
Karate (Créditos: Lucas Barbosa/Musicult)
Estranhou o título, com o “emo” entre aspas? Isso porque o som do Karate, power trio de Boston, não passa simplesmente pelo emo…há muito mais por trás da fórmula que os fãs de Mineral e Sunny Day Real Estate conhecem. A banda se apresentou em São Paulo no último domingo (18), em um show produzido pela Balaclava Records no icônico Cine Jóia, ao lado dos paulistanos do Gigante Animal, que abriram os trabalhos naquela noite quente de domingo.
Pontualmente às 19h, a banda de São Paulo subiu no palco, trazendo consigo uma sonoridade que mistura elementos do post-rock, emo, punk, shoegaze, grunge, entre outros. É difícil definir, e para mim isso é um ponto extremamente positivo, pois reforça a criatividade do grupo, que estava muito bem afinado e entrosado, diga-se de passagem.
Contrariando o senso comum de que “banda de abertura” não empolga, o Gigante Animal empolgou, e muito, o público que estava presente no show, com suas músicas cheias de camadas, ora limpas, ora cheias de distorção, e efeitos que transportam para uma verdadeira viagem.

Fazendo questão de cantar em português, a banda tocou por mais ou menos uma hora, trazendo em seu setlist músicas como Minha Flor, cantada a plenos pulmões por quem assistia ao show à beira do palco do Cine Jóia. Realmente, uma experiência incrível.
Karate
Hora da famosa e conhecida pausa para a troca de bandas no palco. A apresentação do Karate começou por volta das 20h15, um pouquinho depois do previsto, mas nada que estragasse a experiência. E a banda não estava para brincadeira, iniciando a apresentação com a conhecida Bass Sounds, que já arrancou os primeiros coros da plateia.
If You Can Hold Your Breath, These Are Ghosts e Gasoline vieram logo em seguida, mantendo o ritmo do show. Um ponto interessante são as camadas das músicas, algo que requer extrema habilidade e técnica, principalmente quando se trata de um power trio.
Por muitas vezes, cada música durou cerca de seis, sete minutos. E se você imagina que isso tornou o show maçante, se enganou completamente. Foi justamente isso que deixou a apresentação mais interessante, já que cada música virava uma verdadeira jam session sem hora para acabar. Incrível.

No setlist, Diazepam, Small Fires e First Release seguiram dando o tom do show, que tentava ser “decifrado” pela maioria das pessoas presentes, inclusive por mim. Lembra a parte que falei que é difícil definir o som do Karate? Então, sem dúvida esse som mais “torto” é algo que gera muita curiosidade e é positivamente intrigante. Esse, com certeza, é um dos pontos altos da banda, que mais chamam atenção.
Com um Cine Joia cheio, a banda fez poucas pausas, nas quais o vocalista e guitarrista Geoff Farina agradecia ao público com um tímido “obrigado” em português, para depois contar um pouco sobre a história e a trajetória da banda, fundada em 1993 e que, em 2005, interrompeu as atividades. O power trio, que voltou à ativa em 2022, estava definitivamente à vontade em solo brasileiro, para felicidade de quem os assistia.
O setlist do show foi fechado com Water, Operation:Sand, Sever, This, Plus Slow Slong e Today or Tomorrow. Minhas impressões sobre o show não podiam ser melhores. Uma banda incrivelmente técnica ao vivo, com um entrosamento invejável, e despejando hits de uma longa carreira com maestria. Um dos shows mais diferentes e “fora da caixa” que assisti recentemente.
Pouco mais de uma hora de show, muitas jam sessions e um setlist cheio de hits. Assim foi o show do Karate em São Paulo. Uma banda bem diferente das muitas que conhecemos, com um show sem muita pompa, mas com uma musicalidade capaz de nos transportar de um jeito incrível. Recomendo muito esse power trio maravilhoso.