Quando eu pensei em uma resenha para o álbum Save My Name, estreia do The Self-Escape, o título seria “um sopro de inovação na música pop nacional”, mas de “sopro”, optei por usar mergulho porque esse álbum não é nem um pouco passageiro, é intenso, daqueles que nos transportam para uma atmosfera diferente, seja lá de onde você está ouvindo.
Além disso, apaguei o “pop”, porque os solos de guitarra em algumas das faixas me lembram rock e música, dessa forma ampla, combina melhor com um disco tão inventivo e diferente de tudo que ouvi nos últimos meses. Até por conta disso, foi difícil escrever sobre ele. Save my Name é complexo, mas não no sentido negativo, é no sentido de que temos algo muito bem trabalhado aqui.
The Self-Escape é o projeto que mescla guitarra e sintetizadores à voz marcante e melódica do recifense Felipe Buarque, cujas influências sonoras são Two Feet, alt-J, The Weeknd e Polyphia. Sim, eu disse que estávamos diante de uma obra complexa.
O álbum
Como se fosse um filme sobre a vida nos 20 e poucos anos, abordando nas letras romances avassaladores, altos e baixos e glórias e derrotas, Save My Name começa com “Trailer”, faixa que se inicia com sons de sirene, respiração e sintetizadores e explode em um riff de guitarra que nos leva a achar que estamos em um álbum de rock industrial, mas não estamos, já que “Try Again” e “Scarlet & Gold”, faixas seguintes, são um pouco mais pop, ainda assim com uma vibe post-punk e vocais à la Depeche Mode.
“Try Again”, inclusive, é um dos destaques do disco, já que tem participação de Pupillo, integrante fundador da Nação Zumbi, banda da qual fez parte até 2018.
“Ele ouviu, escutou bastante e se dispôs a gravar. Quem é pernambucano, qualquer brasileiro, sabe a tamanha satisfação e importância que é ter um membro fundador da Nação Zumbi ao seu lado. Pupillo é um produtor e baterista de renome e sua participação abrilhantou ainda mais essa música tão especial”, comenta Felipe Buarque.
“Home alone” e “1800” são mais faixas que trazem misturas interessantes de sonoridades, com o músico brincando com seus vocais, programações e seu talento na guitarra
Minha favorita do disco, “Vintage Love” é mais um indie rock levinho, não só no som, mas na letra que aborda uma relação mais tranquila.
A sétima faixa do disco, “Coming for Us”, é importante para entender a trajetória do The Self-Escape. Buarque revela que a ideia de um álbum com um enredo de fio condutor, isto é, contar tudo numa só linha do tempo, surgiu a partir desta música.
“Foi escrita quase como um roteiro de filme, contando até com diálogos. Encarando-a junto às outras músicas do álbum, acabou me surgindo uma história bem coesa sobre os personagens dela, mesmo que as outras músicas originalmente falam sobre pessoas diferentes em situações bem diferentes”, ele conta.
Depois dela, o álbum ainda traz mais 4 faixas diferentes, mas que fazem sentido nessa proposta inovadora de Save My Name, desde os hits sad pop “Oh, No!”, “Dark” e “One-Way Ticket” ao folk reinventado de “Dinner”, fechando com “Break into Heaven”, talvez a faixa mais post-punk, com vocal potente, guitarras e música eletrônica presentes em uma ótima música de encerramento a um álbum que se propõe a contar uma história.
O Artista
A jornada artística de Felipe Buarque enquanto The Self-Escape começou em 2018, ano em que iniciou produções de música alternativa com riffs de guitarra, sintetizadores pesados e uma voz barítona marcante.
Sua música leva os ouvintes a uma jornada por paisagens sonoras cinematográficas, que vão desde grooves sensuais até harmonias melancólicas e ritmos enérgicos.
Com mais de 3 milhões de streams em seus dois EPs e Mixtape, The Self-Escape já se apresentou em alguns estados brasileiros, tanto como atração de abertura quanto como curador de seu próprio evento, o Escape Sound.
Ouça o álbum na sua plataforma de streaming favorita e acompanhe as novidades do artista nas redes sociais.