Longlegs tem o clima frio e tenso que um suspense investigativo pede. O filme, recentemente lançado nos cinemas brasileiros, vem impressionando críticos e conquistando uma legião de fãs, após o hype impressionante em sua divulgação de marketing, como o “filme mais assustador do ano”.
No longa, a detetive do FBI Lee Hacker (Maika Monroe) parece estar escondendo algo. Com seu parceiro de equipe Carter (Blair Underwood), eles reabrem o caso do brutal serial killer Longlegs (Nicolas Cage), e desde o início, questionamos qual é a ligação esquisita entre os dois e por que a detetive é tão importante para o assassino, ao ponto de ser agraciada com uma de suas cartas indecifráveis.
A questão da religiosidade e do satanismo andam lado a lado no filme, dois elementos que já nos brindaram com grandes obras de suspense e terror. Utilizando trechos do livro do Apocalipse, o diretor e roteirista Oz Perkins — que, como curiosidade, é filho do lendário ator Anthony Perkins (Psicose) — tenta invocar o sobrenatural por meio de uma entidade oculta que está presente nos pequenos detalhes.
O destaque do filme fica por conta da atriz Maika Monroe, que está se consolidando como uma “final girl” de respeito, após também protagonizar Watcher e o cultuado Corrente do Mal. Sua personagem é rígida, taciturna, e parece sempre estar desconfortável em todos os espaços. Já Nicolas Cage, como Longlegs, tem um personagem que apesar de uma densa maquiagem de caracterização, o veterano ator se reinventa em mais um papel completamente diferente do que estamos acostumados. Destaque para a assustadora cena do interrogatório e a bizarra música de aniversário cantada para uma garotinha.
Mas afinal, Longlegs é assustador?
O filme, que mistura elementos investigativos e sobrenaturais, acaba não seguindo nenhum dos dois caminhos de maneira satisfatória. Algumas situações são deixadas de lado, como a mediunidade da protagonista. Em seu terceiro ato, o mais fraco, o filme mergulha no sobrenatural e revela todo o plano maligno de forma frustrante e até risível.
Por outro lado, manter a presença de um inimigo oculto — “o homem lá de baixo”, como os personagens o chamam — em cada cena, sem nunca se revelado verdadeiramente, é um ponto positivo do filme, que não aposta em jumpscares, mas em uma atmosfera sufocante.
O serial killer, que envia cartas enigmáticas a meninas aniversariantes e destrói suas famílias em nome do diabo, utilizando bonecas satânicas, nos coloca como observadores de suas ações, enquanto os personagens principais estão sempre à espreita de um destino terrível. Ao final do filme, o assassino Longlegs ainda parecerá um quebra-cabeça diabólico que não foi totalmente desvendado.