Nos dias 26, 27 e 28 de abril, o Memorial da América Latina foi tomado por headbangers e muita gente usando roupas pretas e visuais “trevosos”, afinal, o local recebia a segunda edição do Summer Breeze, festival alemão que estreou no Brasil em 2023. Mais acertando do que errando, escolher os melhores shows do Summer Breeze foi uma tarefa difícil, afinal foram 3 dias, 4 palcos e mais de 50 atrações.
>>Relembre aqui os melhores shows da primeira edição do Summer Breeze
Organização, erros e acertos
O festival teve uma ótima organização, banheiros limpos, bares e restaurante com pouca ou sem filas, ativações de marcas patrocinadoras e diversos estandes de marcas expondo produtos voltados ao público do festival, além de saber utilizar muito bem todos os espaços do Memorial, criando uma experiência para além da música e que agradou todos os fãs de rock, filmes de terror e tatuagens.
>>Lá no Instagram do Musicult, a gente fez um vlog mostrando todas as áreas do evento, confira aqui.
Mas nem tudo é 100% perfeito quando falamos de festival, além das reclamações prévias de fãs do Mercyful Fate, headliner do domingo, que destoava do restante do line up, o Summer pecou na passagem do público entre os palcos Hot e Ice, que ficavam um do lado do outro. O que evita atrasos nos horários dos shows, acabou deixando uma área muito pequena para o público, que se empurrou muito indo de um canto ao outro dos palcos.
Houve reclamação também a respeito da área destinada às pessoas com deficiência, por ser muito pequena e o acesso não ser tão simples assim, além de algo muito perceptível – e isso desde a primeira edição do evento – que é a falta de latas de lixo espalhadas pelo festival, o que leva muita gente a jogar copos e papeis no chão, acumulando lixo a cada dia de evento.
Os melhores shows do Summer Breeze 2024
Destaques da sexta-feira
1 – Electric mob
A banda de Curitiba se apresentou no palco waves e chamou bastante atenção do público por fazer um rock n’ roll muito autêntico, com um vocal muito potente de Renan Zonta, que foi semifinalista do programa The voice Brasil, e com um instrumental muito bem encaixado. Durante o show, Renan comentou que o setlist tinha sido feito especialmente para o festival, com músicas que o público pudesse interagir com a banda mesmo sem conhecê-la, e assim, com palmas, e muito “uô uô” da plateia, eles foram deixando suas músicas gravadas na cabeça do público, e com certeza ganharam novos fãs ao final da sua apresentação.
2 – Exodus
O Exodus tem uma trajetória incrível dentro do thrash metal, e na sexta feira foi a maior representante do gênero no festival e carregou esse posto com mestria, tocando diversos sucessos da sua carreira, começando com “bounded by blood”, a banda já começou com dois pés no peito e o público abriu grandes rodas ao longo de todo show.
O Exodus não é uma banda de muitos elementos além do essencial, a banda levou seus pedais analógicos e amplificadores válvulados pro palco e fez um autêntico show de rock, sem trilhas pré gravadas, sem muito auxílio de terceiros, um som bem real e clássico de thrash metal.
A banda ainda passou por outros sucessos na apresentação como “blacklist”, “piranha”, “brain dead” e “a lesson in violence” e fez um belíssimo show para os fãs brasileiros.
3 – Massacration
O Massacration fez no palco uma bela festa brasileira no palco do summer breeze, começando com uma introdução do programa sábadaço, de Gilberto Barros, a banda desfilou heavy metal e muitas piadas. Estrelas como “Max Caganeira”, Michael Jackson e Roberto Carlos fizeram participações em músicas, e a banda tocou clássicos de seus álbuns como “metal milkshake”, “The bull”, “metal land” e “metal milf” além disso, Detonator ainda anunciou que a banda vai lançar um álbum novo ainda esse ano e deixou todo mundo na expectativa do que o massacration trará de diferente em seu novo disco de heavy metal muitíssimo bem humorado.
4 – Mr. Big
O Mr. Big foi uma grata surpresa do dia. A banda não quis fazer apenas um show, e sim dar um espetáculo ao público. E foi um dos melhores shows do Summer Breeze, pois eles foram simplesmente impecáveis no palco, instrumentistas extremamente talentosos, e um vocalista que após tanto anos de banda está com a voz intacta, apresentaram um show de pop metal fantástico e nostálgico para os fãs, e pra quem não conhecia, um excelente cartão de visitas. Grandes Hits como “tô be with you”, “Wild world” e “Just Take my heart” levaram o público ao êxtase, e cantar muito alto no Memorial.
5 – Biohazard
O Biohazard fechou a noite no palco Sun, dividindo o público com o clássico gene Simons e sua banda, mas isso não intimidou os americanos do Brooklyn, que trouxeram muito público e equilibraram os palcos. Começaram o show com uma de suas melhores músicas, “urban discipline” e já se abriu uma grande roda na frente do palco. Os americanos são verdadeiros bad boys em cima do palco e pediam a cada música que o público abrisse mais rodas e pulasse a todo momento. E não era preciso nem pedir, o hardcore muito potente da banda não deixou uma pessoa sequer parada em frente ao palco.
Outro ponto interessante da apresentação, é que Billy Graziadei, guitarrista da banda tem uma excelente relação com o Brasil, disse ter família aqui e falou muito em português, o que foi muito legal e aproximou mais a banda do público. E assim, com todo esse clima favorável instaurado, o biohazard soltou hit atrás de hit de sua carreira, como “wrong side of the tracks”, “five blocos tô the subway” e ainda fecharam com os clássicos “punishment” e “hold my own”.
Destaques do sábado
6 – Lacuna Coil
O sábado foi o dia das mulheres no Summer Breeze e uma das bandas não headliners mais esperadas era o Lacuna Coil, que tinha vindo ao Brasil pela última vez antes da pandemia. Vestidos com o tradicional look preto e muita maquiagem (inclusive, uma maquiagem muito boa, já que mesmo com tanto suor, não derreteu ou saiu do rosto), o Lacuna sofreu com o calor excessivo que fazia na hora do show, às 15h50, destoando totalmente de músicas como “Trip to Darkness”.
Tocando seus maiores hits, o show do Lacuna poderia ter passado sem surpresas no setlist que a banda apresenta há anos, mas além de incluírem a nova versão de “Heaven is a Lie”, lançada no álbum de remixes, Swamped XX, a banda também tocou sua famosa versão do clássico do Depeche Mode, “Enjoy the Silence” e deu de presente aos fãs brasileiros o privilégio de ouvir “In the meantime”, novo single da banda, ao vivo pela primeira vez, já que a música foi lançada dia 19 de abril e a banda não havia feitos shows antes do Summer Breeze.
7 – Epica
Falar que o show do Epica é épico, além de ser um ótimo trocadilho, não é nenhuma mentira. Acompanhados de um coral enorme, já que o festival se encheu no horário do show da banda, os holandeses desfilaram seus maiores hits, como “Cry for the moon”, “Abyss of time” e “Sensorium” em um show cheio de pirotecnia e muito bem ensaiado, que terminou de forma leve exibindo um “Valeu, galera, até a próxima” no telão após tantas músicas trevosas.
A grande estrela da banda, Simone Simons, é uma diva carismática, que interage muito com o público, e dona de um dos vocais mais poderosos do rock. E pra completar, se uniu a Cristina Scabia, do Lacuna Coil, para cantarem juntas “Storm the Sorrow”.
8 – Within Temptation
Uma banda nunca é escolhida para ser headliner de um dia de festival à toa, né? E o Within Temptation provou mais uma vez o porque é um dos maiores nomes do metal sinfônico, com uma chuva de clássicos da banda e a presença hipnotizante da vocalista Sharon del Andel, que entrou com seu famoso corset metalizado coberto por uma bandeira do Brasil, que ficou ali nas duas primeiras músicas, “The Reckoning” e “Faster”.
Depois, Sharon tirou a bandeira do corpo, mas não deixou de levantar bandeiras durante o show, já que a da Ucrânia é levantada quando banda canta “Raise your banner”, após Sharon fazer um discurso pedindo o fim da guerra, e depois, alguém jogou uma bandeira dos direitos LGBTQIAPN+ no palco e Sharon deixou pendurada no microfone enquanto cantou “Entertain you”, dedicando a música a todos que se sentiram diferentes ou desajustados em algum momento.
Políticos, melódicos e donos de um dos melhores shows do Summer Breeze 2024, o Within Temptation terminou o show com “Mother Earth”, mas sem deixar de fora “In the middle of the night”, “Our solemn hour”, “Angels” e outros hits.
Destaques do domingo
9 – Ratos de Porão
Ratos de Porão tocou sob um sol fortíssimo, mas isso não abalou a banda, e nem o público que estava tímido no início do show debaixo das pequenas sombras que existiam nas laterais do palco, mas logo que o show começou não resistiu e tomou a frente do palco para abrir grandes rodas punk.
O Ratos fez o seu show de sempre, com um padrão altíssimo de excelência. A banda vem apresentando em suas últimas apresentações um setlist mesclando músicas de toda carreira, e no Summer Breeze ainda teve uma presença ilustre vendo o show de cima do palco, Dan lilker, do Anthrax acompanhou a apresentação da banda mostrando o quanto são respeitados por grandes nomes da música no mundo todo.
10 – John Wayne
A John Wayne subiu ao palco Waves ainda com o show do Ratos rolando no Sun, o que fez com que o início se desse com um público um pouco menor, mas que foi aumentando durante a apresentação. A John Wayne é um nome forte do metalcore no Brasil, e com a entrada de Guilherme Chaves no vocal, ganhou em versatilidade, pois o vocalista mescla guturais, berros e vocais limpos com uma habilidade impressionante. A banda mostrou trabalhos recentes, como “Midas” e “Abel”, e também voltou às origens com a clássica “Aliança”, e conseguiu agradar tanto os fãs antigos quanto os da nova fase.
Eles ainda fizeram um discreto anúncio de que nessa semana falariam sobre o lançamento de algo importante, e muitos fãs que estavam presentes cogitaram se tratar do DVD gravado na homenagem ao Fah, antigo vocalista da banda que faleceu.
11 – Killswitch engage
O Killswitch Engage era uma banda muito esperada no domingo do Summer Breeze, pois era a maior representante do metalcore no festival, e agraciou seus fãs com um belíssimo show. Inclusive, os fãs ficaram tão animados que havia uma roda até na pista reservada ao público de ingresso lounge e área de imprensa, algo inédito no festival até então.
Com um setlist bem versátil, mas focado no clássico “As daylight dies”, a banda apostou em clássicos como “My Curse” para abrir a apresentação e “The end of heartache” mais para o final, que também teve “Holy Diver” em homenagem a Ronnie James Dio, trazendo até o público que aguardava o Mercyful Fate para eles, num momento único.
12 – Anthrax
O Anthrax fechou o palco ice do Summer Breeze com chave de ouro. Em uma apresentação memorável, a banda subiu ao palco para trazer o autêntico thrash metal ao Brasil, e fez a alegria do público. Rodas punk gigantescas, stage dives, sinalizadores acesos e muita energia tomaram conta do público, enquanto a banda enfileirava hits da carreira.
O show foi aberto com a sequência “Among The living”, “Caught in a mosh” e “Madhouse”, e então deram suas primeiras palavras com o público. Nitidamente felizes e animados de estarem no Brasil, a banda interagiu bastante com o público e continuou com “Metal thrashing mad” e a animada “Efilnikufesin (NFL)”.
O show estava tão imersivo que era difícil ficar parado ou fazer anotações enquanto o vocalista Joey Belladona chamava o público a todo momento para acompanhar a banda e pular e cantar. Além de toda essa atmosfera especial, ver Dan lilker, que gravou o “Fistful of metal”, reunido com a banda novamente no palco foi muito especial para os fãs de formações clássicas da banda.
13 – Mercyful fate
O Mercyful Fate fechou o festival como maior nome e mais esperado pelo público do domingo, e a banda realmente fez por onde para estar em tal posição.
Ao final do show do Killswitch Engage, no mesmo palco, já foi estendida uma bandeira gigantesca da banda, escondendo a montagem do palco. Vale citar que o Mercyful Fate foi a única banda a investir num palco totalmente decorado e modificado para a apresentação, e isso deu um toque completamente especial ao show. Uma verdadeira igreja satânica foi levantada em uma hora para que o culto do Mercyful fosse feito. E quando a bandeira da banda desceu, revelando o palco e o show, não houve mais nada importante para o público.
King Diamond, aos 67 anos, ainda canta com uma sonoridade única e absurda, e a banda toda completa essa performance com maestria e o conjunto todo dessa obra fez o Mercyful Fate apresentar um dos melhores shows do Summer Breeze. E fica o destaque para as performances de “A corpse without soul”, “Melissa”, “Black Funeral” e “A Dangerous Meeting”
Quem assina: Letícia Pataquine e Fernando Florêncio. Fotos cedidas pela assessoria do Summer Breeze.
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