A tão aguardada primeira edição da I Wanna Be Tour começou no último fim de semana, e a primeira das 5 cidades a receber a turnê itinerante foi São Paulo, no Allianz Parque.
Dois palcos, 12 bandas e quase 50 mil pessoas fizeram do dia 2 de março uma tarde que marcou a vida dos emos brasileiros, já que a I Wanna Be Tour é o primeiro grande evento voltado exclusivamente ao emocore e suas vertentes no Brasil (e aqui eu uso “primeiro grande evento” porque a IWBT “furou a bolha” e trouxe apenas bandas do mainstream, mas não podemos esquecer que o Oxigênio Festival existe há anos e é um evento grande também, voltado ao punk, hardcore e emo, porém mais ligado ao underground), e trouxe logo em sua primeira edição bandas que voltavam ao Brasil depois de anos, como o Mayday Parade, nomes estreantes, como o The All-America Rejects, e 3 grandes nomes da cena nacional que movimentou a adolescência de quem hoje tem quase 30 anos: Pitty, NX Zero e Fresno.
E falando em Fresno… a primeira polêmica da IWBT foi justamente quando os fãs souberam que a banda, uma das primeiras em que pensamos quando falamos do movimento emo no Brasil, tocaria às 11h da manhã e com um set reduzido. Mas não teve choro que comovesse a organização a mudar Fresno de horário, mas isso a gente explica mais pra frente nessa resenha. Vamos primeiro de erros e acertos da primeira edição da IWBT.
Os erros e acertos da primeira edição da I Wanna Be Tour
Acertando em cheio logo na escalação do line up, mesmo antes do evento acontecer as redes sociais já tinham milhares de sugestões para uma segunda I Wanna Be Tour. E a EMOção causada pelo festival superou os problemas que o evento teve em sua organização.
Quem acordou cedo no sábado para ver Fresno, encontrou às 10h, horário de abertura dos portões, uma fila gigantesca e os relatos de quem estava lá era de que houve confusão, tumulto, mistura de filas de setores diferentes e uma demora absurda, o que impediu que algumas pessoas vissem a primeira atração.
Já dentro do estádio, até o show do Mayday Parade ainda era fácil sair da pista premium e ir comprar bebida ou algo para comer, porém, já no show de Pitty, quarta atração do dia, as saídas e entradas do setor ficaram cada vez mais cheias. Além disso, havia poucas opções de alimentação – com os alimentos esgotando e tendo que ser repostos a todo momento – e grandes filas para os banheiros.
Apesar do Allianz Parque ser um ótimo estádio para shows em termos de visão do palco – tanto que será o local do Knotfest 2024 também -, muita gente criticou a escolha. Mas os pontos levantados como “perrengues” no evento, também foram citados por quem foi ao show do dia seguinte, no Couto Pereira, em Curitiba, então não foi algo exclusivo de São Paulo.
Por outro lado, é impossível não parabenizar a organização dos dois palcos, o que evitou atrasos nos horários dos shows. Quem vai embora de metrô, agradece!
Agora vamos ao que interessa… os shows
Comoção pela Fresno e Plain White T’s prejudicado
Como dito, Fresno foi anunciada como a primeira banda, o que gerou revolta em quem acompanha a banda e toda sua importância para o emocore – inclusive assumindo ser emo quando era modinha odiar (e ter vergonha de ser) emo -, mas no fim das contas, Fresno abrindo o festival foi a escolha certa, já que a banda tem fãs fieis que encheram o Allianz às 11h da manhã, embaixo de sol e em pleno sábado, e levaram até balões para aproveitar a estreia da música “Eu nunca fui embora”, single mais recente do grupo.
O mesmo não aconteceria se Plain White T’s fosse a banda de abertura, já que o show do quarteto empolgou, mas nem tanto, mesmo quando a clássica “Hey There, Delilah” foi tocada em parceria com a cantora Day Limns. Ainda assim, o show teve um momento surpreendente, quando o vocalista anunciou que eles tocariam “Natural Disaster”, música que ficava de fora do set desde 2016, por não ter emplacado lá fora, mas ser uma das favoritas dos fãs brasileiros.
Mas ter ficado entre Fresno e Mayday Parade tirou boa parte do público do Plain White T’s. No fim do show, muita gente já tinha migrado para o palco ao lado pra poder cantar a plenos pulmões “Jamie All Over”, “Miserable at Best” e tantos outros hits da banda de Derek Sanders, que tocou descalço, pulando muito e passando mensagens de positividade e gratidão durante o show… quase um Teco Martins do Rancore.
O fenômeno Pitty, som baixo em Asking Alexandria e o show mais romântico do festival
Pós-Mayday Parade, a próxima atração foi Pitty e apesar da cantora não se enquadrar no movimento emo, se enganou quem achou que ela não levaria uma multidão ao palco “It’s a lifestyle”, muito pelo contrário, Pitty provou que é um acontecimento e foi o único show em que se ouvia mais as vozes do público do que a voz da cantora.
E olha que o som da banda da rockeira nem estava baixo, como foi o caso de Asking Alexandria, banda que tocou no mesmo palco que Pitty e que recebeu esse tipo de reclamação do público, além da falta de carisma do vocalista.,
Mas entre Pitty e Asking, o Boys Like Girls se apresentou no “It’s not a phase” e com um visual exótico, que mais lembrava um cantor country, e um braço quebrado, Martin, vocalista da banda, embalou os casais que estavam na plateia do show, tocando inclusive o feat com Taylor Swift, “Two is better than one”.
The Used com pose de headliner, a volta do All Time Low e a estreia do American Rejects
Até esse momento, todos os shows da IWBT tinham sido “ok” ou “bons”, mas quando The Used subiu ao palco, a régua subiu e foi para “shows ótimos”.
Sim, acho que ninguém, nem o The Used e nem os fãs do The Used estavam preparados para a catarse que foi a apresentação da banda, que emendou um hit atrás do outro, mostrou o dedo do meio inúmeras vezes como forma de carinho e ainda surpreendeu os fãs. Se lá fora, teve The Used e My Chemical Romance tocando David Bowie, aqui tivemos The Used e Lucas Silveira (Fresno) tocando Nirvana, logo depois do músico brasileiro cantar “A box full of sharp objects” com a banda.
Saindo suados e cansados do show do The Used, ainda rolou o esperado reencontro do público brasileiro com o All Time Low, banda que veio ao Brasil inúmeras vezes, mas que sempre emociona como se fosse a primeira vez.
E falando em primeira vez, essa que vos fala esperou a vida toda pelo show seguinte: American Rejects. A banda estreou finalmente no nosso país e não podia ter sido de forma melhor: tocando os maiores hits da carreira e com Tyson Ritter, vocalista do AAR, totalmente descontrolado de emoção e fazendo várias piadas e comentários durante o show, tentando até aprender português para anunciar a faixa “tujo pequeño secret” (dirty little secret), mostrando não ter entendido como se pronunciava “sujo” e enfiando um espanhol ali no meio do título. Adoramos mesmo assim.
Nx aumenta vontade de um retorno definitivo, ADTR quebra tudo e Simple Plan dá aula de como tratar os fãs
Caminhando para o fim, as três últimas bandas do festival foram NX Zero, A Day To Remember e Simple Plan, duas delas já tendo feito um sideshow no dia anterior à primeira edição da I Wanna Be Tour.
NX, depois de lotar duas noites seguidas no Allianz com a turnê “Cedo ou Tarde”, voltou ao estádio para a tour “Um pouco mais”, uma extensão da reunião da banda para a IWBT, o que só aumentou a vontade do público de que a banda volte pra ficar.
Na sequência foi a vez do A Day to Remember deixar sua marca na I Wanna Be Tour, começando o show com o famoso “dererere” dos emos, na introdução de “Downfall of us all” e quebrar tudo com um setlist que passou por diferentes álbuns da banda. Sendo ainda melhor do que o último show que o ADTR fez no Brasil, no Lollapalooza de 2022, a banda entreteu não só pelo som, mas com outros elementos como a chuva de rolos de papel higiênico em “Degenerates”, chuva de papel picado, balões e alguém vestido de Mario e lançando camisetas da banda para o público.
E fechando a primeira edição da I Wanna Be Tour, o Simple Plan também levou muitos elementos pra entreter o público durante o show – participação especial da cantora Air Yel e de Di Ferrero, covers de Avril Lavigne, The Killers, Smash Mouth e Mamonas Assassinas (!!!), chuva de papel picado, fogos de artifício, fãs vestidos de Scooby Doo… – e fez uma apresentação parecida com a do sideshow no dia 1º, deixando, é claro, algumas faixas de fora, como “Untlited” e “Gone too soon”.
Dando uma aula de carisma e de como tratar os fãs brasileiros – o show parou para ajudar uma menina que passou mal e Chuck se jogou no público vestindo a camisa da seleção brasileira -, os canadenses mostraram porque mereciam ser os headliners e apesar de pedirem desculpas por “não conseguirem ser perfeitos” na faixa que encerra o show, a sensação que ficou é que foi tudo impecável.
Agora, a I Wanna Be Tour segue amanhã em Recife e termina no próximo fim de semana em Porto Alegre e no Rio de Janeiro, mas o que a gente quer saber mesmo é quando teremos o anúncio da segunda edição da maior festa dos, como disse Lucas Silveira, “emos velhos” do Brasil.
Que resenha maravilha Lets, me arrepiei lendo e lembrando de tudo o que esse festival nos proporcionou.
Muito obrigada, foi lindo mesmo!!
Oieee, eu sou a “menina que passou mal”, eternamente grata ao Simple Plan de LONGE a melhor banda do mundo
eles são uns queridos!! E que bom que está bem e veio conferir nossa resenha!