No dia 27 de abril aconteceu no Espaço Inter, em Guarulhos (SP), o festival Blast Party, em comemoração ao aniversário do selo Blast Stage Records. A promessa de um festival composto por um lineup majoritariamente nacional, com duas bandas de fora, foi bem recebida pelo público, mas não entregou muito.
Mesmo com The Calling e Fresno no lineup, o espaço não chegou perto de lotar. O Blast Party foi a prova física de que, nem sempre, cobrar o que se quer acaba dando retorno e talvez uma casa menor faria mais sentido ao evento. Os prejudicados acabam sendo os fãs e as próprias bandas.
Muita pista premium para pouco público
Os shows começaram com cerca de 1h30 de atraso. Depois de The Seer e Verdan, às 16h45 a banda Plutão Já Foi Planeta entrou no palco (o grupo estava programado para 15h30), e fez um show de qualidade para uma pista quase vazia.
Impossível não notar a divisão da pista premium para a comum. A grade estava quase na metade do espaço, deixando um vão entre as poucas pessoas perto do palco e menos ainda na pista comum.
O motivo dos atrasos
Os shows começaram com atraso e a produção teve que cortar o setlist de todas as bandas, alguns não receberam isso nada bem. Foi o caso do Esteban Tavares, ex-Fresno, que fez um ótimo show intimista. O público precisou de incentivo do cantor, mas depois da 3ª música mostrou que tinha as letras nas pontas da língua.
O show infelizmente curto se encerrou em um clima ruim. Na última música, Esteban teve o som cortado e, claramente, incomodado, lançou o microfone no chão e saiu do palco.
Entramos em contato com a assessoria e produção do Blast Party para saber o motivo dos atrasos. A resposta foi:
“Os fornecedores de estrutura atrasaram a entrega que era para estar tudo montado antes do horário marcado para abertura. Tivemos que liberar a casa somente depois que a prefeitura liberasse, pela segurança do evento. Porém, todos os shows aconteceram”.
Depois da banda Replace, que fez um show bastante animado mas ainda curto, e que contou com participação da cantora MIA, Ananda entrou no palco por volta das 19h40, com uma recepção fria da maioria.
Apesar das guitarras e bateria, fiquei na dúvida se a sensação da internet deveria estar no festival. Mas antes que eu e o público pudéssemos ouvir mais do seu setlist pop romântico com influência de rock, ela recebeu a notícia de que teria que encurtar o show pela metade. “Poxa, vou ter que cortar meu setlist todo”, falou.
Para encerrar com mais animação, Ananda chamou o convidado da banda Supercombo, Léo Ramos, que levou o show para outro nível com sua presença de palco e animação.
The Calling
Sem aviso por parte da produção, a banda norte-americana de rock alternativo Sleeper Signal não tocou. Eles deveriam subir no palco às 19h30, antes do The Calling.
A plateia ficou um pouco mais cheia, mas ainda muito espaçosa. Foi quando a produção resolveu tirar a grade que separava a pista premium da pista comum para receber o The Calling, uma hora depois do programado.
Com muito carisma, energia e afinação ainda impecável, o cantor Alex Band tratou de transformar o Blast Party em um show grande, provando seu profissionalismo e dedicação aos fãs naquela noite.
Mesmo sendo um dos headlines, o projeto que estourou nos anos 2000 também não teve alternativa; teria seu setlist encurtado. Para não decepcionar os fãs, Band perguntou quais músicas o público queria ouvir. “For You” foi uma das solicitadas, mas não estava no setlist, o que não impediu o simpático vocalista de dar uma palhinha acapella.
Fresno e um show vazio para o Sleeper Signal
Com ansiedade do público chamando pela banda “P*t@ que o pariu, é a melhor banda do Brasil. Fresno!”. A Fresno entrou no palco com o clássico “Quebre As Correntes”. No setlist, poucas músicas do último disco “Eu Nunca Fui Embora”, mas sem decepção e desânimo de ninguém, todo mundo cantou e até pulou durante o curto show.
Já para o fim da noite, depois do vocalista Lucas Silveira agradecer a oportunidade de encerrar o festival, uma surpresa: a banda Sleeper Signal não tinha sido cancelada, mas sim movida, sem nenhum aviso, para o final do festival. A produção não foi capaz de fazer o anúncio em um microfone, entre os shows e o resultado foi um descaso completo não só com o público, mas com todas as bandas e, principalmente o Sleeper.
A banda teve que tocar para um público ainda menor, já que todo mundo havia ido embora depois do Fresno. Mas isso não abalou em nada o Sleeper, que fez o público se divertir com seu carisma.
No geral, quem foi para o Blast Party teve um sábado divertido, sem empurra empurra e com bandas que só tendem a continuar crescendo, mas com problemas na organização.