Depois de anos de espera, Os Fantasmas Ainda se Divertem (Beetlejuice Beetlejuice), enfim estreia nos cinemas brasileiros nesta quinta-feira (05).
O filme é a sequência do clássico dos anos 80, Os Fantasmas se Divertem (1988), seguindo a próxima geração da família Deetz. Esta é a primeira sequência direta do filme após o filme original. Houve uma tentativa de continuação na década de 2010, Beetlejuice vai ao Havaí, porém o projeto foi descontinuado.
Lydia Deetz (Winona Ryder), agora adulta, é mãe da adolescente Astrid (Jenna Ortega). A jovem, ao explorar o sótão da antiga casa da família, descobre a misteriosa maquete da cidade de Winter River e acaba reabrindo o portal para o mundo dos mortos e, consequentemente, para o retorno de Beetlejuice (Michael Keaton).
Os Fantasmas Ainda se Divertem, assim como o filme original, também é dirigido pelo cineasta Tim Burton. A estética e o humor característicos do diretor são inconfundíveis e marcantes, assim como em suas demais obras cinematográficas. Um ponto forte trabalhado no filme é o fator da nostalgia, presente a todo momento por meio de referências e dessa própria estética mencionada.
Os efeitos especiais utilizados são ultrapassados, algo que poderia incomodar um espectador desatento. Entretanto, essa escolha não por acaso nem um erro da equipe do filme. Tim Burton fez a escolha criativa de manter efeitos semelhantes aos do filme original para manter a mesma atmosfera, o mesmo aspecto.
O novo longa traz momentos genuinamente divertidos, que arrancam risadas; não se preocupa em limitar o grau de surrealidade retratado e aborda de forma interessante e, dentro do possível, realista, o relacionamento entre mãe filha, além de brincar novamente de forma caótica, irônica e bem-humorada com as questões profundas que envolvem o luto e a misticidade do pós-vida, elementos que permeiam a trama do filme em todos os arcos apresentados.
O elenco é repleto de nomes conhecidos do público, como Winona Rider, Michael Keaton, Jenna Ortega, Willem Dafoe, Catherine O’Hara e Monica Bellucci, que entregam boas atuações. Ter duas protagonistas diferentes entre si também foi uma decisão acertada, Jenna e Winona comandam bem o filme.
Contudo, cabe ressaltar um ponto negativo relativo ao roteiro do filme. Vários arcos são construídos ao longo da história e, enquanto a história principal tem um desfecho coeso e bem-escrito, alguns dos demais arcos são resolvidos de forma apressada, sem o devido desenvolvimento ou a partir de conclusões previsíveis. Os arcos da personagem Dolores (Monica Belucci) e do pai de Astrid, por exemplo, encerram-se de forma abrupta. Cria-se narrativas que não alteram nem impactam efetivamente a história principal do filme, deixando a sensação de que faltou algo.
Em meio à onda de continuações e remakes que toma Hollywood, Os Fantasmas Ainda se Divertem justifica a realização de uma sequência 36 anos depois. Embora não tenha o mesmo impacto causado pela originalidade, inovação e críticas atribuídas ao primeiro filme, isso não era algo esperado de se obter.
O filme homenageia seu antecessor, destacando-se pela sua nostalgia, mas sem deixar de ousar explorar novos elementos, tramas e personagens. Essa dinâmica funciona muito bem e nos lembra porque Os Fantasmas se Divertem é um clássico.
Confira o trailer abaixo: