
A artista trans não-binária Diego Bragà propõe novas representações da sensualidade, no single “Onda de Amor”, faixa autoral, com produção musical da DJ Boss in Drama, lançada no final do mês de julho, via selo Estúdio304, de Chico Neves.
A faixa ainda ganhou um videoclipe repleto de cenas sensuais que, para não ser censurado em nenhuma plataforma, foi lançado no Vimeo. E você pode assistir aqui.
Inspirada em baladas clássicas e envolventes, como as de Marvin Gaye, “Onda de Amor”, é uma “música perfeita para o ócio sexual”, segundo Diego. A canção apresenta a sua voz modulada de forma andrógina para que amplie o espectro de timbres que cantam baladas sexy. E a letra ousada, aliada aos grooves macios e cremosos – com direito a um belo solo de saxofone – criados por Boss in Drama, propõem uma nova representação do conceito de ser sexy: um chamado a todas as pessoas, cis ou trans, a se renderam a um convite sensual de uma pessoa não-binária.
“Eu adoro esse tipo de música, e um dia me peguei pensando… E se a figura sexy for diferente? ‘Onda de Amor’ é uma canção que quer seduzir com a voz de uma pessoa não-binária, uma voz que as pessoas não sabem exatamente se é homem ou mulher”, explica a artista.
Em resumo, “Onda de Amor” é sobre ser sexy, sensual, ousada e se sentir à flor da pele, independentemente do seu gênero.
“Eu estava me sentindo muito sexy na época que compus a música. Queria me ver nesse lugar”, revela Diego, que tem como grandes referências musicais Rita Lee, Marina Lima, David Bowie, Yoko Ono e Heitor Villa-Lobos.
“O primeiro CD que ganhei na minha vida foi ‘Bedtime Stories’, da Madonna. Depois ‘Erotica’. A música para mim sempre foi como um canto de sereia vintage. Todos representantes de gerações anteriores à minha. Assim, a ideia era criar uma atmosfera de sex tape ou daqueles filmes eróticos dos anos 1980/90. As cenas foram feitas com uma lente rara do início dos anos 1990 e são super sensuais. Também buscamos referências de arquétipos femininos sensuais”, completa.
Sobra Diego Bragà (they/she)
Artista trans não-binária que mantém o seu nome de batismo como ato de amor e confiança aos seus pais. Nascida em Belo Horizonte, desde criança é andrógina.
Na sua infância, a sua vó a ensinava a cantar para as flores do quintal. Quando ela morreu Diego começou a compor. Desde então lançou 2 EPs: GEOGRAFIA DO AMOR (2022) com produção de Chico Neves; e SUPERPUTA SPIRITUAL (2023) produzida 100% por pessoas trans lusófonas. Iniciou a sua carreira pelo teatro, ainda adolescente.
Como criadora ganhou cinco prêmios, entre eles o Cena Minas e Revelação da Revista Encontro. Trabalhou com o Grupo Galpão, o coreógrafo Jérôme Bel e o diretor de Avignon, Tiago Rodrigues. Em 2021, por meio de um filme sobre ancestralidade queer recebeu a bolsa do Sundance Festival e o seu filme THINK ABOUT THE BEAUTIFUL FUTURE AHEAD foi adquirido pelo The New York Times. E com ele uma onda de amor.
Sobre o selo Estúdio304
Idealizado por Chico Neves, um dos principais produtores musicais do país, o Estúdio304|selo é uma plataforma independente.
Projeto que se desdobra a partir do Estúdio304 /RJ, espaço onde Chico Neves produziu e registrou dezenas de discos essenciais para a música contemporânea, entre eles: “Lado B Lado A” d’O Rappa; “Um Som” de Arnaldo Antunes; “Maquinarama” do Skank; “Eu Tu Eles” com Gilberto Gil e “Bloco do Eu Sozinho” da banda Los Hermanos.
O Estúdio304|selo, que nasceu no RJ há 20 anos e agora tem sua nave estacionada em Macacos/Nova Lima/ MG, estreou em um 2020 de suspensões mirando no que importa – a música tratada da única maneira que seu idealizador pode vislumbrar num momento como esse: com cuidado e afeto.
Antes um quartinho num apartamento no Rio de Janeiro, hoje um selo em meio a natureza com todos os seus vizinhos pássaros, cachoeiras e matas.