assistindo você será capaz de compreender tamanha poesia (feita de maneira totalmente natural e despretensiosa).
Onde assistir Lágrimas no MAM
Semanalmente, os episódios irão ao ar às quartas-feiras, às 19h, no Canal Bis. Contudo, se você prefere streaming, os episódios estarão disponíveis às quintas-feiras na Globoplay.
Aproveite e ouça o álbum que originou o projeto Lágrimas no MAM.