Em um show repleto de clássicos e lançamentos, a banda inglesa Deep Purple, que está na ativa desde os anos 60, levou os fãs ao delírio em uma apresentação única em São Paulo, show que antecedeu sua ida ao Rock in Rio, no dia 15.
>>Relembre aqui os clássicos do Deep Purple
Por volta das 20h30, o público que formava uma enorme fila em frente ao local começava a entrar, e era nítida a expectativa e empolgação dos fãs, que trajavam camisetas da banda com capas de álbuns clássicos lançados ao longo de quase seis décadas.
O show que tinha seu início previsto para às 22h não teve tanto atraso, por volta das 22h10 as luzes se apagavam, e uma intro começava a tocar; Mars, the Bringer of War dava início a um grande espetáculo. O Deep Purple sobe ao palco, os aplausos e gritos ecoam e Highway Star, um de seus maiores clássicos, lançado em 1972, música que abre o disco Machine Head, faz o Espaço Unimed, em São Paulo, pulsar com uma legião de fãs cantando e vibrando do início ao fim.
Logo em seguida, a banda toca A Bit on the Side, música do seu mais novo álbum, lançado em julho deste ano, também muito bem recebida pelo público. O show segue com mais dois clássicos; Hard Lovin’Man e Into the Fire, lançados em 1970 no álbum Deep Purple in rock, um de seus discos mais aclamados pela crítica. Após 4 músicas, o guitarrista e membro mais jovem da banda, Simon McBride, faz um solo memorável repleto de técnica e carisma, conversando com o público a cada nota tocada; foi de fato um dos grandes momentos do show.
Falando em grandes momentos, após tocar as músicas Uncommon Man, lançada em 2013 no álbum Now What?! e Lazy Sod, do seu álbum mais recente =1 (equals one) o tecladista Don Airey, que também trabalhou com outras grandes bandas como Rainbow, Ozzy Osbourn e Jethro Tull teve o seu momento solo, aliás, por duas vezes o tecladista teve todas as atenções voltadas para si.
Don Airey, não só esbanjou técnica musical, mas também transborda carisma. Em um de seus momentos, ao deixar o som de seu teclado soar, ele chama um garçom que entra trazendo uma taça com vinho, o tecladista toma e olha para o público sorrindo, os aplausos vêm e os gritos ecoam, temos aqui mais um dos grandes momentos do show. O espetáculo segue, e agora vamos destacar o grande Ian Gillan, que no auge dos seus 79 anos ainda tem uma voz espetacular, apesar de notável esforço e cansaço.
A voz lendária do Deep Purple, que entre uma música e outra ia para trás do palco se recompor, não só esbanjou carisma e paixão por estar ali, mas também muita técnica vocal e musical. Destaco aqui alguns momentos, como em Lazy, música clássica do álbum Machine head, onde Ian faz um solo de gaita um tanto quanto hipnótico. Em seguida, talvez o momento mais especial de Gillan no palco, When a Blind Man Cries (também do álbum Machine Head), com uma apresentação única, intimista e de uma uma beleza fora do comum, Gillan nos presenteia com uma linha vocal incrível, e com um fôlego de dar inveja, sem dúvidas, meu recorte preferido desse show.
Também destaco a incrível apresentação do lendário baterista e fundador da banda Ian Anderson Paice, este, já com seus 76 anos de idade, ainda tocando como o grande mestre que sempre foi. E, o baixista Roger Glover com sua característica bandana e o jeito único de tocar; está na banda desde os anos 70, gravando o álbum Deep Purple in rock.
Caminhando para a reta final, a banda toca Portable Door, de seu álbum mais recente, e Anya do álbum The Battle Rages On de 1993. Em seguida, o segundo solo de Don Airey, onde tocou trechos de Chega de saudades, Bachianas Brasileiras de Heitor Villa-Lobos e um pedacinho do Hino Nacional, onde o público acompanhou cantando.
Agora, encerrando as músicas do álbum Machine Head, o Purple toca Space Truckin’ e um dos maiores clássicos do Deep Purple, Smoke on the Water, sequência arrebatadora que fez o público de São Paulo tremer. Possivelmente com um dos riffs de guitarra mais reproduzidos e marcantes da história do rock n’roll, Smoke on the Water não deixou ninguém parado, com direito a capela do público acompanhada de palmas, sorriso e o brilho no olhar de cada músico que estava no palco, foi incrível.
Para finalizar, a banda toca Green Onions do Booker T. & the MG’s e Hush de Joe South, músicas já incorporadas a discografia do Purple, e um de seus maiores sucessos com um dos riffs mais marcantes de sua discografia, Black Night do álbum Deep Purple in rock, dão fim ao que foi um show marcante, emocionante e digno de uma banda com tantos anos de estrada.
Fotos e texto por Thiago Dias.